Stαrry Night ~ Asahi Azumane

29.

—[nome], ei [nome]. Acorde. —A senhora bibliotecária disse te cutucando.

—An?. —Você disse coçando os olhos confusa.

—Minha filha você dormiu demais, fiquei preocupada e vim ver. —Ela disse com calma te entregando uma xícara de chá.

—Obrigada. —Agradeceu aceitando o chá. —Como..como a senhora sabe meu nome?

—Azumane falou. —Ela disse se sentando com dificuldade ao seu lado.

—Ah..

—Gostou do livro?

—Na verdade peguei no sono antes de conseguir ler alguma coisa além da sinopse. —Você disse soltando um riso fraco.

—Ele é ótimo. —A senhora diz bebendo um gole do seu chá.

—Eu gostei da capa, me chamou atenção. —Você disse simples observando a capa novamente.

—Vou contar um pouco sobre ele, se importa?.

—Nem um pouco. —Você disse se ajeitando confortavelmente no tapete.

—Vou tentar resumir o máximo que puder, mas é um livro cheio de drama e com um conteúdo forte, leve para ler ele com calma. Se quiser que eu pare é só falar. —Ela disse começando a contar.

—"Yuri era um menino muito esperto, engraçado e que irradiava luz. Ele tinha amigos fiéis e amava conhecer gente nova. E todos a sua volta gostavam dele, não tinha um único ser que não amava Yuri.
E Katy era uma menina inteligente porém muito quieta. Ela tinha poucos amigos e quase nunca saía, era sempre ela por ela. Tinha seus dias bons e seus dias ruins, uma bipolaridade que não se pode explicar.

Katy estudava em uma ótima escola, uma das melhores do país, porém não tinha nenhum amigo lá, os únicos amigos eram os seus livros. Por mais que ela tentasse ela tinha medo de se aproximar, pois teve experiências muito ruins no passado.

Um dia Yuri se mudou para essa escola, e logo ficou encantado pela menina, então a sua primeira vítima para fazer amizade seria ela, por mais que ela o afastasse, inconscientemente, ele sempre tentava se aproximar de novo sem tirar o seu belo sorriso do rosto.

Até que eles se aproximaram, e Yuri passou a apresentar gente nova para Katy, mas alguns amigos de Yuri o avisaram sobre ela, ele estava cego de mais para perceber o tanto de problemas que ela tinha, e que isso poderia afetar ele.

Katy tinha uma depressão forte, e já não estava mais lutando contra isso. Mas por Yuri ela tentou, tentou, tentou... mas falhou.

Passados alguns meses, eles estavam apaixonados, mas não se declararam um para o outro. E assim ficaram por mais dois meses.

Katy estava aguentando, por Yuri, para que ele não sofresse. O único problema era que ele já sofria, a insegurança e paranóia de que ela o rejeitaria estava enlouquecendo ele.

Então a certo momento, Katy seguiu o caminho errado da vida, deixou que todos os problemas a consumissem. Yuri tinha ajudado ela com tudo que podia, defendido ela com unhas e dentes, ele até conseguiu outra psicóloga para ela.

E em menos de um mês ela estava diferente, mais alegre e sempre sorrindo, a sua psicóloga estava tão orgulhosa dela e Yuri estava mais orgulhoso ainda.

Eles começaram a namorar, os amigos de Yuri viraram amigos de Katy também. E todos estavam alegres e apaixonados.

Mas, certo dia os pais de Yuri tiveram que se mudar, e ele teve que ir junto obviamente. Então ele e Katy resolveram que terminariam o namoro ali, pois Yuri iria para bem longe e ela não aguentaria namorar alguém a distância, mas seguiram a amizade, uma linda amizade.

Mas isso não durou muito, logo que Yuri partiu, Katy não precisava mais se esconder atrás de uma máscara, e explodiu em crises e mais crises.

Uma semana depois, no dia do aniversário dela Yuri mandou um presente para ela, um lindo moletom, que era dele mas que ela amava usar...mas o presente voltou, junto com uma carta dos pais dela, avisando que ela havia partido deste mundo..."

Então menina se você quiser saber o resto da história vai ter que ler o livro, eu esqueci muita coisa por conta da idade, mas sei que aí tem uma ótima história. —A senhora disse batendo na capa do livro.

—Mas ela tirou a própria vida? —Você perguntou curiosa.

—Não, ela nunca faria isso, pois ela tinha jurado para Yuri. Então ela aguentaria, mas algo ruim aconteceu, e se você quiser saber leia o livro, mas não olhe as últimas páginas. —Ela disse soltando um riso baixo e fraco, enquanto te olhava beber o chá.

—Então o livro é sobre mistério, sei lá um assasinato, e não sobre romance com final triste.

—Quem sabe...

—Acho que não é meu gênero favorito, mas vou ler, quero saber oque aconteceu com ele depois da notícia. —Você disse sem muito interesse, terminando o chá e se levantando.

—Tenha uma boa noite. —Ela disse ainda sentada e você assentiu com um sorriso fraco.

—Menina. —Ela disse fazendo você se virar e encarar ela. —Sempre que estiver que escolher entre seu instinto e  provas, siga seu instinto. Sexto sentido de mulher nunca falha..

Você deu um meio sorriso e saiu com o livro em mãos. Entrando no carro sentiu um cansaço gigante, mas não sabia o porque. Olhou no relógio e viu que ainda era só onze da noite, então foi para casa. Ninguém mandou mensagem avisando sobre festa ou sobre sei lá o que.

(...)

Chegando em casa o sono já havia saído de seu corpo, então resolveu que leria o livro até conseguir dormir, se caso conseguisse.

Subiu colocando um moletom maior e ficando apenas com ele e com um calção de academia, pegou uma carteira de cigarros, uma lata de energético, e o livro, colocou Favorite Dress, Cutedoc, para tocar na televisão da sala e saiu até a área de trás da casa.

Se sentou na beira da piscina com os pés na água, a água estava gelada mas não incomodava, logo se acostumou com a temperatura e com o vento gelado em seu rosto.

Agora sim, poderia ler em paz, e sem dormir.

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