Quanto tempo?

468 46 30
                                    

× Izumo Kamiki × 

A Kirigakure-Sensei estava na sala, aparentemente em seu horário livre. A observava ao longe, ela estava sentada no lugar do Rin com as pernas sobre a mesa observando a porta como todos da sala faziam todos os dias. Eu fazia igual a eles, esperando que Mephisto aparecesse com o Rin logo atrás. 

Suspirei irritada quando Okumura-Sensei entrou na sala, não que não gostasse dele, mentira era sim. Aquele jeito dele de ser todo certinho era irritante, e daí que o Rin era filho de Satã? Oras, ele era irmão gêmeo do Rin, ele também era filho de Satã. 

Yukio – Hoje a aula é sobre sabermos reconhecer qual demônio estamos lidando para não ocorrer julgamentos errados. – Eu estava ouvindo errado? Ou ele tinha tomado uma pequena dose de bom senso essa manhã? Recebeu uma visita do Padre Fujimoto nos sonhos e apanhou nos sonhos? Ou era uma piada de muito mal gosto? Não sei, mas iria retrucar sobre aquilo 

Izumo – Finalmente pesquisou sobre não julgar antes de conhecer Okumura-Sensei? Acho que a dose de bom senso foi forte hoje. – Me levantei da cadeira para conseguir o encarar e pego as folhas de invocação do Mike e Uke para usar caso necessário.

Yukio – O que a senhorita quer dizer com isso? 

Izumo – Você já esqueceu o que o Senhor Mephisto disse? – O observei abaixar a cabeça, talvez se sentindo culpado ou irritado, era difícil decifrar – Se o Sensei podemos refrescar sua memória com o próprio Senhor Mephisto, quem sabe ele também não aponte uma arma na sua cabeça? Afinal você é filho de Satã igual ao Rin, e se seguirmos a linha de raciocínio de muitos daqui, os filhos de Satã devem morrer. 

Eu peguei os dois papéis da mesa assim que ele conseguisse destravar as armas, ele tinha puxado as armas para mim e era até irônico 

Izumo – Apelo humildemente a Deusa Inari. Peço que minhas preces sejam respondidas! – Cruzei os braços e fui andando até a frente da sala parando na frente da mesa do Rin com o Mike e Uke a minha frente – Lembre-se que quem mais machucou Okumura Rin, foi você Okumura Yukio. 

Shura – Que tal guardar as armas Yukio e você dispensar os familiares senhorita Kamiki? Troque o tema da aula Yukio, dê alguma diferente. – Dispensei Mike e Uke depois do Sensei abaixar as armas e me virei voltando para a minha mesa com o olhar de todos sobre mim.

Okumura-Sensei ficou me encarando quase a aula toda e eu devolvia os olhares com certa hostilidade, não era obrigada a ficar no teatro que todos faziam com ele. Ele era tão filho de Satã quanto Okumura Rin.

No fim da aula a Kirigakure–Sensei tinha conversado comigo de maneira vaga, mas pediu para que esperasse até ela falar com o Mephisto. Eu não entendi muito bem, mas talvez fosse algo relacionado a minha pequena discussão com Okumura-Sensei, não tinha sido grande coisa e poderia ficar minimamente brava com todos da sala e principalmente com o Okumura, eram só mentirosos que pensavam em si próprios, mas deixavam as vidas para ele salvar sozinho. E quando ele precisou não tinha ninguém pra ajudar. Até eu não estava do lado dele, por isso não me meto estritamente nisso, mas as vezes que me encontrava com ele era um dos poucos momentos que ele falava com alguém além do Kuro, eu tentava manter uma conversa mesmo sendo chamada de "sobrancelhas", um apelido horrível.

——————————————————

× Amaimon Pheles ×

Estava a dias caçando qualquer vestígios do Okumura Rin, mas pelo jeito ele tinha pegado jeito de brincar de esconde-esconde, vez ou outra o Kuro chorava enquanto cheirava a espada e era nesses momentos que eu dava um peixe para animar ele um pouco. 

Tinha alguns pequenos boatos isolados de chamas azul aparecendo durante a noite e era esses boatos que eu seguia, me prendendo em uma pequena falsa esperança de encontrar o Okumura, mas só poderia voltar com ele então era sempre melhor apressar os passos e seguir em frente sempre buscando por ele. 

Amaimon – Kuro eu vi mais sobre um boato e quando anoitecer vamos verificar, a alguns quilômetros daqui disseram que um fogo azul estava indo em direção a um lago e avançava rápido. – Me sentei na cama da pousada que estava, se eu fosse humano estaria extremamente cansado e pronto para descansar por uma semana, eu não sentia o Rin e quando sentia era bem fraco e já sumia. – As vezes acho que seria bom conversarmos com a Kurikara, afinal é o coração dele e talvez assim ele pelo menos nos escute. 

Me levantei quando o Kuro apenas resmungou se espreguiçando e foi para perto da Kurikara deitando por cima dela, Rin tinha sorte em ter um familiar como o Kuro que chorou tanto com a falta dele e ainda chora. E creio que vai chorar enquanto não poder ficar enrolado nas pernas do Rin ou ganhar o carinho da mão do garoto, como o Kuro havia dito eram os melhores que ele já recebeu e ele sentia mais falta ainda de comer junto ao garoto todas as refeições.

——————————————————

× Okumura Rin × 

A quanto tempo será que eu vagava? As presenças diminuem a cada dia e eu continuava a avançar até não conseguir sentir nada, assim me soltaria mais um pouco a respeito das chamas. Ouvi a voz quase muda do Kuro, me perguntava onde ele estava e se estava bem, afinal perder o Padre Fujimoto e agora eu seria triste para o pobre gatinho. 

Já sentia saudades de acordar com ele falando comigo e pulando na minha cara pra não deixar eu perder a aula, sentia saudades do chamar o Mephisto de palhaço sempre que via ele, sentia saudades de tanta coisa, de poder comer, de poder ver, de poder conversar e até de poder cheirar. Eu vivia de sensações de presença, e minhas sensações não eram tão precisas às vezes. 

Me soltei assim que não percebi absolutamente nada à minha volta e tinha andado em círculos várias vezes. Parei no centro soltando minhas chamas com força para liberar um pouco.


__________________×___________________

Espero que tenham gostado, e espero ver vocês no próximo capítulo

A Fênix de Chamas AzulOnde histórias criam vida. Descubra agora