" — Eu achei que ela era louca quando disse ser do futuro, e se ela for uma ameaça? Ou é da comissão, o mundo vai acabar e temos que impedir. — Cinco falou sem nem se importar com a presença dela ali."
Ana on
— O mundo vai acabar e temos que impedir — Foi oque eu ouvi, eu realmente preciso parar de ficar ouvindo a conversas dos outros enquanto finjo que estou dormindo, mas, COMO ASSIM O MUNDO VAI ACABAR?
— Como assim?? O mundo vai acabar? — Deixei sem querer uma risadinha escapar, aquilo era loucura, o mundo não acaba aqui e nem em 2012, se o mundo acabasse aqui eu não existiria, esse menino deve comer terra, eu não entendo porque o Diego concorda com as asneiras que ele fala, os dois se assustaram e viraram na minha direção.
— Eu não te devo satisfações — Ele sorriu cínico e saiu do quarto, eu não tive nem tempo de falar algo, quando olhei para o Diego, os olhos dele esboçavam confusão.
— Como você fez aquilo? — Senti um estalo na minha cabeça, e lembrei do que tinha acontecido, olhei desesperada para a cama ensanguentada, o sangue parecia estar fresco, levantei minha blusa e lá estava, mais uma cicatriz, mas essa eu sabia o motivo, diferente das outras — Quer me contar? — Ele me lançou um olhar compreensivo, os flashes daquele sonho passavam na minha cabeça, estava uma confusão dentro de mim, levantei da cama com pressa indo em direção ao banheiro, Diego me seguia, sem nem ao menos hesitar peguei a navalha que estava na pia e cortei a palma da minha mão, senti uma ardência e o meu sangue escorrer, Diego veio para cima de mim, tirando o objeto da minha mão. — VOCÊ ESTA LOUCA? — Eu apenas encarava a minha mão, vendo o corte se fechar lentamente, enquanto Diego chamava a minha atenção.
— Não foi um sonho. Não. Foi. Um. Sonho –Era a única coisa que eu conseguia dizer, minha respiração estava ofegante, minha cabeça parecia que iria explodir, as lagrimas escorriam pelo meu rosto, eu queria gritar, sentia meu corpo tremer, eu nunca tinha sentido isso, meus sentidos foram se perdendo, até que perdi a consciência.
— Ana, o que está acontecendo? — Foi a última coisa que consegui ouvir e logo a escuridão tomou conta.
~Flashback on~
Acordei em uma sala estranha, era um lugar apertado, não havia nem portas, nem janelas, eu estava sentada em uma poltrona branca, na minha frente havia uma televisão, uma videocassete e várias fitas espalhadas, todas elas tinham meu nome e um ano, peguei uma fita e nela estava escrito: Ana-1994, coloquei no videocassete e apertei para ligar e dei play.
Era eu ali, eu tinha aproximadamente 5 anos, eu estava com os cabelos presos e um vestido branco. — Olá, eu sou Ana e tenho 5 anos e hoje começa o meu treinamento — A eu do passado parecia feliz e empolgada, ela balançava os pés que não tocavam o chão, pois o banco que estava era muito alto. — Venha Ana –Uma voz masculina soou – Ela sorriu, levantou e saiu. Então a fita saiu do videocassete, coloquei a próxima "Ana-2004", coloquei a fita e dei novamente o play.
No vídeo eu já tinha meus 15 anos, eu estava estranha, parecia abatida –Vamos Ana –Novamente a voz masculina ecoou pelo vídeo, mas a minha reação foi totalmente diferente da primeira fita, eu me encolhi antes de sair, eu não queria aquilo, o vídeo cortou, eu estava em uma sala, a luz era quase escassa, meus pulsos estavam amarrados por cordas, eu chorava e a minha expressão era de dor, não física, mas sim psicológica, no canto estava um senhor de terno, eu sentia que ele me encarava, mas eu não conseguia identificar o rosto dele, ele começou a caminhar na minha direção, algo na mão dele refletia, quando ele já estava bem perto eu vi que ele estava com uma lâmina na mão, eu implorava para ele parar, sem nem hesitar ele cortou o meu braço, eu não segurei o grito, o sangue escorria, em segundos aquele corte se fechava e os únicos vestígios eram uma cicatriz e sangue ainda fresco pelo meu corpo –Você ainda é fraca –Ele falava enquanto me soltava, eu apenas levantei e sai.
Novamente a videocassete abriu e a fita saiu. A cada fita que eu assistia mais eu conseguia me lembrar, eu julguei esse ano que passei aqui como um inferno, mas a minha vida era bem pior, eu era tratada como um experimento, não tinha amor, carinho ou amigos, eu tinha um pai maluco sem emoções, que abusava dos meus poderes, e só me humilhava, ainda faltava uma fita "Ana-2018" era a última peça desse quebra-cabeças, coloquei a fita no aparelho, fitei o botão do play, eu estava com medo do que mais poderia vir, mas eu precisava saber, então apertei o botão.
Eu já tinha 29 anos, era impossível contar quantas vezes eu já tinha tentado fugir do velho, mas ele sempre me flagrava ou me encontrava, cada vez os castigos eram piores, eu implorava que ele me deixasse ir embora, eu queria viver a minha vida, queria trabalhar, conhecer pessoas, fazer amigos, me apaixonar, queria alguém que me desse amor e o afeto que nunca tive, alguém que me dissesse que eu não era uma falha, queria ser normal, dessa vez eu me via amarrada em um leito, ele estava lá, aquele velho desgraçado, eu podia sentir a presença dele. — Sabe Ana, eu tentei, passei todos esses anos tentando te tornar útil, mas você é um fracasso, eu não posso te deixar sair por aí, você é um perigo para os outros, e ninguém vai te querer como eu quis, mas você é ingrata, não tem como ser rápido e indolor, na verdade, nem se desse eu faria. — Ele tinha em punhos uma adaga, ele encostou ela contra o meu peito, e começou a levantar, para pegar impulso, quando a adaga estava chegando perto, uma luz azul me cobriu, sentia um vento forte e um embrulho no estômago e então eu cai de uma luz azul que estava no céu, no meio de uma praça, era noite, e não tinha ninguém perto, mais tarde eu descobri que era Dallas, mais precisamente 1° de Agosto de 1962.
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Asylum - Diego Hargreeves
Fanfic-Desculpa, mas você não parece perigosa -Ele disse me encarando. -Talvez seja porque eu não sou -Disse com um leve sorriso cínico -Pode dormir eu não vou tentar matar você.