Prólogo

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Eu sou Jeon Jungkook e vim contar como tudo começou. Antes que pergunte, não, não é sobre o clichê de melhores amigos que se apaixonam. Me acompanhem até o final para entenderem o que e como caralhos aconteceu.

Vamos ao início, bem no início mesmo. Quando conheci o desgraçado que acabou de ferrar comigo. O conheci no jardim de infância, eu devia saber que boa pessoa ele não era quando ele pisou na minha casinha de massinha. Tá que foi sem querer e desde então somos amigos porque ele ficou na minha cola todos os dias até que eu o desculpasse. Só que o trouxa aqui já tinha até esquecido de tão comum que se tornou nós dois estarmos juntos.

Ele conhecia meus pais, e eu conhecia sua família. Passamos a frequentar a casa um do outro como se fossem nossas próprias casas, de tão íntimos que éramos. Vimos todas as fases de crescimento um do outro, o quanto ficamos ridículos magrelos e cheios de espinhas. E demos o nosso primeiro beijo um no outro. Lógico que essa ideia imbecil não partiu de mim. Dois adolescentes sem noção que não sabiam o que fazer. E na época não existia internet, então tinha que aprender na marra.

Crescemos e estivemos ao lado um do outro nos melhores e piores momentos. Ele esteve lá para mim quando perdi minha mãe por causa do câncer. Foi muito doloroso e ele enxugou todas as minhas lágrimas. Assim como estive com ele quando Hyunjoo morreu num acidente de carro e teve que assumir a guarda de cuidar de Woojin sozinho.

Eu era próximo de Hyunjoo, ela era como uma irmã mais velha pra mim, e quando ela morreu, eu fiquei muito abalado. Mas guardei meu sofrimento pra mim, porque Tae precisava de mim. Taehyung, aos 23 anos de idade, teve que lidar com o luto pela irmã, assumir a paternidade do sobrinho e suas aulas na faculdade de moda. Eu estive com ele em todos esses momentos, inclusive tentei ajudar com a criação de Woojin, já que sou padrinho dele. Mas Taehyung surtou e nós brigamos feio.

Ele meio que achava que a responsabilidade do Woojin era toda sua, e não quis me deixar ajudá-lo. Eu já devia ter sacado que ele não se importa muito comigo assim, quando o mesmo tentou me afastar assim tão fácil.

Nessa época eu fiquei muito puto com a criancice dele, mas estive muito ocupado concluindo os últimos semestres da faculdade. Então só dei esse espaço pra ele. Claro que não me afastei dele de vez de verdade, lembrem que sou trouxa. Então ainda o seguia nas redes sociais, mandava mensagem e ligava. Principalmente por causa de Woojin.

Então um dia ele me chamou para acompanhar ele e Woojin ao pediatra. Aparentemente Woojin estava estranho por tempo demais, tinha comportamento muito fechado na dele, evitava contato visual, e para a idade tinha muito dificuldade para falar. Woojin foi diagnosticado com TEA(Transtorno do espectro do Autismo). Taehyung ficou desolado quando soube, mas fingia que não era nada.

Ele sabia o quão difícil seria. Mas em nenhum momento reclamou ou pareceu distratar o sobrinho. Foi então que ele deu mais ainda atenção para Woojin, largando de vez qualquer distração. Focando somente em Woojin, na faculdade e depois no trabalho. Taehyung se distanciou de mim, mesmo eu querendo muito ajudá-lo. Novamente Taehyung me afastou. Mas dessa vez da forma mais cruel. Ele viajou para os Estados Unidos a trabalho e levou Woojin com ele.

Concluí minha faculdade e comecei a trabalhar na Jeon Company. Ainda mantive contato com Taehyung, mas dessa vez não tão invasivo. Acompanhei ele ascender na indústria da moda, sendo um dos modelos mais conceituados das atualidades. Voltamos a nos falar e o acompanhei durante vários de seus relacionamentos fracassados, sabendo com o mesmo não queria se firmar com ninguém por causa de Woojin. E na minha cabeça imbecil, eu via isso como uma esperança.

Mas ao que parece, a vida resolveu tirar uma com minha cara. Acontece que dentre todos esses relacionamentos, ele ficou mais firme com um dono de uma marca de roupas famosas rico pra cacete. E o cara tinha o apelido de "Esperança". Olha a porra da ironia sendo atolada no meu cú.

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