Eu não sou qualquer garoto.

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"Toda história começa com uma memória." - Memórias de Alhambra.

Estava a caminho do colégio, e já não aguentava mais esperar para poder chegar e tentar conversar algo com Melinda. Nunca estive tão interessado em uma garota, como estou por ela, fico me sentindo um pouco bobo, por estar tão caidinho por ela. Eu posso notar que ela tenta se afastar, mas, não quero permitir isso. Ela deve ter seus medos, mas, estou disposto a lutar, estou disposto a conquistá-la.

Quando chego, primeira coisa que faço é ficar no corredor da nossa sala, já que a dela era ao lado, provavelmente, ela passaria por ali em algum momento. Meus novos amigos chegam logo depois e vão até mim, já me abraçando.

- E aí, garotão! Por que está em pé? – pergunta Lucas.

Fico um pouco sem jeito, mas se eu quisesse mesmo que rolasse uma amizade sincera, eu tinha de contar a verdade, me abrir mais. – Estou esperando a Melinda chegar. – digo. Os meninos riem logo em seguida.

- Hum... Tá gamadão na princesinha da turma D! – acusa Hugo, rindo.

- Completamente apaixonado... – diz Lucas, como se isso fosse algo ruim.

- Vocês são chatos, o que tem ele gostar dela? – Márcio me defende.

- Nada. Só que ela é um pouco complicada, e não sei se vai querer algo sério com alguém depois do que aconteceu com ela – fala Lucas.

- Estou disposto a assumir o risco. – falo convicto.

- Mesmo que você saia machucado no processo? – pergunta Hugo.

Suspiro. Não vou negar, seria triste se ela não gostasse de mim, mas... Estou disposto a tentar, seja lá qual for o resultado, seja lá o quanto isso possa me machucar.

- Sim, mesmo que eu possa me machucar, eu ainda vou tentar. Nunca estive tão afim assim de uma garota antes, então, preciso tentar. – falo e sorrio.

Eles riem de mim. – Nossa você é muito fofo! Se eu fosse menina, não iria te recusar. – diz Lucas, e caímos em uma risada ainda mais alta.

Depois de alguns minutos, Melinda chega com suas amigas, todas sorriem e nos cumprimentam. Isa e Verônica caminham para frente, com meus amigos, eles estavam um pouco distantes, só restava nós dois ali. Era meu momento.

- Oi. – digo novamente.

Ela sorri. – Oi.

- Estava pensando... Você quer sair comigo, hoje? – pergunto, um tanto sem jeito e morrendo de medo de vir uma resposta negativa.

Ela arregala os olhos e hesita antes de responder. – Você... Está interessado em mim? – ela pergunta. Fico sem reação no momento, eu não esperava que ela fosse tão direta assim.

- Sim. Eu te acho linda antes mesmo de você notar a minha existência. Eu estou realmente interessado em você. – respondo, com toda a sinceridade do meu coração, mas por dentro, estava morrendo de vergonha.

- Desculpa. Eu não estou interessada em ficar com nenhum garoto nesse momento. – é o que ela responde.

- Posso perguntar o motivo? – tento.

Ela me olha confusa, acho que não esperava que eu perguntasse o motivo da rejeição.

- Garotos não prestam, estou cansada deles.

Sorrio de lado. – Não é bom generalizar todos, pelo erro de um. Nem todos são assim.

Ela ri. – Ah claro, então, você é diferente? É o que todos dizem no inicio. – ela responde com frieza e irritação.

- Desculpa, não foi minha intenção te irritar. Eu só quero dizer que... Eu não sou qualquer garoto. E eu entendo que você precisa de um tempo, eu posso esperar, podemos ser amigos por enquanto, sem nenhuma pressão. Talvez com o tempo, você perceba como eu sou de verdade e goste de mim. – digo, com cuidado.

Ela vira os olhos, dava para notar sua irritação. Eu realmente não queria irritá-la, mas eu não sabia o motivo de tudo o que eu falo, irritá-la tanto. – Não preciso de uma amizade com segundas intenções, você pode ser meu "amigo", mas sempre vai querer algo mais. Isso não é amizade de verdade. E olha, já estou cansada, eu não quero ficar com você, e nem com nenhum outro rapaz. – é o que ela diz.

- Desculpa... Acho que você está me interpretando errado. Eu realmente vou ser seu amigo, se quiser ter algo comigo com o tempo, ótimo, mas se não, eu vou entender. Não passarei dos limites se você não permitir. Confia em mim. Eu só quero que você seja você, mesmo estando ao meu lado. Também não quero uma amizade falsa. – tento corrigir a situação, mas como convencê-la de que sou realmente diferente dos restantes dos caras?

- Você está sendo chato.

- Você está me julgando pelo fato de eu ser um homem.

Ela cruza os braços. – Olha, tudo bem. Podemos tentar ser amigos, mas fora isso, esquece. Só vou tentar ser sua amiga, porque você gosta da cultura geek, então, não deve ser de todo ruim. – ela diz.

Sorrio. – Tudo bem. Podemos sair como amigos hoje? Durante a tarde?

- Como amigos. Não se esqueça disso. – ela diz.

- Pode deixar. Obrigado pelo voto de confiança.

- Para de ser tão educado, isso irrita.

Fico sem entender, mas sorrio. – Desculpa, mas fui criado para ser educado com as pessoas.

Ela ri. – Você se acha... Ou é só uma figura mesmo?

- Desculpa... Não quis soar convencido.

Ela continua rindo, e pega na minha mão. – Por favor, para de me pedir desculpas por tudo. Eu que estou te criticando, eu deveria me desculpar. Mas não vou, então, você deveria fazer o mesmo que eu. Ok?

- Acho que não consigo ser mal educado.

- Tudo bem, seja só você então. E eu serei apenas eu. – ela diz e ri. Logo em seguida, nossos amigos voltam para onde estávamos. – O que está rolando entre vocês dois? – pergunta uma amiga dela, a Isa.

- Somos amigos, parem de bobeira. – responde Melinda, rapidamente. Como se tivesse medo de que as amigas pudessem envergonhá-la.

Os meninos dão uma risadinha de deboche e fico sem jeito. O sinal toca, e isso é bom e ruim ao mesmo tempo. Despedimos-nos e cada um entra em sua sala. Eu sabia que ela não queria nada comigo, apesar de notar alguns olhares diferentes direcionados a mim, mas eu não queria assustá-la e eu devia respeitar sua decisão, mesmo que isso me deixe triste. Eu não tentaria nada com ela, a não ser que eu percebesse sentimentos sendo retribuídos. Eu realmente espero poder tocar seu coração, de tal modo, que ela se confesse e diga que sente as mesmas coisas que eu, claro, algum dia...

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