A música expressa o que não pode ser dito em palavras mas não pode permanecer em silêncio - Victor Hugo
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Hitoshi estava com algum pressentimento. Não sabia se era bom ou ruim. Devia ser... Razoável? Não, isso é tolice.
Só tinha certeza que algo iria acontecer.
Abriu os olhos finalmente, sentindo o calor dos raios que entravam pela janela entre-aberta. O quarto tinha mudado um pouco nesses meses. Mudou os pôsteres velhos por novos, sua escrivaninha mudou de lugar e sua cama... Continuava a mesma. Virou o rosto e viu somente o lugar de Denki vazio, mas não estranhou. Sabia que nesse momento ele estava comendo e esperando por si na mesa. E mesmo que sempre dissesse a ele que poderia acorda-lo para não comer sozinho, ele retrucava falando o quanto ficava fofo enquanto dormia. Sempre corava e o beijava sorrindo. Sua paixão por ele não continuou a mesma, por que ela aumentou.
Seu coração sempre se enchia de alegria quando ele voltava da faculdade e o abraçava contando alegre do seu dia ou reclamando dos professores. Gostava de quando comiam juntos, pois ele ficava fofinho com as bochechas cheias e a boca meio suja, que Shinsou sempre limpava com os polegares, fazendo Denki corar. Adorava quando assistiam algum filme juntos e apertadinhos com Nora junto deles.
Falando nela, estava mais crescidinha e não tinha mais ciúmes de nenhum dos dois. Aceitava que os donos tinham um relacionamento mais diferente e agora não se importava. Mas também gostava de ficar na companhia dos humanos.
E surpreendentemente, um mês atrás mais ou menos, Denki conseguiu o convencer de apresentar uma orquestra inteira consigo. Era composta somente por músicas de Chopin, e não teve muito problema em decora-las. Na verdade já sabia alguma de cor, o que o ajudou muito quando foram conversar com o coordenador do evento. Resolveu não chamar a família, mas tinha certeza que iriam saber vendo por algum lugar. Eri e Shota pareciam agentes do FBI quando se tratava de si. E depois de quase duas horas de apresentação, puderam sair do palco, mas agora encontrando mais uma pessoa. O pai de Kaminari.
Foi meio desconfortável e ficou ansioso, mas não teve medo ou vergonha de dizer que era o namorado de Denki. No final, Takeshi aceitou muito bem a relação deles, mas não se encontraram muito depois disso. O loiro estava falando com uma empresa de jogos. Ele fez uma entrevista e está entre os melhores candidatos para um emprego de animador de jogos, mas ainda estavam entrevistando outras pessoas. Estava perto de terminar o seu curso na faculdade, só mais dois semestres e estaria livre.
Bagunçou os cabelos já desordenados e se sentou, pronto para sair do quarto e ir comer com o namorado para ir para a faculdade. Seu despertador biológico sempre o acordava no mesmo horário, então sabia que não estava atrasado ou algo do tipo. Mas antes que pudesse ao menos colocar um pé para fora da cama, a porta se abriu e trouxe mais luz para dentro do cômodo. Não conseguiu enxergar de primeira pela iluminação repentina, mas depois que se acostumou e ouviu a voz característica, teve certeza de quem era.
— Bom dia meu amor! — Denki falou alegre
Sorriu com a animação dele, mas estranhou a bandeja de comida que ele trazia consigo. Porém, não pode deixar de afirmar mais uma vez pra si mesmo o quanto ele ficava fofinho no avental novo que comprou. Era verde claro e com pequenos raios decorando aleatoriamente o tecido.
— Bom dia — disse com sua voz naturalmente cansada — Pra quê essa comida toda?
— Ora, pra você Hitoshi — ele sorria animado
Kaminari colocou a comida sobre a escrivaninha organizada do outro, indo até seu lado e sentando em seu colo ainda na cama.
— ...porque?
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Melody - Shinkami
FanfictionAs águas de felicidade podem ser tristes... As chamas podem ser frias... O coração pode não ser mais como antes... Coisas podem aparentar ser o que não são. Quase todos tem um jeito de expressar ou captar sentimentos e sensações, sejam os seus ou de...