• Trabalho a tarde (pt1)

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P.O.V S/n

Assim que chegamos em casa, Dahyun foi para seu quarto, alegando que precisava tomar um banho e estudar sobre Émile Durkheim e Karl Marx. "Boa sorte, tampinha", foi o que eu pensei quando Dahyun terminou a frase, a feição tranquila e sem nenhum pingo de preocupação da minha irmã me deixou um tanto mais animada. Tenho pena se ela acha que vai ser tão fácil assim.

Após um breve aceno e ver a mais nova ir até o andar de cima, eu corri para o banheiro que ficava ao lado do quarto dos meus avós, onde estava uma pequena caixa de primeiros socorros. Tentei fazer tudo o mais rápido possível, sem muita bagunça e lembrando perfeitamente o lugar de que cada remédio, algodão, comprimido, faixa, curativo e outros mais. Quando terminei de cuidar do meu nariz, enrolei a gaze ensanguentada com papel higiênico e enfiei bem no fundo da lata de lixo, propositalmente para que ninguém visse.

Após cuidar do machucado, limpei as manchas de sangue que restaram nas minhas mãos e o sangue que havia pingado no chão e na pia. Em seguida, notando que meu nariz estava inchado, coloquei um curativo transparente o mais apertado que eu podia suportar, a fim de diminuir o edema e cobrir o vermelhidão da área.

Vendo que já voltava a parecer normal, na medida do possível, chequei o cômodo mais uma vez e suspirei aliviada, estava tudo limpo, como se eu nem tivesse entrado ali. Deixei o banheiro alternando o olhar pelo corredor, pensado se talvez minha avó aparecia no meu campo de visão, porém apenas o vazio me recebeu na porta.

Segui calmamente até a cozinha enquanto tentava parecer mais "comum" possível, pois caso minha avó estivesse na cozinha, ela não suspeitasse de nada. Adentrei o cômodo pronta para pegar alguma fruta, cumprimentar minha avó, ir para o meu quarto e voltar até onde a idosa estaria, iniciando uma conversa e fingindo que era mais um dia como outro qualquer, o que obviamente não tinha sido.

Olhei entre as quatro paredes e encontrei apenas a minha presença, então direcionei o olhar até a janela, a procura da idosa no quintal dos fundos. Novamente ninguém. Estranhei não achar a mulher em casa, até porque, supostamente, ela estaria sozinha em casa pela manhã e tarde. Voltando ao meu plano principal, fui atrás de uma fruta ou qualquer coisa comestível para forrar o estômago, mas quando passava enfrente a geladeira, reparei em um bilhetinho amarelo colado na porta.

"Fui ao mercado comprar algumas verduras para fazer a almoço e o jantar. Hanguk já foi para a lanchonete. Chego daqui a pouco, amo vocês!

Ass: Vovó."


Sorri ao ler o pedacinho de papel. Quando minha vó queria, ela até conseguia ser uma senhora amável e fofa, apesar de ser o completo oposto da sua personalidade forte.

- Dahyun! - gritei, após jogar o papel no lixo.

- Que? - Dahyun desceu as escadas, com uma toalha no ombro e vestindo apenas a calça do uniforme e um sutiã de cor roxa.

- A vó foi no mercado, mas volta daqui a pouco - digo abrindo a geladeira e pegando uma jarra de suco, também uma maçã que estava na fruteira encima da ilha.

- Beleza, ela falou se iria trazer alguma coisa para mim? - indagou sugestiva.

- Não, mas se falasse, você teria que dividir comigo - sorri sarcástica, fazendo a mais nova revirar os olhos.

- Mas isso vai acabar logo, logo - ela sorriu em deboche, também pegando uma maçã na fruteira - Quando você vai sair de casa, hein?

- Que irmãzinha doce e amorosa você é, não? - retruquei no mesmo tom que a mais nova.

- Você sabe que estou brincando, mas me diga qual é o plano? Aliás, já é o seu último ano - Dahyun comentou, se encostando no batente da porta.

- Assim que eu me inscrever naquela faculdade de veterinária que te falei, ou, caso eu não seja aceita, começar algum curso profissional, vou procurar algum apartamento ou uma pensão no centro. Acho que já está na hora de traçar meu próprio caminho, graças aos nossos avós e a herança que a mãe deixou, tenho dinheiro suficiente para me profissionalizar em algo - confessei a garota de fios azuis. Eu queria que ela percebesse meu amadurecimento e, quem sabe, se espelhasse em mim talvez.

Lanchonete dos Kim's | Imagine JihyoOnde histórias criam vida. Descubra agora