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QUANDO DESPERTEI ESSA MANHÃ, não só o friozinho incomum do ambiente, mas também as cobertas felpudas e macias que envolviam meu corpo como um abraço aconchegante me fizeram perceber que eu não estava em meu quarto, antes mesmo que pudesse abrir os olhos.
Quando abri os olhos, tive a relapsa sensação de pássaros voando em círculo sobre minha cabeça. Ou eram estrelas rodopiantes? Acontece que de qualquer maneira não era para eu ter acordado nesse quarto quase do tamanho da minha casa inteira.
Era uma manhã fria, completamente atípica para um mês que se passava em pleno verão. As janelas nubladas por causa da geada que se formava no lado de fora, embarçava o vidro de modo que não me permitia ver a paisagem do outro lado.
Não demorou nem dois minutos para que eu pudesse passar pela fase da adaptação, quando a dona do quarto irrompeu tempestuosa para dentro do cômodo.
A garota de cabelos ruivos sorveu um pouco de ar quando abriu a boca levemente sobressaltada.
─ Você acordou! ─ exclamou entre um gritinho esganiçado de felicidade e a corrida até a cama em que eu tentava me camuflar. ─ O médico, vou chamar o médico! Não! O pastor!
Sua reação foi tão atípica que eu comecei a ter um mini surto interno quando as engrenagens do meu cérebro começam a travar diante as possibilidades. Por favor, que eu não tenha acordado de um coma de cinco anos. Por favor, que eu não tenha acordado de um coma de cinco anos.
─ Pastor? Pra que um pastor, Eun-bi? ─ consegui segurar seu braço antes que saísse correndo pela porta por onde havia entrado.
─ Para presenciar o milagre!
─ Que milagre?
─ Da sua dignidade transformada em frangalhos, sua...!!! ─ nem sequer consegui desviar antes que Bibi pulasse em cima de mim, me dando tapinhas leves como se eu fosse seu saco de pancadas particular. Meus ombros foram agitados para lá e para cá mais que um chocalho. ─ Sua... Ahhh!!! Não tem noção de beber sabendo que não pode? Quer morrer? Suicídio é pecado, sabia? Se for pra me abandonar sozinha nesse mundo que pelo menos não seja pra ir pro inferno! Ai eu vou te matar, garota, sabe o quanto eu fiquei preocupada??! E se você tivesse ficado mal de verdade? Com que cara eu ia olhar para os seus pais? ─ ela disparava as palavras uma atrás da outra sem sequer um tempo para inspirar.
