Antes que ela pudesse responder, seu telefone celular chamou. Não era o toque de seu pai, e se estivesse em casa, ele teria deixado na secretária eletrônica. Mas não estava em casa. Ele veio aqui para fazer um trabalho, e implicava responder chamadas telefônicas em momentos inconvenientes. Assim ele levantou seu casaco do piso e tirou seu celular do bolso.
— Charles, — ele disse.
Foi o que respondeu com um muito fluido francês sulista, tão rápido como capto uma palavra em quatro. Mas foi suficiente.
— Já vou, — ele disse, e desligou o telefone enquanto o outro lobo ainda falava.
— Escutou isso? — Lhe perguntou procurando suas botas.
Anna colocou de um empurrão seus pés em seus sapatos.
— Não falo francês.
— Os lobos Espanhóis estavam comendo no restaurante em que Jean Chastel decidiu levar a seus lobos. O assunto se incrementou, para incrementar a diversão, o Alfa Britânico está ali, também.
— Quem chamou?
— Michel, um dos outros Alfas Franceses, que será castigado se Jean vier a saber. Deduzo que nosso informante ligou do banheiro masculino. Espero que ele tenha tomado precauções para proteger-se. — Ele sacudiu seu casaco. — Seattle é uma cidade grande. Difícil para que três facções de homens lobos terminem no mesmo restaurante ao mesmo tempo. Se souber que alguém planejou isto, rodarão cabeças.
— Se o restaurante for o porão da Bubba Barbeque, poderia ser um acidente, — Anna disse, arrastando seu casaco. — Teve ao menos cinco membros de alcateias, incluindo a seu pai e Asil. Aparentemente é famoso por suas costelas intermináveis, interminavelmente boas. Asil disse-me que ele nunca tinha feito propaganda, mas sua reputação é tão boa que se propagou até as alcateias da Europa.
Charles a olhou atentamente.
— As pessoas falam contigo. — ele disse. — Isso poderia ser útil.
***
Aparentemente, correram para o restaurante. Anna se alegrou de usar seus tênis sobre a úmida e pronunciada colina sobre a que se precipitaram.
Charles, com seus passos de gato, escorregou-se e arrastou na chuva torrencial. Suas botas de vaqueiro tinham a sola escorregadia, e ela não acreditava que pudessem ajudar a frear muito. Ambos correram silenciosamente, mas ela poderia sentir a atenção que atraiam. Na cidade, as pessoas prestam atenção quando a gente corre porque a gente bem poderia ser predador ou presa.
Isso a preocupou por um momento, mas a avaliação de risco era algo que teria que deixar a Charles. Ela não sabia qual era a implicação ou quão tão longe estava o restaurante, exatamente. Ele mantinha sua velocidade facilmente dentro dos limites humanos, então, sim, ele dava alguma importância à atenção que eles atraíam.
Ela gostou de correr com ele. Sem ele, algo dentro dela, sempre temia que se convertesse na presa. Ela não poderia imaginar o Charles sendo a presa de alguém.
Depois de algumas quadras, ele desacelerou a um passo enérgico, e trocaram de direção em uma rua nivelada paralela ao Som. Como o lago Michigan em sua Chicago nativa, a água tinha uma presença, um peso que poderia sentir, ainda se ela não tivesse olhado furtivamente entre os edifícios e as ruas.
Um sinal vermelho de néon proclamando o Porão da Bubba como o lugar com o melhor andaime em Seattle, tinha uma flecha apontando os passos para o porão de algo que poderia ter sido alguma classe de edifício de um banco ou de um escritório, tinha essa aparência neutra de alta escala. Charles abriu um lado da porta dupla na entrada, liberando a combinação embriagadora de carne vermelha, molho assado à churrasqueira, e café. O restaurante estava fracamente iluminado e, logo depois de um olhar rápido de Anna, em sua maior parte cheio. Havia uma sensação pesada sobre o quarto, como o peso de uma tormenta, tão forte, que Anna se perguntou se até os humanos podiam sentir.
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O Domínio do lobo
WerewolfESSA É UMA OBRA DE PATRICIA BRIGGS A humanidade estaria pronta para conviver com lobisomens? Depois de se transformar em lobisomem, Anna Latham não fazia ideia do quanto sua vida se tornaria complicada... e perigosa, já que acabaria se tornando a co...