CAPÍTULO 17

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Tenho que me encontrar com ela. Acho que não consigo continuar assim. Não me importo de estragar tudo. Estou quase agarrando a tela do laptop.

Kat Kat Kat Kat Kat Kat Kat 

Sério, parece que vou entrar em combustão.

Passo o dia todo na escola com um nó no estômago, o que não faz sentido, porque não há motivo para isso. Porque, na verdade, são só palavras em uma tela. Eu nem sei a porcaria do nome dela.

Acho que estou meio que me apaixonando.

Durante todo o ensaio, fico olhando para Kim Jiwoo na esperança de que ela faça alguma coisa que me dê uma dica. Qualquer coisa. Ela pega um livro e meus olhos vão direto para o nome do autor na capa. Porque talvez o livro seja o da bosta do Casanova, e só conheço uma pessoa que tem um livro escrito pela bosta do Casanova.

Mas é Fahrenheit 451. Provavelmente, para a aula de literatura.

Como deve ser uma pessoa quando os muros dela estão desabando?

Hoje ninguém está conseguindo se concentrar muito, tudo porque um aluno do primeiro ano entrou escondido no laboratório de química e ficou com o pinto preso em um béquer. Sei lá, sabe. Parece que postaram no Tumblr. Mas acho que a Srta. Jo está cansada de ouvir essa história, então nos deixa sair mais cedo.

Ainda está claro quando estaciono na porta de casa. Billie quase explode de alegria quando me vê. Parece que sou a primeira a chegar em casa. Fico curiosa para saber onde Soyeon está. É bem esquisito que ela não esteja em casa, para falar a verdade.

Estou agitada demais. Nem tenho vontade de lanchar. Nem de comer Oreo. Não consigo ficar sentada. Mando uma mensagem para Jihyo perguntando o que ela está fazendo, embora eu já saiba que está jogando video game no porão, porque é isso que ela sempre faz nas tardes antes do início da temporada de basquete. 

Ela diz que Chan está indo para lá. Então, coloco a coleira em Billie, saio e tranco a porta.

Chan está estacionando quando chegamos. Ele abre a janela e chama Billie, que imediatamente me abandona para ir até ele.

— Oi, docinho.

Ela apoia as patas na porta do carro e dá uma lambida educada no rosto dele.

— Você só saiu agora do ensaio? — pergunta Chan enquanto andamos até o porão de Jihyo.

— Saí. — Giro a maçaneta e abro a porta. — Billie. NÃO. Venha.

Parece que ela nunca viu um esquilo na vida. Santo Deus.

— Nossa. Então são, tipo, duas horas por dia, três dias por semana?

— São quatro dias por semana agora. Menos na sexta. E ensaiamos o dia inteiro no sábado.

— Uau.

Jihyo desliga a TV quando entramos.

— Assassin’s Creed? — pergunta Chan, apontando para a TV.

— É — responde Jihyo.

— Legal.

Eu me deito no chão ao lado de Billie, que está de costas e com uma expressão absurda, os lábios repuxados, mostrando as gengivas. 

Jihyo e Chan começam a conversar sobre Doctor Who. Chan se encolhe na poltrona e começa a puxar a barra desfiada da calça jeans. As bochechas estão meio rosadas porque ele está falando sobre algo que o deixa muito empolgado. Os dois estão completamente absortos na filosofia das viagens no tempo.

Heejin vs The Homo Sapiens AgendaOnde histórias criam vida. Descubra agora