Anos depois...
Callum
O olhar dela está voltado fixo para a frente, as mãos finas ao redor das manoplas no guidão da motocicleta. Alguns fios do cabelo castanho-claro voam para trás e o cheiro de amêndoa com frutas vermelhas inebria minhas narinas conforme aproximo meu corpo do seu.
- Eu acho que a aluna finalmente superou o mestre - zomba ela, de modo divertido, fazendo uma curva com precisão.
- Isso significa que voce será a nosso piloto a partir de hoje? - Eu aperto sua cintura, abraçando-a. Adoro a sensação do seu corpo contra o meu.
- Não mesmo. - Ela estaciona a moto e tira o capacete, um sorriso tímido no rosto. - Não posso perder a oportunidade de dizer que estou com frio para ganhar a sua jaqueta, uh?
- Inacreditável. - Eu passo meu braço ao redor dos seus ombros e ela entrelaça a mão na minha. Ainda sinto um calafrio toda vez que isso acontece. - Eu juro que vou anotar isso na minha lista de Coisas Que A Minha Namorada Não Merece Mais.
Ela gargalha alto e empurra a porta à nossa frente.
- Você nunca realmente fez uma lista, não é? - Ela arqueia uma sobrancelha e eu dou de ombros.
- Você nunca vai saber, loira.
A construção vitoriana tem três andares. Passamos pelo primeiro e anotamos nossos nomes na lista de visitas da recepção. Em seguida, Genevieve apressa o passo para chegarmos ao último.
E lá está ela, em sua cadeira de balanço habitual. Minha mãe mantém os olhos vidrados na pequena televisão à sua frente. Os cabelos grisalhos alcançam os ombros e meu coração aperta quando me lembro do quanto ela era uma pessoa animada antes. Agora, não consegue dizer uma palavra.
Depois de tentar suicídio por causa do meu pai, minha mãe jamais se recuperou totalmente. Os médicos dizem que isso é justificável por causa do trauma que ela sofreu e que muito provavelmente ela vai ficar assim pelo resto da vida, já que já se passaram anos. Mas eu não consigo aceitar. Toda vez que venho visitá-la, tenho a esperança de que as coisas realmente podem melhorar.
- Eu trouxe biscoitos, Elena - Genevieve diz, um sorriso animado no rosto. Ela adora visitar a minha mãe tanto quanto eu e sempre deixa o clima mais leve. Eu acho que realmente não poderia pedir alguém melhor. - São de chocolate com menta. - Ela mostra o pacote para minha mãe. - Callum disse que são os seus preferidos. Bem, eu não sei se estão tão bons quanto os que você fazia, mas espero que goste.
- Oi, mamãe. - Eu me aproximo e beijo sua bochecha. Está gelada, então eu corro para fechar a janela.
- Você sabia que a Taylor Hudson está traindo o marido com o Roy, da loja de doces? - Genevieve toca os cabelos da minha mãe, desfazendo o coque e começando a pentear os fios. Ela o faz lenta e cuidadosamente, como se tivesse medo de machuca-la.
Eu me sento na cadeira ao lado da minha mãe, enquanto a minha namorada a atualiza sobre todas as fofocas da cidade. Há alguns anos, quando comecei a trazê-la para as visitas, eu lhe disse tudo o que a minha adorava fazer antes do incidente. E, bem, Genevieve fez disso seu mantra semanal. Ela faz questão de trazer/fazer tudo aquilo que a minha mãe gostaria.
- Eu...recebi uma proposta - continua a minha namorada, os olhos brilhando pela recordação do que aconteceu há alguns dias. - Não é nada demais, mas eu estou realmente empolgada.
A Serenity Magazine vai comprar a minha editora. Então, hum, basicamente, agora vou ser dona de uma das filiais da maior revista de Nova York.
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ADDICTED HEARTS
Roman d'amourQuando Gen Young teve que se mudar para Cherrysville, ela jurou que sua vida tinha acabado. Adeus Nova York, adeus NYU e adeus melhores amigos do mundo! Genevieve se viu totalmente desolada ao ter que começar do zero num lugar, em sua singela opiniã...