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O SOM DAS RODINHAS rolando pelo chão de madeira preencheu o ambiente quando apertei o meu passo, correndo até a cozinha.
─ Mas que droga, será possível que ninguém passa um café sequer nessa casa? ─ praguejo transbordando infelicidade quando encontro a jarra vazia da cafeteira.
─ Pega leve, maninha, o dia tá bonito demais pra você estar com esse estresse todo. ─ disse JayJay, com a maior pose de protetor da paz mundial enquanto sentava devagar tomando o que eu tenho certeza que era a última gota de café daquela casa. ─ Você anda com os nervos muito a flor da pele ultimamente... ─ ele cerra os olhos, me olhando estranho de repente. ─ Você está saindo com algum cara, por acaso?
Sufoco a vontade de mandar meu irmão calar a boca. Apenas forço uma risada alta.
─ Claro que não! Não tenho tempo pra isso.
JayJay faz um muxoxo com a boca, balançando a cabeça em negativo.
─ É claro que não... confio no bom gosto dos homens.
─ Idiota. ─ acerto um soco em seu braço e ele ri. ─ Me dá isso, preciso mais que você. ─ pego a xícara dele tomando um grande gole, voltando a correr em direção à porta antes que eu me atrase e perca o horário do ônibus.
A rodinha da mala que eu carregava voltou a fazer barulho, o somzinho oco reverberando quando bateu no chão após a mala despencar do degrau que leva até a sala.
─ Avise ao papai que já estou levando as roupas da mamãe. Vai poupar ele de precisar sair do hospital no meio do plantão, já que você não faz esse favor de visitar a própria mãe.
─ Ei! ─ ele gritou, irrompendo a reclamação quando bateu o dedo mindinho do pé na parede ao acelerar os passos. ─ Eu.. AI! Eu visito sim a mamãe!
Seguro o riso ao ver a cena de um marmanjo de um metro e oitenta se contorcendo de dor, segurando o mindinho. A cafeína estava começando a fazer efeito, os picos de adrenalina me deixando ansiosa.
─ Mas não visita o suficiente. ─ entrego a ele a xícara vazia. ─ Preciso ir, vou perder o ônibus. O outro só passa em uma hora.
─ É isso que a mamãe pensa? Que eu não gosto de visitar ela? ─ ele quis saber, e minha mão para na maçaneta quando vejo a expressão genuína de preocupação no rosto dele.
