CAPÍTULO 31

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Na segunda, depois da aula de literatura, meus olhos encontram Hyunjin imedatamente. Ela está sentada no sofá ao lado de Ryujin, usando uma camisa branca por baixo do suéter amarelo e está tão linda que quase dói olhar para ela.

— Oi, oi — digo.

Ela sorri como se estivesse me esperando e chega para o lado para abrir espaço.

— Bom trabalho nesse fim de semana, Jeon — diz Ryujin. — Foi bem engraçado.

— Eu não sabia que você estava lá.

— É que a Hyunjin me fez ir nas três vezes — diz ela.

— Ah, é? — pergunto, sorrindo para Hyunjin.

Ela sorri de volta, e eu fico tonta e sem fôlego e meio desnorteada. Não dormi nada à noite. Passei dez horas imaginando este momento, e, agora que chegou, não faço ideia do que dizer. Talvez, algo incrível e não relacionado à escola.

Talvez.

— Você terminou o capítulo?

— Terminei — diz ela.

— Eu, não.

Ela sorri e eu sorrio. Fico vermelha, e ela olha para baixo, e passamos por uma pantomima de gestos ansiosos.

O Sr. Wang entra e começa a ler 'O Despertar' em voz alta. Temos que acompanhar nos nossos exemplares. Mas fico me perdendo o tempo todo. Nunca fiquei tão distraída. Então, eu me inclino para acompanhar com Hyunjin, e ela se aproxima um pouco de mim. Estou perfeitamente ciente de cada ponto de contato entre nós. É como se nossas terminações nervosas tivessem encontrado um jeito de passar pelo tecido.

Hyunjin estica as pernas e empurra o joelho contra o meu. O que quer dizer que o resto da aula é dedicado a olhar para os joelhos de Hyunjin. Tem um ponto em que a calça dela está desfiando, e uma pontinha da pele fica levemente visível. E eu só queria encostar ali. 

Chega uma hora em que Hyunjin e Ryujin viram para olhar para mim, e percebo que suspirei em voz alta.

Depois da aula, Daniel passa o braço pelo meu ombro e diz:

— Eu não sabia que você e Hyunjin eram tão amigas.

— Shhh — faço, e minhas bochechas coram.

Nossa, o Daniel nunca deixa passar nada.

Não espero ver Hyunjin de novo até o almoço, mas ela se materializa em frente ao meu armário um pouco antes.

— Acho que devíamos ir a algum lugar — diz ela.

— Fora do campus?

Tecnicamente, só os formandos podem sair do campus, mas os seguranças não saberiam dizer se somos formandos. Pelo menos, eu acho.

— Você já fez isso antes? — pergunto.

— Não — diz ela.

E resvala as pontas dos dedos nas minhas de leve, só por um momento.

— Nem eu. Tudo bem.

Saímos e atravessamos o estacionamento com toda a confiança que temos. O ar está frio depois de uma hora ou duas de chuva de manhã.

O Honda Civic de Hyunjin é velho, confortável e bem cuidado. Ela liga o aquecimento assim que partimos. Um cabo auxiliar se liga a um iPod. Ela me pede para escolher a música. Não sei se Hyunjin sabe que me entregar o iPod é como me entregar a janela da alma dela.

É claro que a seleção musical dela é perfeita. Muita música soul clássica e hip-hop moderno. Uma verdadeira variedade. Há uma única música da Ariana Grande, puro misto de prazer e culpa. E, sem exceção, todos os discos e músicos que já mencionei nos e-mails.

Heejin vs The Homo Sapiens AgendaOnde histórias criam vida. Descubra agora