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PARADA FRENTE A PORTA do hospital universitário, eu olhava através do retângulo de vidro na porta, que dava para o interior do quarto onde a mulher de dedos ágeis manuseava suas agulhas de tricô.
Seu rosto levemente pálido, mais que o normal, ganha um pouco mais de emoção assim que me vê, abrindo um sorriso aconchegante.
─ Oi, mãezinha. Sentiu minha falta? ─ fecho a porta atrás de mim e corro até a cama, abraçando ela sem me importar com as sacolas em meus braços que ficaram entre nós. ─ Trouxe isso pra senhora.
Eu estava acostumada em vê-la nesse ambiente hospitalar asséptico e em seus usuais tons de branco e verde claro. Fazia tempo desde que a senhora Kim Sun Ah vinha batalhando contra um câncer descoberto da pior forma possível.
Mamãe e papai estavam prestes a fazer sua tão sonhada viagem dos sonhos pela Europa, para a qual haviam juntado dinheiro desde o início do namoro, quando minha mãe passou mal antes de embarcar no avião. Lembro que eu estava brincando de pintar as paredes do quarto de JayJay com flores e corações quando a babá entrou desesperada, levando eu e meu irmão para o hospital.
As horas custaram muito a passar até que meu pai finalmente deixou mamãe na UTI para nos confortar. Lembro dele falar algo como "ah meus amores, mamãe está um pouco doente, vamos voltar pra casa sem ela hoje, tudo bem?". JayJay, dois anos mais velho que eu, entendeu mais rápido naquela época que a situação não seria tão simples como nosso pai fez parecer que era.
O importante é que a Sra. Kim é imensamente forte, e vem disposta a lutar como ninguém contra essa doença.
─ O que está tricotando agora? ─ seguro o amontoado de lã ainda sem forma, tentando decifrar qual será seu desfecho. ─ Não me diga que é outro gorro.
Mamãe sorri fraco.
─ Claro que é, você e o seu irmão adoram meus gorros. Eu também não tenho muitas outras coisas pra fazer além de ver televisão estando infurnada nesse hospital.
Ela também odiava estar aqui tanto quanto eu odiava não tê-la em casa. Mas sabia se adaptar, em um mês já conhecia todos os enfermeiros e em três meses já conseguia convencê-los a contrabandear gelatina extra para ela entre as refeições.
