Capítulo III - Velhos Amigos - Parte 2

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As portas da sala de reunião se abriram. Alguns generais, senhores feudais e outros nobres de Kohan saiam pacientemente do local. Ao se retirarem, o deixaram refletindo sobre a crise ao norte do país. As terras tomadas se expandiam, ameaçando fatalmente o futuro do reino. A lerdeza do avanço da tecnologia os deixavam quilômetros atrás no campo de batalha, mas não havia mais tempo para fazer algo. Pouco a pouco, o número de soldados também diminuía, afrouxando ainda mais as defesas. A cabeça do imperador estava cheia, mesmo assim, não deixava de se mostrar frio. Enquanto pensava sobre isso, ouviu algumas batidas na porta aberta.

— Meu rei. — seu cientista o reverenciou.

A face da majestade se acalmou ao vê-lo; alguém como ele, em meio a tantas crises, aliviava seus pensamentos. De certo modo, o via como uma esperança para o seu reino ou alguém que ajudaria a trazê-la, pro isso, confiava cada dia mais no jovem.

— Do que precisa, meu médico? — mais calmo e compreensivo, perguntou indo em direção ao cientista.

— Vim trazer notícias... — intimidou-se — Vieram do centro do reino.

— O que quer me dizer de tão importante? — não aguentando a pausa feita pelo outro, se desagradou com a ideia de suas notícias serem ruins.

O médico virou sua cabeça para a porta, gesticulando gentilmente por sigilo com os olhos. Entendendo o pedido, o rei ordenou aos guardas para que se retirassem fechando os portões. Enfim, com privacidade, podia contar o que queria. Respirando fundo, tentando engolir a aflição, começou a falar:

— Venho alertá-lo de uma ameaça vinda de dentro do reino a vossa majestade. — o imperador prestava atenção ao que o mais novo dizia — Antes de me tornar médico real, tinha conhecimento sobre os grupos de cientistas de Kohan, desde os pacifistas aos terroristas; dentre desses, a Kroatan. — fez uma pausa.

— Esqueça isso! — avistou o olhar cabisbaixo do outro — Isso foi antes, quando você estava entre alguns dos imundos que fingiam praticar artes brancas. — o médico concordava com o rei, pois sabia que entre os cientistas, mesmo que isolados, alguns não levavam a ciência ao lado benéfico, sendo muitas vezes até desumanos — Agora você pertence a realeza, não há mais com que se preocupar. — estas últimas palavras fizeram o coração do médico se apertar.

— Minha majestade, venho lhe recordar do mal que o Kroatan causou ao reino, sendo um grupo verdadeiramente perigoso. — tentava achar a melhor forma de contá-lo — Muitos deles são assassinos e não se importam com os danos causados.

— O que quer me dizer? — interrogou brutalmente o discurso do que enredava.

O médico engoliu seco, por um momento temendo uma punição.

— Eles planejam um ataque contra o senhor, meu rei. — as palavras saíram de sua boca de uma vez, como se escapassem.

Os olhos do corpulento escureceram.

— Como sabe disso? — com um tom grosseiro, assustou o outro.

— Um paciente... — começou a gaguejar — Um antigo companheiro meu, me contou há alguns minutos.

— Onde ele está? — as perguntas diretas do imperador chocavam o cientista cada vez mais, que por si só, já se repreendia.

— Eu o liberei a pouco...

— Por que fez isso? — o cortou — Ele podia ter informações, se estivesse falando a verdade. — aumentou drasticamente o tom.

— Tentei protegê-lo. — conseguia pronunciar com o pouco de coragem que restava — Os soldados o torturariam até que mentisse sobre os fatos.

A Lenda de KohanOnde histórias criam vida. Descubra agora