Capítulo 9

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Eduardo não compreendia, porque algumas vezes e com algumas pessoas a vida podia ser tão dura. Na cabeça dele isso era uma tremenda injustiça. 

Desde de quando entrou na universidade sabia que sua vida tinham mudado completamente, pois não mais viveria sobre a influência de um pai alcoolista e violento, muito menos de uma irmã exploradora. 

Quando viu que tinha passado no vestibular pensou que ali naquele momento tinha conseguido seu passaporte, sua liberdade. Sabia que encontraria dificuldades, era em outro Estado, mas aquilo não o impediu de lutar para concretizar o seu sonho, de se ver longe daquelas pessoas más que por lógica deveriam o amar, no entanto pareciam mais querer judia-lo. 

Não conseguiu digerir ou esquecer as constantes agressões vividas na sua adolescência, essas lembranças ainda o acompanhavam até sua vida adulta, seja em sua alma ou em em cicatrizes presentes espalhadas pelo seu corpo. 

Gostava de acreditar que era um sobrevivente e um que apesar de todas as coisas conseguiu vencer. Após, fugir de casa apenas com algumas roupas e documentos, iniciou uma nova jornada em sua vida.

Passou a morar na residência oferecida pela Universidade e a partir dai tentou construir uma nova história, essa com mais alegria, mais liberdade e amor. 

Foi difícil no inicio, se viu sozinho em situações que pensou que não aguentaria, passou por muitas necessidades, por privações, mas nunca pensou em desistir, pois sabia que fazendo isso, não teria ninguém para lutar por ele.

Passava por situações piores antes, seu pai nunca o aceitou e quando foi crescendo e percebendo que não se sentia atraído pelo sexo feminino, as coisas se tornaram mais difíceis, seu pai e irmã fazia questão de humilha-lo. 

Por diversas vezes o medo tomava conta de si, quando sua irmã insinuava que não manteria um vagabundo em casa e que o mesmo deveria  prostitui-se pra comer, porque na mente podre e preconceituosa dela, uma pessoa homossexual apenas teria esse fim.

Por isso, quando se mudou e passou por novas dificuldades sabia que nada se comparava ao que passou ou se compararia se caso voltasse.

Mas como qualquer ser humano, toda judiação deixou magoas em sua vida, sabia que tinha desenvolvido inúmeros traumas, e esses todas as vezes que manifestado era uma dor em seu coração, perdeu a conta de quantas vezes depois que conheceu Arturo o amigo o incentivou a procurar ajuda profissional, mas reprimia isso dentro de si, nesse caso sabia que pensava pequeno. 

Arturo foi uma peça chave na sua reconstrução, quando se tornaram amigos, percebeu que ali existia companheirismo e se agarrou naquilo como sua única salvação, só não imaginou que se veria tão dependente dele e daquela família.   

Por vezes se sentia sozinho e abandonado, chegou a pensar que não era digno do amor das pessoas, ou até da empatia delas, porque em seu histórico aqueles que se aproximavam tinham o intuito de machuca-lo ou menospreza-lo. 

Passou por fazes obscuras antes de conhecer o amigo, se sentia deprimido e solitário. Procurava não deixar isso afetar seus estudos, mas quando seu emocional e psicológico não está bem o resto de sua vida desanda.

Mas com a presença constante do amigo foi deixando de lado algumas aflições, em datas comemorativas estavam juntos na casa da Dona Dulce e isso foi o fortalecendo e se apegando, foi amando. 

Dona Dulce era doce, era amável e confiável, viu nela uma figura materna que foi ausente de sua vida, sabia que era carente de afeto e atenção, muitas vezes ficava mal, por achar que mendigava atenção, isso destruía sua alto estima. Mas com o passar do tempo percebeu que tudo o que sentia era reciproco que aquelas pessoas o aceitaram e amaram sem nada em troca, o maram pelo que ele era. 

SEMPRE FOI VOCÊ - ROMANCE GAYOnde histórias criam vida. Descubra agora