14. Você supõe o céu

51 4 0
                                    

Eu não mudei o meu nome.

O que é estranho, porque sempre achei que, assim que completasse vinte e um, eu o faria. Mas a verdade é que no último ano tenho gostado mais dele do que nunca, então decidi que daqui para a frente o usaria com mais frequência. Genevieve. E não apenas Gen.

- Feliz aniversário, querida! - mamãe exulta, com um buquê de bromélias brancas, que parecem ter vindo diretamente do jardim do vovô, e sorri animada para mim. Ao seu lado, Richard tem em mãos uma bandeja de café da manhã que parece incrível.

- Qual é a primeira coisa que pretende fazer agora que é oficialmente adulta? - Meu padrasto serve café numa xícara para mim e eu endireito a postura, me sentado na cama.

- Hum...começar um negócio de tráfico de drogas? 

- Muito engraçada - repreende mamãe, fazendo uma careta, enquanto Richard solta uma gargalhada alta.

- É melhor você comer bastante para ficar preparada pro meu presente, criança. - Meu avô aparece no batente da porta. Ele tem um sorriso travesso nos lábios e arqueia as sobrancelhas na minha direção.

- Não! - Eu me levanto em um pulo, mastigando um último pedaço de torrada, e correndo para a janela. - Ai. Meu. Deus. Você não está falando sério! - observo o bendito Corvette em tons azul bebê e pastel estacionado em frente à minha casa. - Ficou simplesmente incrível, vovô! Obrigada, obrigada, obrigada! - Corro para abraça-lo, que reclama quando o aperto demais.

- É o mínimo que a minha neta preferida merece - zomba ele e eu estreito os olhos.

- Eu sou a sua única neta.

- Mas ainda assim não deixa de ser a preferida, hum?

- Eu só espero que você tenha juízo, mocinha - adverte mamãe, jogando a chave na minha direção.

- Pode deixar, senhorita Verena! - Faço uma reverência para ela. - A partir de agora, sou uma adulta, esqueceu? - E dou uma piscadela. 

Deus, não acredito que tenho mesmo um carro! 

Tipo, um carro! Só meu! E ele é maravilhoso para caramba! Não que eu entenda muito sobre automóveis e suas mil e uma particularidades, mas, para mim, ele é incrível. Tem bancos de couro, faróis expostos e teto conversível - o que me permite passear pelas ruas de Cherrysville como se estivesse em um filme.

Algum tempo depois, tenho óculos de sol na cabeça e uso bastante protetor solar quando paro na casa de Piper, apertando a buzina dezenas de vezes.

- Puta merda.

Minha amiga corre na minha direção, a expressão de incredulidade estampada no rosto.

- O que acha de tomarmos um pouco de sol, baby? - provoco-a, me referindo ao apelido que Matt - o loiro - usa com ela. Eles estão ficando há pouco tempo, mas isso é o suficiente para que eu possa fazer piadinhas.

- Cretina - esbraveja Piper, pegando meus óculos e colocando em sua cabeça. 

- Ei, você não pode me xingar! - repreendo-a, estendendo o protetor em sua direção. 

- Só por que é seu aniversário? - Ela ri da minha cara, jogando os ombros para trás quando acelero o carro. - Ok, você é definitivamente a pessoa mais perfeita do universo. 

Está calor para caramba e Piper e eu tomamos sorvete de casquinha enquanto caminhamos no píer. Nós conversamos sobre amenidades e ela me compra todos os doces possíveis, incluindo o meu sabor preferido de algodão doce. 

Então estou na fila para brincar de tiro ao alvo quando o vejo.

Callum usa jeans surrados e camiseta branca, que deixa à mostra os músculos longos e esguios dos braços, cobertos de tatuagens. Tem a correntinha prateada no pescoço e a barba toma conta de quase todo o rosto. Ele mantém uma das mãos repousadas na cintura de uma garota com cabelos pretos curtos, que se inclina para jogar o dardo e eles comemoram quando ela acerta. 

ADDICTED HEARTS Onde histórias criam vida. Descubra agora