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- Beatriz Narrando -
Hoje era um dia complicado pra mim, se completava um 1 ano do estupro e isso me deixava muito perturbada. Pra se ter uma ideia nas últimas noites nem dormir eu consegui, hoje acordei às 06:30 com o Lucca chorando pra trocar a fralda.
- Hoje é um dia difícil, gatinho - observei o Lucca no berço e ele bocejou - Mesmo eu não querendo vem memórias ruins na minha mente e pensamentos piores mas a mamãe promete que vai ser forte por você, tá? - falei e ele sorriu - Você não tá entendendo nada, né? Vem mamar então - ri fraco e limpei as lágrimas que tinham escorrido pelo meu rosto, peguei ele no colo e deitei o mesmo na cama, troquei ele rapidamente e me sentei com ele no colo pra amamentar
Eu simplesmente não conseguia segurar o choro, o Lucca tinha mania de mamar me observando e as lágrimas desciam sem parar, quando eu me dei conta já estava soluçando e chorando alto.
- Beatriz - escutei a voz assustada do meu irmão e o choro do Lucca
- Sai, Rafael - pedi em meio ao choro
- Solta ele - falou calmo e tentou tirar o Lucca do meu colo já que eu apertava o mesmo
- Sai, Rafael - gritei chorando e o Lucca chorava ainda mais
- Mãe, pai - gritou saindo do quarto e não demorou dois segundos para os nossos pais entrarem assustados no quarto
- Bia, me dá ele - minha mãe falou calma e eu segurei ele mais forte - Bia, da ele pra mamãe
- Eu tenho que ficar com ele - solucei - Eu preciso ficar com ele
- Não precisa - falou calma e conseguiu pegar ele do meu colo, entregou para o meu pai e ele saiu do quarto junto com o Rafael - Respira fundo e fica calma, você precisa se acalmar - segurou as minhas mãos e eu apertei com força - Fecha os olhos e respira fundo
- Não, se eu fechar vou lembrar do que aconteceu - falei chorando
- Não, fecha os olhos e concentra só na minha voz - pediu e eu fechei os olhos - A mamãe está aqui com você, ninguém vai te fazer mal, estamos no seu quarto e não tem perigo nenhum - ela falava com a voz tão calma que aos poucos a minha respiração foi acalmando - Abre os olhos, Bia
- Ta - falei baixinho e após um tempo eu abri os olhos
- Melhorou? - perguntou me olhando e eu neguei com a cabeça - O que você está sentindo?
- Uma angústia - funguei - Eu tô com uns pensamentos tão ruins, mãe. Não quero pensar assim mas está tão difícil
- Quer ligar pra Alessandra? - perguntou e eu assenti rapidamente
- Tá muito cedo - falei já que não eram nem 07:30 da manhã
- Ela disse que a qualquer momento nós podemos ligar - falou se levantando - Só vou pegar o celular
- Ta bom - falei baixo e ela saiu do quarto
- Voltei - escutei depois de um tempo e ela me entregou o celular - Vou ficar ali no corredor, tá? Qualquer coisa você me chama
- Ok - falei e ela saiu, apertei pra fazer a ligação e coloquei o telefone no ouvido
- Ligação On -
Alessandra: Oi, Lívia! Aconteceu alguma coisa? - perguntou rápido assim que atendeu
Beatriz: É a Bia - falei baixo
Alessandra: Oi, Bia - falou e eu já senti os meus olhos se encherem de lágrimas - O que você quer me falar?
Beatriz: Tá tão difícil, não que eu achei que fosse ser fácil hoje mas meu deus tá muito difícil - comecei a falar rápido e as lágrimas voltaram a cair - Qualquer coisa me faz lembrar o que aconteceu e tudo me vem as imagens na cabeça
Alessandra: É difícil mas você tem que tentar se lembrar sempre que hoje é um novo dia, que aquilo não vai se repetir e que você está protegida e longe daquele monstro - falou e eu senti as minhas mãos suarem
Beatriz: Eu não consegui dormir, porque eu fechava os olhos e tudo voltava pra minha cabeça - confessei - Quando o Lucca acordou pra mamar eu prometi pra ele que iria tentar ser um dia comum mas eu não conseguia. Por que eu não consigo?
Alessandra: Por que hoje não é um dia comum - falou simples - Você precisa entender que você pode tentar fazer o dia ser menos difícil, ser diferente mas não vai conseguir ficar 100% feliz ou simplesmente apagar o que aconteceu
Beatriz: Talvez por isso que tudo vem acompanhando dos pensamentos - falei baixo
Alessandra: Que pensamentos, Bia? - perguntou séria mas com a voz calma
Beatriz: Que se eu morresse tudo seria mais fácil, não iria passar por nada disso - falei baixinho - Sinceramente? Eu acho que a única coisa que me impede é o Lucca, a única coisa que me impede de fazer o que a voz na minha cabeça manda é o Lucca
Alessandra: E o que essa voz manda? - perguntou e eu solucei
Beatriz: Me matar - fechei os olhos e ela ficou um tempo em silêncio - É isso que eu penso
Alessandra: Você sabe que no fundo não quer se matar, você tem um problema a ser solucionado, você quer matar é este problema - deu uma pausa - Vamos levar as coisas por uma linha racional, quais as soluções que você pensou?
Beatriz: Me esconder do mundo - falei e respirei fundo - Mas como faz isso com um bebê de 3 meses que depende de mim pra mamar?
Alessandra: Vamos resolver - falou calma e eu assenti
- Ligação Off -
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Uma vida nova
Fiksi PenggemarEu me chamo Beatriz, tenho 17 anos e levo uma vida normal pra alguém da minha idade, pelo menos levava.