CAPÍTULO 35

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10 anos atrás

- Pedro, ele morreu e nós não sabemos o motivo, eu não sei o que fazer, eu estou perdido, não sei o que pensar, a pior coisa foi ver ele sendo enterrado, eu não sei como vou criar as crianças, não sei como vou dar assistência a dona Dulce, ele era meu norte, meu tudo.


Eduardo desabafa, enquanto estava encolhido perto da cama que agora era só dele, porque não teria mais a companhia do outro. Depois de horas em um cemitério, enterrando o amor da sua vida, ele se sentia doente, fraco, vulnerável.

- Não consigo mensurar sua perda meu amigo, é seu direto se sentir assim, eu vou está aqui por vocês.

Eduardo estava entorpecido, tudo o que se sabia naquele momento foi que Arturo foi assassinado a sangue frio e até o determinado momento culpados não foram encontrados, mesmo, fazendo parte da PF, e com toda a mobilização as coisas pareciam complicadas.

- Eu não quero ficar aqui, em todos os lugares tem ele, eu não quero lembranças, eu o quero - soluçou - o quero vivo, para me ajudar a criar nossos filhos - soluçou novamente enquanto chorava - E..e..eu.

Não conseguiu completar o pensamento devido a intensidade do choro, Pedro, sentia muito por tudo aqui, foi uma história interrompida, uma família fragmentada.

- Vamos nos reestabelecer, mas isso não quer dizer que vamos esquece-lo, mas o Brasil, não é mais o lugar de vocês.

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Dias atuais

Alexander foi o primeiro a perceber a presença da mãe e riu para ela que devolveu a expressão.

Do ponto de vista de Alexander, aquele momento simbolizou muito para ele, aquela aproximação, entre a família de Eduardo e a sua, dizia para si que era algo bom, sentia profundamente que devia ajuda-los, tinha uma forte presença familiar, cresceu sendo amando e tendo referenciais, naquele curto tempo que os conheceu percebeu que o luto ainda se fazia presente, embora não soubesse de fato de todos os acontecimentos. De fato, era muito reservado, com poucos amigos, não era muito adepto a essas convenções sociais, como festas, bares, pubs, entre outros, com quarenta anos, era um homem maduro que criava o filho e matinha uma empresa com milhares de funcionários, sabia ser responsável pelo presente e e futuro de muitas pessoas ali, não eram unicamente as pessoas que o enriquecia, eram pessoas, com história, família e alma.

Desde que nasceu é privilegiado, homem, hétero, branco e rico, nunca sofreu nenhuma discriminação, frequentou as melhores escolas e universidades, tinha muita experiência e isso não fez um ser humano ruim, as oportunidades de fato o fez bom. Não conhecia, Eduardo o suficiente e nem seus filhos, embora pegasse no pé da mãe por abordar a todos com essas questões de auras, algo em si também o condicionava a se aproximar das pessoas por isso, e Eduardo foi um desses, no entanto nunca assumiria isso a ninguém jamais, não que se envergonhasse, jamais! mas era algo seu, se um dia se sentir a vontade em falar a alguém falaria, mas naquele momento para si bastava.

Alexander, era um belo homem, sempre chamou atenção, isso o dava muitas vezes facilidade para se relacionar, na sua juventude de fato se utilizou disso, mas com o amadurecimento apenas queria praticidade e alivio. Em relação a sexualidade do outro, não estranhou essa fato, pensava que não havia mais tempo, necessidade e direito, de está se pondo contra isso, quem era ele? perguntava a si, quem acha que tem o poder de questionar o outro pela sua sexualidade? não vivia na heteronartividade, era adoecedor o fardo, não queria reproduzir a cultura patriarcal machista, muito menos queria ser esse tipo de exemplo para o filho quem futuramente estaria a frente de sua empresa, inserido no meio social, nas convenções sociais.

SEMPRE FOI VOCÊ - ROMANCE GAYOnde histórias criam vida. Descubra agora