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LOUCURA, LOUCURA, LOUCURA.
Eu poderia muito bem reduzir a manhã de hoje a apenas essa palavrinha.
O campus da USN brilha com os rostinhos novos e bem cuidado dos novos estudantes, empolgados com a emoção da vida universitária correndo fresca em suas veias. Mas eu não compartilho da mesma empolgação que eles, já sou macaca velha, pulei de galho em galho e me encontro sendo arrastada pela carcaça depois de longos quatro anos e meio de medicina.
Estou no meu último semestre, e com a residência hospitalar, trabalho, notas e casa para conciliar, já entreguei nas mãos de Deus a minha vida, porque sozinha não tava dando para dar conta.
Uma das poucas coisas que ainda fazem sentido nessa universidade é a classificação no exame acadêmico que dá centenas de oportunidades para estudantes bolsistas que não conseguem pagar as mensalidades um pouquinho salgadas, como eu.
Só de pensar nisso minha cabeça já começa a latejar.
Pulo os degraus da entrada do meu bloco de dois em dois degraus quando meu relógio de pulso apita, anunciando estar quase atrasada para a primeira aula do dia. Correndo, avanço como o kid flash pelas rampas que levam até a sala do senhor Yang.
Os corredores da Famed (Faculdade de Medicina) estão ultra congestionados, feito o fluxo sanguíneo obstruído nas veias de um pobre paciente portador de anemia falciforme. O que me faz pensar na minha mãe...
Não, ela não tem anemia falciforme, mas está muito doente. Na verdade, ela está melhorando milagrosamente, já esteve pior que agora, mas ainda fico tão preocupada e querendo saber as atualizações de seu prontuário médico a cada cinco minutos, que as enfermeiras já não aguentam mais receber minhas ligações.
E, bom, esse é um dos motivos que explicam meus coeficientes despencando exponencialmente e minha isenção de despesas escolares se encontrando atualmente congelada no sistema. Meu emprego na Sweet Dreams, uma lojinha de doces no centro, mal dá pra pagar o aluguel do meu apartamento, quem dirá as mensalidades... E eu me recuso completamente a pegar empréstimo estudantil pra depois acabar tendo que vender minha alma pra ser capaz de pagar! Pedir emprestado para o meu pai também está fora de cogitação, ele já trabalha horrores pra pagar a mensalidade do meu irmão que não tem bolsa.
