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— Mãe! [Nome] chegou. – Emily anunciou enquanto te puxava para dentro de uma sala.

E lá estava ela, sua mãe, com aqueles típicos óculos na ponta do nariz, tricotando alguma coisa como era de costume, até onde conseguia lembrar. Aos pés tinha um gato bem peludo, ele tinha um tom acinzentado e olhos pretos e grandes. E ela estava sentada em uma cadeira de balanço com a cesta de novelos aos seus pés, bem próxima ao gato.

— Dona Karina. — disse assim que entrou, a mais velha te encarou dos pés à cabeça. O olhar da mais velha era doce e sem nenhum ressentimento.

— Filha. – seus olhos se encheram de lágrimas, poderia usar as duas mãos e ainda não conseguiria contar a quantos anos ela não te chamava de filha.

Ela levantou com certa dificuldade, vindo na sua direção e te abraçando. Quanta saudade sentiu desse abraço, o abraço da mãe carinhosa de quando você era pequena.

— Mãe. – repreendeu Emily depois de alguns segundos. — Senta, a senhora não pode fazer muito esforço.

— Cale a boca e deixe eu abraçar sua irmã.

— Quando a senhora começou a falar tanto palavrão? – perguntou soltando um riso.

— Agora eu tô velha e ninguém pode me impedir de nada.

— O médico pode. – Emily disse séria e em seguida saindo da sala rindo.

— Senta aí. – ela disse jogando uma almofada para você sentar no chão, ali perto dela.

— A senhora já...

— Sim, eu já te perdoei. – falou já sabendo o que você perguntaria e voltou a tricotar.

— Eu devia ter feito isso a muito tempo. – olhou para frente imaginando algo e continuou. — Seu pai morreu e não foi culpa sua, e se ele confiou toda a facção nas suas mãos eu tinha que te dar apoio. Você era adolescente e tinha acabado de perder o pai, e ainda conseguiu comandar uma facção inteira. Eu tenho orgulho de você. – ela finalmente te encarou com os olhos um pouco marejados. — Você sempre será a minha filha, desculpa por tudo.

Nesse momento as lágrimas estavam rolando em seu rosto e você não conseguia conter, aquilo era tão importante pra você.

— Mãe, porque? Porque agora?

— Eu não tenho muito tempo, eu estou doente e queria o seu perdão antes de me esquecer de você.

— Se esquecer... de mim?

— Estou com Alzheimer, e já está avançado. Tenho outra doença mas essa nem os médicos sabem o nome, ninguém consegue descobrir e eu já esqueci de tanta coisa. – ela falou rindo tentando tirar o clima tenso do ambiente.

— Porque não me contou antes? Poderia ter me ligado ou sei lá, porque não me contou? – levantou um pouco o tom sem querer.

— Não sei. – deu de ombros.

— Você sabe que eu posso pagar um tratamento com ótimos profissionais e equipamentos, posso pagar o melhor acompanhando médico do mundo. – você falou se levantando do chão.

— Eu também posso. Mas não quero, estou indo para Tokyo uma vez por mês, faço um ótimo tratamento, e me mantenho sozinha. Eu não preciso do seu dinheiro [Nome], eu mesma me sustento, construí meu próprio negócio e ganho meu próprio dinheiro, e posso muito bem pagar meu próprio tratamento.

— Vem morar comigo na capital. – falou no impulso, sabia que ela não aceitaria pois era orgulhosa demais pra isso.

— Não. Quero passar o meu tempo na minha casa.

Stαrry Night ~ Asahi AzumaneOnde histórias criam vida. Descubra agora