Mais tarde, no camarim a ficha cai.
Wayne Ambler. Um jogador da liga americana de beisebol na MLB.
Mas não tem como. Não é possível.
A toalha que estava usando para tirar a maquiagem cai no chão. Ao meu redor, garotas tiram chapéus, soltam os cabelos, passam sabonete no rosto e fecham as mochilas. Uma porta se abre de repente em algum lugar, e há uma explosão de gargalhadas.
Minha mente está fervilhando. O que sei sobre Amber? O que sei de verdade sobre Kat?
Amber é inteligente, obviamente. Seria inteligente o bastante para ser Kat? Não faço ideia se Amber é metade judia. Poderia ser. Talvez seja. Não é filha única, mas pode ter mentido sobre isso. Não sei. Não sei. Não faz sentido nenhum. Porque Amber não é lésbica.
Mas, pensando bem, alguém acha que ela é. Se bem que eu não devia acreditar em algum babaca anônimo que me xingou.
— Heejin, não! — diz Daniel, na porta.
— O quê?
— Você tirou! — Ele olha para o meu rosto por um minuto. — Acho que ainda dá para ver.
— Você está falando da beleza absurda? — pergunto, e ele ri.
— Escuta só. Acabei de receber uma mensagem de Jihyo, ela está esperando a gente no estacionamento. Vamos levar você para sair hoje.
— O quê? Para onde?
— Ainda não sei. Mas minha mãe está em Busan este fim de semana, ou seja: a casa e o carro são todos meus. Então, você vai passar a noite em território Kang.
— Vamos dormir na sua casa?
— Vamos — diz ele, e reparo que está sem maquiagem e novamente de calça skinny. — Vá levar sua irmã em casa. Ou fazer o que você tiver que fazer.
Olho no espelho e tento domar meu cabelo.
— Soyeon já voltou de ônibus — digo, lentamente. É estranho. A Heejin do espelho ainda está de lentes de contato. Ainda está quase irreconhecível. — Por que vamos fazer isso mesmo?
— Porque não temos ensaio. — explica ele, cutucando minha bochecha — e porque você teve um dia de merda.
Eu quase dou uma gargalhada. Ele nem faz ideia.
No caminho para o estacionamento, ele fala dos planos para mais tarde, mas deixo que suas palavras meio que passem direto por mim. Estou encucada demais com a história da Amber. É quase incompreensível.
Significaria que Amber escreveu aquela postagem no Tumblr sobre homossexualidade em agosto. E é com Amber que venho trocando e-mails diariamente nos últimos cinco meses. Quase dá para acreditar nessa parte, mas não consigo encontrar explicação para a chantagem. Se Amber é mesmo lésbica, por que colocar Daniel no meio disso?
Não faz sentido.
Mas, então, penso nas tardes na Waffle House e nos ensaios até tarde da noite, e de como eu estava começando a gostar dela antes de tudo desmoronar.
Chantagem com uma amizade de brinde. Talvez essa tenha sido a razão de tudo. Só que nunca senti que ela gostava de mim. Nem uma vez. Então, não pode ser isso. Amber não pode ser Kat. A não ser que seja. Mas não.
Porque não pode ser uma brincadeira. Kat não pode ser uma brincadeira. Isso não é nem uma possibilidade. Ninguém poderia ser tão cruel assim. Nem mesmo Amber.
Estou tendo dificuldade para respirar.
Não pode ser uma brincadeira porque não sei o que eu faria se fosse.
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Heejin vs The Homo Sapiens Agenda
FanfictionHeejin tem dezesseis anos e gosta de garotas, mas ninguém sabe. Sair ou não do armário é um drama que ela prefere deixar para depois. Acontece que no meio do caminho tem uma Amber que descobre uma troca de e-mails entre Heejin e uma garota misterios...