Red Lips (Jungkook & Jimin & você)

the Prey

RED LIPS

Capítulo 2
THE PREY

Lábios vermelhos sempre mentem

Dias Atuais

As coisas pareciam absurdamente normais e, convenhamos, tudo que é normal demais gera suspeitas. A parte mais bizarra nem foi sentar nos bancos que ficavam em frente ao balcão e observar Jungkook cortar a torta com uma delicadeza que nunca vi antes em sua pessoa, mas, sim, começar a conversar com eles depois disso como três adultos maduros e sensatos; como se estivéssemos dividindo a mesa de um bar num reencontro entre amigos. Ok, bem estranho. Isso é, com certeza, algo que vou adicionar a minha lista de momentos confusos que aconteceram na minha vida.

– É indelicado perguntar sobre sua vida amorosa, s/n? – quem puxou o assunto foi Jimin – A minha está em plena decadência. Saí com umas garotas que não tinham nada a ver comigo. É sempre tão chato quando isso acontece, não acha? Você vai com uma expectativa e, quando vê,... nossa, decepcionante.

Eu ri de maneira suave e agradável, provocando seus sorrisos gentis também. Sorrisos gentis que eu sabia esconderem algo sujo por trás – afinal, eu escutei sobre seus delírios por longos meses. Sempre aqueles sorrisos lindos. Malditos sorrisos.

– Sobre mim... – ajeitei o cabelo atrás da orelha, um pouco envergonhada por ter me tornado o foco da conversa – bem, é o que eu sempre digo: inteligência é o melhor afrodisíaco que existe.

– Tenho certeza que você anda bem disputada – Jungkook brincou, dando uma cotovelada de leve em meu braço.

Certo... isso alcançou um novo nível de estranho agora. Desde quando tínhamos essa intimidade? Ou melhor, desde quando eu sorrio quando ele me toca de maneira tão espontânea?

– Opa, claro – rolei os olhos – Tão disputada quanto multa de trânsito. Acho que "evitada" seria uma palavra mais legal depois de ter dispensado tanta gente de um jeito rude nos últimos tempos.

– Oh, isso é uma pena – Jimin deixou o sorriso se alargar – Mas não te culpo em nada. As pessoas andam cada dia mais entediantes, mais... fechadas, medrosas... isso não se parece em nada com quem você é, não acha?

– Pode-se dizer que sim – falei pensativa.

– A noona assusta os homens fracotes – Jungkook provocou, me fazendo rir – Não me impressiona que eles fujam com medo de uma mulher... assim.

Senti meu rosto ficar quente de vergonha diante das suas palavras e segurei o impulso de escondê-lo com as mãos. Abaixei os olhos para meu celular que se encontrava virado para baixo. A tela não bloqueava sozinha e, devido a isso, o número da polícia ainda devia estar ali. Olhem para mim: ficando toda boba por algo que meu ex-paciente disse e ainda querendo chamá-lo de louco, sendo que sou eu a anti-ética. Por que mesmo eu estou fazendo isso? Fui eu quem vim aqui. Fui eu quem me dispus. Sou eu quem está corando e se embolando. Discretamente, virei o celular e apaguei o número. Eu percebo agora que inconscientemente os segui, segui meus desejos, mesmo que não estivesse raciocinando isso de uma forma lógica. Nunca foi o contrário: nunca tive medo. Era um amontoado de luxúria. Foi vontade, foi sempre vontade, vontade desde o início. É uma vergonha eu, como psicóloga, cair na real tão tarde. Porém, somos humanos. Precisamos entender nossos receios e respeitar o que sentimos, às vezes precisamos estar prontos para a aventura antes de embarcar.

– Ah, definitivamente, homens fracotes são os que mais vem atrás de mim – revirei os olhos.

Os dedos longos e finos de Jungkook acariciaram meu pulso furtivamente, me fazendo levar um pequeno susto. Seus olhos estavam grudados em mim, havia algo brilhando dentro deles quando falou: