• Coisas que eu não sabia •

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As aulas se passaram de forma lenta e tediosa, e, aparentemente, minha melhor amiga decidiu matar as aulas para "conversar e se acertar" com Jeongyeon, e me avisou, por mensagem, que só iria voltar para me levar de volta para casa. E se eu a ameacei de estrangulamento? Talvez.

Enquanto terminava de guardar meus materiais e observava os outros alunos irem embora, correndo feito animais desesperados, as meninas começaram a conversar.

- Céus, eu não sinto mais as minhas mãos - dramaticamente, Sana se debruçou sobre a carteira e ergueu os pulsos para cima.

- Esse professor acha que dá aulas para o que? Uma sala de copiadoras? - Mina reclamou.

- Eu não quero mais saber sobre mitológia grega por um bom, bom tempo - coloquei a mochila nas costas e me levantei, encostando o quadril na mesa, a fim de esperar as três.

- Parece que alguém aproveitou bem a aula, não é, Hirai? - Mina, indignada, jogou a mochila com força em cima da carteira de Momo, a acordando do seu provável quinto sonho.

- Acordei! - a japonesa pulou na cadeira, acordando no susto. O cabelo jogado pelo rosto e o fino filete de saliva que escorria do seu queixo entregou o quão dedicada Momo estava para as aulas de história e biologia.

- Só pode ser brincadeira... - Sana negou, massageando a têmpora.

- Você, pelo menos, prestou atenção no começo da aula? - eu perguntei incrédula, recebendo uma risada debochada em seguida.

- Por que? Eu sou linda, não preciso estudar até minha saúde mental ir parar no bueiro com o Pennywise - ela respondeu na hora, se espreguiçando e começando a guardar seus pertences.

- Eu não acredito no que eu ouvi... - Sana murmurou, acertando um leve tapa na própria testa.

- Era o que me faltava... Vamos logo embora antes que a Momo volte a dormir, certo, Mina? - não obtendo uma resposta, olhei em direção a garota e a peguei admirando Chaeyoung de longe - Mina?

Certos segundos se passaram até que a japonesa, finalmente, acordasse do seu transe e percebesse nossos olhares em sua direção.

- Oi? - Sharon se virou rapidamente após perceber o silêncio, a expressão nervosa e orelhas vermelhas terminaram de entregar quais eram os pensamentos da garota.

- Pega no flagra, gata - Momo zombou, cruzando os braços acima da carteira.

- Babando nela, Minari? - Sana negou, cruzando os braços em repreensão.

Sana e Momo forçavam expressões de deboche e desgosto, mas eram apenas para deixar a outra amiga japonesa mais envergonhada ainda. Tenho certeza que um sorriso seria o suficiente para desencadear gargalhadas altas e com sons totalmente desconhecidos em ambas.

- O que? Eu não estava "babando" na Chaeyoung! - Mina retrucou, seu rosto corado e sua fala apenas pioraram sua situação.

Abaixei a cabeça na mesma hora, me segurando para não rir da óbvia provocação que as crianças fizeram para implicar com Mina. Desviei o olhar em direção a tal duplinha e peguei o exato momento em que Momo e Sana se entreolharam com sorrisos sacanas e olhares cúmplices. Sim, aquela expressão que muitas pessoas já tiveram ou que ainda tem que cuidar de crianças sabem.

- Não lembro da Sana citar nomes... - Momo logo respondeu, o maxilar quase trincado de tanto segurar a gargalhada a risada. Mina adquiriu um tom ainda mais rubro no rosto, tão vermelho quanto os batons que Nayeon usava quanto sua autoestima estava em seu ápice, ou tão vermelhos quanto as rosas que Chaeyoung pintava nas aulas de artes ou em seu tempo livre.

Lanchonete dos Kim's | Imagine JihyoOnde histórias criam vida. Descubra agora