° Gazebo °

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~ Notas do autor:

Bom, eu n gosto de incomodar a leitura de vcs, mas achei que seria interessante adicionar uma pequena recomendação para vcs sentirem a vibe do capítulo e DA CENA.
Então, caso queiram, quando virem esses "sinais": ¹ e ², peço que voltem ao início e escutem tais músicas.

¹ La Mer - Charles Trenet: https://youtu.be/7pily1yhoPU

² La vie en rose - Louis Armstrong: https://youtu.be/OXAN-0fKse0

É isso, novamente me desculpem. Tenham uma boa leitura agora, tchau ♡
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Minha cabeça parecia martelar com toda aquela barulheira insuportável. A música, os gritos, os tremores, tudo aquilo ficou dez vezes pior depois que aquele infeliz começou a cuspir suas imundícies, assim como toda vez que me via, desde que éramos crianças. Ele simplesmente apareceu na minha vida para me infernizar.

Abri a primeira porta que vi com certa brutalidade, acabando por assustar um casal que se devorava ali do lado mesmo. Atravessei o que deveria ser a saída dos fundos, pois dei de cara com um extenso quintal muito bem decorado e, estranhamente, vazio. Se aquela área era ou não permitida, eu mal me importei, só queria me afastar de toda a algazarra que acontecia lá dentro e esfriar a cabeça antes que explodisse.

Enquanto procurava por um lugar mais calmo e bem longe daquela zorra, avistei um gazebo de madeira com uma aparência bem desgastada e mal iluminada por uma única lamparina, também muito velha. Me aproximei o suficiente para o adentrar, aproveitei para tirar um pouco das folhas e poeira que se reuniam no centro da construção, desfrutando da área "limpa" para deitar as costas ali e ficar olhando para as tábuas velhas e manchadas que lhe serviam como teto. Inspirei bem fundo e me concentrei em acalmar meu temperamento.

Eu deveria ter ficado em casa... Se tivesse confiado no meu pressentimento e instinto não teria encontrado aquele desgraçado e agora, eu tenho plena certeza que ele já contou tudo e mais um pouco para Jihyo. Como vou olhá-la sem saber das coisas absurdas que Jackson pode ter contado a ela?

Porra. Porra. Porra. Porra. Porra. Porra. Porra. Porra. Porra. Porra. Porra. Porra. PORRA!!

Estávamos tão bem, nossas conversas eram incríveis, nossas trocas de olhares eram tão intensas e causavam sensações diferentes em mim, mas ainda sim muito boas, e sem contar que só a presença da garota fazia toda a diferença onde quer que eu estivesse. Jackson Wang, seu maldito... Logo com a pessoa mais interessante que eu já havia conhecido, você teve que intrometer esse teu ego elevado e sua impiedosa mania de azucrinar minha vida nela, não é?
Na verdade, você sempre fez isso. Sempre que eu conhecia alguém "legal", você aparecia e ferrava com tudo, e para a minha sorte, seu plano sempre funcionava, funcionou até mesmo com Yuju... Com Jihyo não seria diferente também.
Qual era a intenção dele afinal? Me ridicularizar até que eu me sentisse um tipo de deformidade? Uma aberração da natureza e que nem a medicina pode explicar? Algum tipo monstro? Pois então, sinta-se satisfeito, finalmente conseguiu o que queria.

A propósito, quem eu quero enganar? Sequer consigo me expressar como uma pessoa normal, nunca consegui, nem mesmo consigo me abrir com o meu avô, o homem que me criou da forma mais amorosa e gentil possível, pois tenho medo de deixá-lo decepcionado e acabar falhando miseravelmente nessa bobagem que eu chamo de sonho. Me dói tanto ver ele feliz e orgulhoso de uma mentira, realmente achando que eu quero herdar a lanchonete e começar a seguir o mesmo caminho que o seu, o mesmo sonho que o seu.
Céus... Eu sequer imagino o quão triste ele ficaria se descobrisse a verdade. Desde o começo da lanchonete, ele esperava que eu seguisse consigo, acompanhasse seus primeiros e últimos passos, me inspirasse em todo o seu esforço e tivesse tanto orgulho quanto ele mesmo tinha da lanchonete.

Lanchonete dos Kim's | Imagine JihyoOnde histórias criam vida. Descubra agora