A Primeira Morte da Fênix

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× Okumura Rin ×

Tinha acordado sozinho igual a todos os outros dias, Yukio tinha apontado a arma para a minha cabeça tantas vezes, quem um dia me chamou de amigo hoje me ignorava e me chamava de monstro. As chamas são minhas e não de Satã, porém eles nunca iriam entender tal coisa. 

Minha vida não fazia mais sentido a um bom tempo, tinha perdido o Padre Fujimoto, meu irmão bem não me considerava mais como Irmão e amigos nem tinha mais. Estava sozinho com os meus próprios demônios internos, o pensamento de que deveria me matar se passou mais uma vez na minha cabeça.

Talvez fosse um ato de coragem ou apenas um ato de burrice, no entanto iria fazer isso finalmente. Iria aliviar o peso para todos e deixariam de ser um fardo, o filho de Satã morto seria um alívio enorme a todos, principalmente se fosse eu. Era o que pensava até sentir Kurikara atravessar meu peito, não teria mais volta depois e esperava que ninguém tivesse que ver meu corpo assim. Seria uma imagem horrível.

Eu tinha morrido pelas minhas próprias chamas, era a última coisa que eu lembraria se futuramente acordasse em outro lugar. 

× Mephisto Pheles ×

Havia ido visitar meu irmão caçula por não conseguir mais ver o futuro dele, alguma coisa poderia ter dado errado e foi o que aconteceu. Eu encontrei ele já sem vida no banheiro do dormitório, Kurikara atravessada no peito dele, deixando a roupa manchada em um vermelho já seco. 

Yukio tinha saído em missão, Kuro parecia não estar no prédio do dormitório, mas tinha uma carta manchada no chão, provavelmente ele chorava enquanto escrevia a carta e era uma carta de suicídio que eu apenas guardei no meu bolso. Ninguém merece aquela carta de despedida, não os humanos que a ela estava endereçada. A que ponto foram cruéis para fazer um demônio se matar com o próprio poder? Rin não estava mais ali para responder essa pergunta.

 O corpo do Rin foi levado diretamente para o necrotério, a espada foi retirada e eu a coloquei na bainha a deixando no quarto onde ele dividia com Yukio, não iria deixar as coisas assim e daria um jeito de trazer aquele garoto de volta. O dia do enterro seria no dia seguinte pelo que foi informado. 

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E quando o dia seguinte chegou, a chuva veio forte como se perder aquele garoto tivesse sido demais para o Universo. Os estudantes exorcistas não sabiam e muito menos Yukio ou Shura, deixaria para contar apenas horas antes do enterro.

Tinha sido informado que os exorcistas estavam na sala com Yukio e Shura dando aula, e pela primeira vez eu resolvi entrar pela porta sem nada triunfante, apenas o amargo do luto na alma e as roupas normalmente alegres foram substituídas por um terno preto.

Mephisto – Meus parabéns a todos vocês exorcistas, ao Okumura também. Vocês conseguiram fazer um demônio se suicidar, algo jamais feito por nenhum humano — Bati palmas a todos que ficaram visivelmente confusos com o que eu dizia, era melhor dar as costas ao contar isso olhando para todos, eu iria fraquejar se o fizesse.  – Okumura Rin se suicidou com a Kurikara, o enterro é hoje após a aula.

Sai da sala ouvindo as vozes agitadas de todos, ignorei elas e voltei para a minha sala a fim de acalmar meus sentimentos conturbados, nunca pensei que deixaria de ver aquele sorriso e cabelo arrepiado tão cedo.

Minhas pesquisas foram úteis naquele momento, liguei para o Neuhaus para ele começar a pesquisar se teria como fazer algo a respeito o mais rápido que conseguisse. Os humanos não teriam chance alguma contra Satã sem o Rin Okumura. 

E quando o Rei da Terra, Amaimon, sentisse que Okumura Rin tinha morrido, ele viria me perguntar o que aconteceu. E ficaria triste pela morte e bravo por não ter sido ele a matar Okumura Rin, e um pedido inusitado viria junto daquele momento de tristeza e ódio, ele queria ir ao enterro.

E eu iria junto, afinal meu irmão caçula tinha morrido.

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