Capítulo 4

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— Como estão as coisas lá na escola, aquela professora ainda esta te perseguindo?

Disse com uma prova na mão. 

Depois de terem alimentado as crianças, passaram um tempinho com elas, pediram pizza, já que o mais novo não quis cozinhar e agora depois dos meninos terem dormido, Arturo estava sentado no sofá com o óculos de grau que usava para leitura e Eduardo se encontrava sentado no chão com vários papeis sobre o pequeno centro.

— Acredita que em uma reunião com a diretora, ela se queixou do barulho dos meus alunos, dizendo que tirava a concentração dos dela da aula.

Disse demonstrando cansaço e insatisfação.

— Mas porque tava barulho? 

Perguntou calmo.

— É história Turo, tem que ter alusão, senão fica desgastante, ou você usa a criatividade ou fica pra trás. Eu decidi fazer alusão á a descoberta do Brasil e deixei com eles encenarem da forma que achassem melhor, mas dentro do contexto estudado, ai já sabe vários pré - adolescentes juntos.

Falava e corrigia com uma facilidade que admirava o outro, sabia que seu amigo era um ótimo profissional. Até porque a forma como se conheceram demonstra isso, costumava chamar o amigo de nerd descolado.

— Eu não tenho nenhum conhecimento sobre didática, mas acho que ela fica enciumada pelos alunos gostarem tanto de você. 

Disse e passou duas folhas para o amigo. 

— Ela que lute, meus alunos me amam. 

Falou divertido, mas eles eram amigos a muito tempo e ambos se conheciam bem, por isso o mais velho insistiu na conversa. 

— E você  reage como quando ela te confronta assim? 

Eduardo tinha comentado com Arturo a inconveniência vivida por causa dessa professora, mas omitiu a parte que tinha certeza que essa importunação era porque era negro, as vezes ele se cansava e preferia lutar sozinho, não podia sempre recorrer ao amigo. 

— Ah! sabe né, eu sei que eu não posso me exceder, porque ela é ardilosa, quando estamos em público, ela faz de uma forma que parece inofensiva.

Disse agora olhando para o amigo que retribuiu o olhar que claramente percebeu a chateação vinda do outro.

— Como assim em público Duda? me explica isso, você ta omitindo coisas. 

disse se ajeitando no sofá e encarando com mais precisão o amigo que estava olhando pra baixo calado. 

— Eu acho que ela age assim comigo, porque eu sou negro. 

Falou e percebeu que ficou aliviado, parecia que doía menos, quando exposto. 

deixou as provas de lado e foi para cozinha.

— Como assim Eduardo? e você não tomou providências ainda porquê?

Falou seguindo o amigo. 

— Você mais do que ninguém por trabalhar na área, deveria saber que as coisas não funcionam assim tão fácil, ela é branca e rica. Não que eu esteja me reprimindo pelos privilégios dela, mas eu não achei o momento de agir.

Falou sério para o amigo que o olhava também sério, Arturo não sabia o que era passar por isso, porque também era privilégiado, nunca sofreu qualquer coisa pela sua cor, era o padrão perfeito de uma sociedade hipócrita, não se orgulhava disso.

— Me desculpa te cobrar isso, não tenho direito nenhum, mas eu não quero te ver insatisfeito de ir trabalhar por causa de pessoas como ela, você adora o que faz. 

SEMPRE FOI VOCÊ - ROMANCE GAYOnde histórias criam vida. Descubra agora