- Beatriz Narrando -
Eu ainda não conseguia acreditar no que tinha acontecido, não conseguia fechar os olhos por um segundo que já vinha toda cena na minha mente e quando dormia acordava assustada porque sonhava com os olhos daquele monstro. Era difícil saber que meus pais estavam sofrendo, saber que meu irmão estava sofrendo mas não pelo que ele passou e sim pelo que eu passei. Pode parecer besteira mas por um momento eu acreditei nas palavras do policial, mas depois meio que se tornou impossível ele descobrir os assaltantes e principalmente quem fez isso comigo.
- Filha, nós estamos falando com você - minha mãe falou de forma carinhosa mas sabia que ela não estava bem
- Eu não quero que vocês contem - falei baixo e olhando pra eles
- Não contar o que? - perguntou meu pai sem entender
- Não quero que conte o que aconteceu comigo, não quero ninguém me olhando com pena ou me tratando diferente - falei explicando e eles se olharam
- Nós vamos respeitar sua decisão - minha mãe falou alisando minha mão
- Quando eu vou embora? - perguntei olhando pra eles
- Não sabemos ainda, princesa - meu pai pai falou me olhando - Acho que após a cirurgia
- Vou operar mais tarde, né? - perguntei baixo
- Isso mesmo - minha mãe confirmou
- Tô cansada de ficar aqui - falei olhando pro lado
- Nós vamos levar seu irmão pra casa, o horário de visita acabou e a mamãe não pode ficar aqui - falou beijando meu rosto
- Tudo bem - falei sorrindo fraco e eles saíram
Fiquei um tempo ali olhando pra parede até que fui interrompida pela médica entrando no quarto.
- Como você está? - perguntou me olhando
- Como você acha? - perguntei sem olhar pra ela e por momento me arrependi pela grosseria mas eu estava com uma dor tão grande que eu não conseguia nem pensar direito, e o que me matava era saber que não era uma dor física
- Imagino que nada bem - falou sorrindo fraco
- Adivinhou - falei afirmando com a cabeça
Ela ficou um tempo ali no quarto e só saiu quando uma outra médica chamou ela e mais uma vez fiquei afundada nos meus pensamentos.
- Bruno Narrando -
No dia seguinte na parte da tarde acabei voltando ao hospital, assalto seguido de morte e o assaltante estava em cirurgia, a vítima do assalto era um policial militar, mesmo baleado ainda conseguiu balear o assaltante. Fiquei conversando com a médica que tinha atendido o cara assim que ele chegou na emergência, ela era a mesma médica que atendeu a menina vítima de estupro.
- Não é uma cirurgia difícil - começou a explicar - Mais duas horas e a cirurgia acaba
- Ok, conversei com o diretor e um andar foi separado pra ele ficar - contei
- Melhor assim - concordou - Os outros pacientes não se sentem confortável
- Normal - ri fraco e comecei a prestar atenção na conversa de dois faxineiros
- Entrou no quarto? - um deles perguntou e o outro riu
- Não, mas fiquei sabendo que ela é bem gostosinha - quando eu ia voltar a minha atenção pra médica me subiu um ódio na hora quando o outro respondeu e eu entendi sobre o que eles falavam
- Ah, então é dessas que provoca o cara e vem dizer que foi abusada - ele quase sussurrou a última parte mas eu estava perto o suficiente pra ouvir e um senhor que também estava perto olhou na hora - Se bobear usava uma roupa provocante
- Como é? - perguntou e na hora eu fiquei em alerta - O que você falou? Repete
- Eu não - gaguejou e eu percebi o ódio na cara do homem, o faxineiro não teve nem chance de continuar e tomou um soco na hora
- Paulo - a mulher que estava um pouco afastada se assustou
- É da minha filha que você está falando, seu filho da puta - foi pra cima do cara e deu mais dois socos, eu iria deixar ele bater mas percebi que a senhora ficou bem nervosa
- Chega - me aproximei e puxei ele de cima do homem
- Ele falou da minha princesa - falou com raiva
- Fica calmo - pedi e percebi a mulher chorando - Olha ali - falou apontando com a cabeça pra mulher
- Amor, me desculpa - falou indo até a mulher e abraçou a mesma
- Tirem eles daqui - a médica ordenou para os seguranças e apontou para os faxineiros
- Sim, senhora - falaram e eu percebi o casal saindo dali
- Como tem gente que pensa assim? - perguntei com raiva
- Não consigo entender - falou sincera
- Se fosse a minha filha eu matava - confessei
- E eu não ira julgar - falou me olhando e suspirou - Eles falaram da roupa como se justificasse alguma coisa
- E não justifica - completei
- Sabe como ela estava vestida? - perguntou de repente e eu neguei - Calça jeans, tênis e um moletom vermelho do mickey - contou - Caso alguém ouse falar sobre roupa provocante
- Com todo respeito, doutora - dei uma pausa - Com gente assim só mandando tomar no cu
- Verdade - riu baixo
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Uma vida nova
FanficEu me chamo Beatriz, tenho 17 anos e levo uma vida normal pra alguém da minha idade, pelo menos levava.