CAPÍTULO 30

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PARA: jellowhkat151²@gmail.com
DE: moon6pence@gmail.com
ASSUNTO: Nós.

Kat,

Fiquei escrevendo e apagando este e-mail durante todo o fim de semana, e ainda não consegui acertar.

Mas vou fazer isso. Aqui vamos nós. Sei que não escrevo faz um tempo. Foram semanas esquisitas.

Primeiro, quero dizer o seguinte: sei quem você é. Ainda não sei seu nome e nem como você é, nem todas as outras coisas. Mas você precisa entender que eu realmente conheço você. Sei que é inteligente e cuidadosa e estranha e engraçada. E você repara nas coisas e me escuta, mas não de um jeito intrometido. De um jeito real. Você pensa demais em tudo e se lembra de detalhes e sempre, sempre diz a coisa certa.

Acho que gosto de saber que nos conhecemos mais por dentro do que por fora.

Então, me ocorreu que tenha passado muito tempo pensando em você e relendo seus e-mails e tentando fazer você rir. Mas tenho passado bem pouco tempo explicando as coisas para você e correndo riscos e mergulhando de cabeça.

Obviamente, não sei que diabo estou fazendo aqui, mas o que estou tentando dizer é que gosto de você. Mais do que gosto. Quando flerto com você, não é de brincadeira, e quando digo que quero conhecê-la, não é só porque estou curiosa. Não vou fingir que sei como isso termina e não faço ideia se é possível se apaixonar por e-mail. Mas eu gostaria mesmo de conhecer você, Kat. Quero tentar isso. E não consigo imaginar uma situação em que não queira beijar você loucamente assim que te vir.

Eu só queria deixar isso bem claro.

O que estou tentando dizer é que tem um parque de diversões radical no estacionamento do Perimeter Mall hoje, e parece que fica aberto até as nove.

Só para você saber, estarei lá às seis e meia. E espero te ver lá.

Com amor,

Heejin.

Clico em enviar e tento não pensar no assunto, mas fico inquieta e nervosa durante todo o caminho até a escola. E colocar BiSH no volume máximo não resolve nada, e deve ser por isso que as pessoas não ouvem BiSH no volume máximo. Meu estômago parece estar numa centrífuga.

Primeiro, coloco o figurino do avesso, depois passo dez minutos procurando as lentes, até lembrar que já estou com elas. Atingi o nível de espasmos nervosos de Amber; Jinsoul demora muito para passar o lápis em mim. E, durante toda a confusão e os discursos de incentivo e o som da abertura, só penso em Kat.

Não sei como consigo passar ilesa pela apresentação. Sinceramente, não me lembro de metade dela.

Depois, tem uma cena melosa no palco, com as pessoas se abraçando, agradecendo à plateia, à equipe e à orquestra. Todos os formandos ganham rosas, e Jiwoo ganha um buquê, e o buquê da Haseul é impressionante. Meu pai chama isso de Festival das Lágrimas da Matinê de Domingo, o que rapidamente inspirou o Inevitável Conflito do Golfe nas Tardes de Domingo. Quem pode culpá-lo?

Mas então penso na Haseul esculachando as turmas inteiras do primeiro e segundo anos. E de como parecia furiosa e determinada, jogando o manual do colégio na cadeira.

Eu queria ter levado para ela outro buquê ou um cartão ou uma tiara. Sei lá. Qualquer presente vindo especialmente de mim.

Depois, nos vestimos de novo. E temos que desmontar o cenário. Tudo demora séculos. Nunca uso relógio, mas fico o tempo todo olhando a hora no celular. 17h24. 17h31. 17h40. Cada parte de mim se contorce, gira e grita de expectativa.

Às seis, eu saio. Simplesmente passo pela porta. Está quente demais lá fora, e com isso quero dizer que está quente demais para fevereiro. Quero ficar menos empolgada, porque quem sabe o que Kat está pensando, e quem sabe em que estou me metendo? Mas não consigo evitar. Estou com uma sensação boa e insistente.

Heejin vs The Homo Sapiens AgendaOnde histórias criam vida. Descubra agora