O enterro de Okumura foi como o de muitos outros. Mesmo sendo algo novo, parecia comum: um demônio tirou a própria vida, algo que, para milhares de outros demônios, era impressionante. No entanto, para os humanos que se lamentavam diante de Mephisto e Amaimon, era apenas normal. As pessoas cometem erros e, quando tudo dá errado, desejam poder voltar para consertá-los.
A busca incansável dos humanos era entender os motivos que levariam alguém saudável a fazer aquilo, mas para Okumura, tudo o que havia acontecido até aquele momento era passado. Esse evento também foi o início de uma revolta para muitos demônios, especialmente Amaimon.
Mephisto olhava ao redor, observando o tempo chuvoso e o caixão branco. Okumura parecia em paz, o rosto sereno e sem expressão. Amaimon encarava o corpo de Okumura com um olhar irritado, fixando-se onde a cauda de Okumura estava enrolada sobre seu peito.
– Vamos acabar com isso logo; quanto mais cedo terminar, mais rápido podemos começar nossas pesquisas – resmungou Amaimon para Mephisto, que acenou com a cabeça. Os dois caminharam lado a lado, cada um segurando sua cauda escondida, entrelaçando-a com a de Okumura em um gesto final de despedida.
Antes de deixar o cemitério completamente, Mephisto puxou a Kurikara da bainha, revelando uma fraca luz azul que mostrava um caminho apenas para ele. Por um momento, Mephisto olhou para o céu chuvoso, sentindo uma ponta de esperança surgir em seu ser.
– Fechem o caixão e podem enterrar Okumura – avisou Mephisto ao coveiro, que prontamente obedeceu, ignorando as demais pessoas presentes, que também começaram a se dispersar em busca de respostas. – Vamos te encontrar, e eu vou te proteger com minha vida – sussurrou Mephisto ao vento enquanto se dirigia ao próprio carro.
Ele e Amaimon partiram dali, indo embora sem intenção de voltar.
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Shura alcançou Mephisto antes mesmo que ele terminasse de entrar no carro, segurando a porta e puxando sua arma do peito, impedindo que ele desse mais um único passo.
– O que você quis dizer lá? – exigiu, sua voz carregada de um sentimento que Mephisto não soube identificar.
– Se quiser descobrir, nos encontre para uma reunião no laboratório secreto. Mas, para isso, terá que fazer um voto de silêncio mortal – respondeu Mephisto, mantendo seu habitual mistério. Shura já estava tão acostumada com esses tipos de votos que apenas concordou.
– Estarei lá e farei o voto de silêncio com Yukio. – Ao ouvir esse nome, Mephisto sentiu uma dor física; a raiva que sentia por aquela pessoa parecia descer por sua garganta como um veneno extremamente perigoso.
– Não, apenas você. Se ele realmente se importasse com Rin, jamais teria apontado uma arma para ele, nem dito inúmeras vezes que ele era apenas um demônio. Um irmão não machuca o outro nesse nível. – Mephisto puxou a porta do carro e desceu o vidro da janela. – Daqui a três horas, me encontre na minha sala, e vá sozinha!
Dito isso, Mephisto partiu para seu escritório, onde encontrou Neuhaus sentado, lendo um livro sobre engenharia genética. Os dois passaram a tarde discutindo e resolvendo os detalhes necessários para criar um novo corpo para Okumura: um corpo mais forte, mais ágil e com mais habilidades do que ele jamais tivera.
Horas se passaram, e Shura caminhava em direção ao escritório de Mephisto quando foi chamada para uma missão de emergência: matar um familiar – o familiar de Okumura Rin. Kuro estava descontrolado. Em sua forma gigante, atacava todos que se aproximavam, miando com todas as forças, chorando a dor de perder seu melhor amigo. Mephisto, que estava em seu escritório, foi chamado – algo que indicava uma situação extremamente complicada. Ao atender o chamado, para sua surpresa, descobriu que se tratava de Kuro.
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A Fênix de Chamas Azul
FanfictionE se tudo tivesse sido diferente? Se Rin tivesse morrido? Se Mephisto tivesse adiantado o renascimento da Fênix? E se Rin não tivesse suportado o ódio dos amigos e do irmão? E se ele tivesse retornado tratando todos com frieza? Se agora ele não se a...