É impossível não amar meu emprego: atirar em alguém e assisti-lo morrer de forma agonizante faz valer meu dia. Sou o que chamam de matador de aluguel, mas, diferentemente dos outros, trabalho para uma única empresa. Faz mais de quarenta anos que mato para viver. Minha familia pensa que sou algum tipo de empresário que vive viajando. Com o que ganho guardei o suficiente e consegui garantir para todos os meus netos e seus futuros filhos uma vida sem trabalho e de puro conforto.
Minha carreira como assassino profissional começou cedo. Não sei ao certo se na empresa para a qual trabalho existem outros que fazem o mesmo que eu, mas provavelmente sim. É algo lindo e reconfortante tirar dos outros a única coisa que apenas ganha valor quando se está prestes a perder.
Meus patrões atacam pessoas que podem prejudicá-los de alguma forma. Funciona assim: primeiro mandam uma linda foto de toda a família do alvo amarrada em um poste com um cara mascarado segurando uma faca na mão. A foto vai em um envelope acompanhado por uma carta na qual há detalhes do que o alvo deve fazer para garantir que sua familia sobreviva. O mais interessante disso tudo é que o alvo não sabe que sua família já está morta. A empresa é rígida - logo após o alvo fazer o que determina a carta, eu devo entrar em ação. Sempre sou muito bem notificado, detalham minuciosamente os motivos de o alvo ter de morrer. Eles acham que se eu não souber corro o risco de sentir pena e não fazer o serviço. Mas como amo o que faço nunca leio os detalhes e os motivos. Apenas elimino aquele que deve morrer.
Acho perfeita a ideia de executar todos os que são próximos do alvo. Para ser sincero, queria poder participar da matança completa. Mas acho que seria um tanto demais. Devo deixar de ser egoísta e dividir esse prazer com meus colegas de trabalho.
Em uma das minhas viagens encontrei um dos meus patrões. Ele era sério e quase nunca sorria. O nosso encontro foi por acaso. Na verdade, só fiquei sabendo quem era porque ele próprio já me conhecia. Convidou-me para uma festa e lá me contou muitas coisas interessantes sobre os alvos. Descobri também que era ele quem escrevia os detalhes e os motivos pelos quais as pessoas deveriam morrer.
Ele estava bêbado e me ofereci para deixá-lo em casa. Saí de lá com um novo amigo que partilhava dos mesmos interessei que eu.
Dizem que a ignorância é uma bênção. Eu nunca acreditei nisso. Minha vida não me permitia acreditar. No entanto, após receber uma carta dizendo que eu deveria me matar, comecei a entender que conhecer mais a fundo meu patrão não havia sido uma boa ideia. Morrer não era um problema comparado ao fato de eu receber, com a carta, uma foto de toda a minha família amarrada a um poste. No verso da foto, os dizeres martelavam minha cabeça com a vontade de nunca ter aprendi do a ler. "Tire sua própria vida e sua linda família irá sobreviver"
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O Livro Maldito
HorrorCreepypastas Macabras e Contos de Terror. ⚠️ALERTA⚠️ Este livro é um tanto diferente. São mais de 70 histórias curtas de terror que vão do sobrenatural até coisas terríveis que os ser humanos podem fazer. E quando eu digo terrível explica quero dize...