Capítulo 86

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- Bruno Narrando -

Faltava apenas 10 minutos pra acabar o meu plantão quando a Luana entrou na minha sala e se sentou na minha frente.

- Fui no hospital e conversei com todos os envolvidos no caso - falou e eu soltei os documentos que estava lendo - Ainda tive uma reunião com o conselho

- E aí? - perguntei ansioso

- E aí que vão nos apoiar - falou simples e sorri - Já deixei todo mundo ciente que eles podem ir atrás do caso no hospital

- Isso é muito bom. Muito obrigada por tudo - falei sorrindo

- Você é um irmão pra mim e a Bia entrou pra família também - falou sorrindo e se levantou - O juíz quer falar com você

- Manda ele entrar e pode ir pra casa - me levantei e assim que ela saiu o juíz entrou

- Só nós dois. Vamos resolver logo isso, porque já demorou demais essa palhaçada - falou sério me olhando

- Fiquei confuso agora, até onde bem me lembro isso aqui é uma delegacia e não um circo. Mas talvez tenha se tornado um circo quando o grande palhaço que é você entrou aqui, né, juíz Werneck? - falei irônico

- O que você quer? - perguntou revirando os olhos

- Pra começar que você me respeite e se ponha no seu lugar porque aqui você não passa do pai de um viciado estuprador - falei sério - Depois eu quero que você entenda que não vou abaixar a cabeça pra você e muito menos livrar seu filho - me encostei na mesa

- O que você ganha com isso? - perguntou me encarando

- Justiça - falo como se fosse óbvio

- E em troca disso você acaba com a vida de um jovem? - perguntou e não aguentei, acabei caindo na risada

- Acabar com a vida dele? Você ficou maluco, né? Quem acabou com a vida dele foi você quando começou a passar na cabeça dele, colocando ele na frente das leis e permitindo que fizesse o que bem quisesse - falei simples - Não vou discutir criação de filho com você, ok? Deixa de ser burro e seja racional, o seu filho é um desgraçado que acabou com a vida de uma jovem

- Acabou nada, pelo que eu entendi a garota tá viva - falou em desdém

- Você tem uma filha, né? Pelo que eu sei ela tem um pouco mais de 15 anos, isso ela tem 17 anos, a idade que a vítima tinha na época. Imagina mas imagina com atenção algum vagabundo espancando sua filha, imagina ela gritando de dor e pavor, como se não bastasse o filha da puta começou a alisar o corpo dela e por fim decidiu comer a sua filha a força - dei uma pausa e ele se mexeu inquieto - Cada grito de dor, cada grito de medo e cada vez que ela pedia pra parar porque estava doendo e porque não queria ele simplesmente ficava mais excitado e isso dava força pra ele. Quando ele finalmente gozou largou ela lá largada na rua, machucada e esperando que alguma alma boa passasse e fizesse algo. Imaginou bem? - finalizei olhando nos olhos dele, quando eu acabei ele engoliu a seco e eu vi pelos seus olhos o quão perturbado ele ficou

- Você vai acabar com a vida do meu filho - falou baixo

- Ele acabou com uma família, ele jogou no lixo sonhos de uma menina - dei de ombros e andei até a porta abrindo a mesma - Agora vai embora e não volta mais aqui com a intenção de que eu livre seu filho

- Eu vou acabar com você, Bruno Müller - falou olhando nos meus olhos

- Estou esperando - debochei e ele saiu

- Beatriz Narrando -

Hoje eu coloquei o Lucca pra dormir no quarto dele, estava sentindo maior falta dele lá comigo, né? Mas ele tinha que se acostumar e também qualquer choro ou resmungo eu pego ele de volta. Acordei no meio da madrugada ouvindo barulho vindo da babá eletrônica, levantei igual louca e quando entrei no quarto era o Bruno brincando com o Lucca que estava rindo e resmungando.

- Como entrou aqui? - perguntei após me recuperar do susto

- Eu ia te ligar mas quando cheguei aqui o Rafael estava entrando - explicou e eu assenti

- Aconteceu alguma coisa? - perguntei preocupada

- Eu estava precisando de paz e só vocês me dão isso - falou beijando a testa do Lucca

- Tô ficando preocupada - falei baixo - Eu sei que você não está bem e querendo ou não eu fico mal também

- Eu vou dar um jeito em tudo - colocou o Lucca no berço e se aproximou

- Do que você tá falando? - perguntei sem entender

- Eu só quero que confie em mim - falou olhando nos meus olhos

- Bruno, eu confio em você - falei simples e sorri fraco - Desde a primeira vez que vi você

- E quero que saiba que tudo que eu fizer é pelo seu bem e pelo bem do nosso filho - falou baixo

- Eu tô ficando com medo - falei sincera e suspirei - Mas eu confio 100% em você - falei dando um abraço apertado nele

- Eu amo vocês mais do que tudo nessa vida - falou me apertando no abraço e olhou nos meus olhos. Naquele momento eu vi como o Bruno estava preocupado, ele estava completamente desarmado

- E nós amamos você acima de tudo - falei dando um selinho demorado nele - Vai dormir aqui, né?

- Posso? - perguntou brincando e eu fingi estar pensativa

- Pode - falei depois de um tempo e ele riu baixo - Vai tomar banho e depois nós vamos dormir bem agarradinhos

- Gostei disso - sorriu beijando a minha bochecha - Bia, o que você acha de nós levarmos o Lucca? Pra ele dormir com a gente

- É a primeira noite dele no quarto - falei olhando pro Lucca que tentava pegar o mobile - Só que já foi muito tempo aqui, né, filho? - peguei o mesmo do berço e o Bruno riu

- Acho que o lance da adaptação é pra você, viu? Por que ele está tranquilo - falou rindo e fomos pro meu quarto

- Cala a boca - resmunguei e ele riu mais ainda

- É sério - abriu os botões da camisa - Se bobear ele dorme fora que nem liga

- Bruno, você quer ir dormir no quarto de hóspedes ou na sua casa? - perguntei e deitei o Lucca na cama, ele terminou de tirar a camisa e em seguida abriu o cinto

- Sabe nem brincar - resmungou e tirou a calça

- Sei não - falei rindo e me deitei quando ele entrou no banheiro

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