CAPÍTULO 28

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Mais tarde, no camarim a ficha cai.

Wayne Ambler. Um jogador da liga americana de beisebol na MLB. 

Mas não tem como. Não é possível.

A toalha que estava usando para tirar a maquiagem cai no chão. Ao meu redor, garotas tiram chapéus, soltam os cabelos, passam sabonete no rosto e fecham as mochilas. Uma porta se abre de repente em algum lugar, e há uma explosão de gargalhadas.

Minha mente está fervilhando. O que sei sobre Amber? O que sei de verdade sobre Kat? 

Amber é inteligente, obviamente. Seria inteligente o bastante para ser Kat? Não faço ideia se Amber é metade judia. Poderia ser. Talvez seja. Não é filha única, mas pode ter mentido sobre isso. Não sei. Não sei. Não faz sentido nenhum. Porque Amber não é lésbica.

Mas, pensando bem, alguém acha que ela é. Se bem que eu não devia acreditar em algum babaca anônimo que me xingou.

— Heejin, não! — diz Daniel, na porta.

— O quê?

— Você tirou! — Ele olha para o meu rosto por um minuto. — Acho que ainda dá para ver.

— Você está falando da beleza absurda? — pergunto, e ele ri.

— Escuta só. Acabei de receber uma mensagem de Jihyo, ela está esperando a gente no estacionamento. Vamos levar você para sair hoje.

— O quê? Para onde?

— Ainda não sei. Mas minha mãe está em Busan este fim de semana, ou seja: a casa e o carro são todos meus. Então, você vai passar a noite em território Kang.

— Vamos dormir na sua casa?

— Vamos — diz ele, e reparo que está sem maquiagem e novamente de calça skinny. — Vá levar sua irmã em casa. Ou fazer o que você tiver que fazer.

Olho no espelho e tento domar meu cabelo.

— Soyeon já voltou de ônibus — digo, lentamente. É estranho. A Heejin do espelho ainda está de lentes de contato. Ainda está quase irreconhecível. — Por que vamos fazer isso mesmo?

— Porque não temos ensaio. — explica ele, cutucando minha bochecha — e porque você teve um dia de merda.

Eu quase dou uma gargalhada. Ele nem faz ideia.

No caminho para o estacionamento, ele fala dos planos para mais tarde, mas deixo que suas palavras meio que passem direto por mim. Estou encucada demais com a história da Amber. É quase incompreensível.

Significaria que Amber escreveu aquela postagem no Tumblr sobre homossexualidade em agosto. E é com Amber que venho trocando e-mails diariamente nos últimos cinco meses. Quase dá para acreditar nessa parte, mas não consigo encontrar explicação para a chantagem. Se Amber é mesmo lésbica, por que colocar Daniel no meio disso?

Não faz sentido.

Mas, então, penso nas tardes na Waffle House e nos ensaios até tarde da noite, e de como eu estava começando a gostar dela antes de tudo desmoronar.

Chantagem com uma amizade de brinde. Talvez essa tenha sido a razão de tudo. Só que nunca senti que ela gostava de mim. Nem uma vez. Então, não pode ser isso. Amber não pode ser Kat. A não ser que seja. Mas não.

Porque não pode ser uma brincadeira. Kat não pode ser uma brincadeira. Isso não é nem uma possibilidade. Ninguém poderia ser tão cruel assim. Nem mesmo Amber.

Estou tendo dificuldade para respirar.

Não pode ser uma brincadeira porque não sei o que eu faria se fosse.

Heejin vs The Homo Sapiens AgendaOnde histórias criam vida. Descubra agora