Capitulo 20

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- E foi isso que aconteceu.

- Que vida agitada. Ah, sinto muito pela nossa irmã. Sem dúvida a morte dela foi horrível para você.

- É, foi sim. Ainda machuca viver sem ela.

- Eu sempre quis conhecer vocês. —Sorriu fraco. — Certamente seria divertido nós três juntos.

- Aham. Mas, e você? Como foi morar com a Blanca?

- Ela é impossível, mas apesar disso sempre me criou bem. Claro que tem coisas que eu odiava e ainda odeio. Por exemplo, desde pequeno escutei ela falar coisas incríveis sobre você, eu até ficava com inveja. Ela nunca foi de me elogiar, apesar de mim fazer de tudo para dar orgulho para ela.

- Ela sempre foi apegada comigo.

- Você é a primeira filha dela, então certamente ela ama apenas você por isso. Antes dela ter a nossa irmã tudo era perfeito, então você foi a única que deu a vida feliz para ela e uma família ótima.

- Nada justifica ela ter abandonado minha irmã e eu. Mas, ok. Não vou cobrar mais isso.

Derrick balançou a cabeça positivamente e se ajeitou no banco do carro. Eles tinham ido até o automóvel para conversarem melhor.

- Quer mesmo vê-la? Está pronta?

- Nunca estarei pronta para isso, mas eu preciso ver ela.

- Sente falta dela?

- Antes sim, eu necessitei tanto dela ao meu lado. —Abaixou o olhar. — Sei que meu pai errou, mas ela também! A Blanca foi tão...tão? Eu nem sei como descrever.

- Sinto muito por tudo. E me desculpa por ter buscado a Lana. Eu nunca quis aproximar dela desse jeito, mas a Blanca ficou me obrigou.

- Tudo bem. Mas se você fazer isso novamente não vou assumir os meus atos.

- Não se preocupe. —Riu baixo. — Ei.

Anahí o encarou. Ela sorriu fraco ao sentir a mão do irmão em sua bochecha fazendo carinho.

- Mesmo com os erros da nossa mãe e do seu pai espero que possamos ser amigos.

- Veremos isso, Derrick.

O mesmo concordou e abaixou a mão. Ele começou a dirigir e prestou atenção na estrada. Ao decorrer do caminho eles conversaram apenas o básico e Any contou mais um pouco do que sabia relacionado ao passado.

- Nossa que casa longe. —Falou ao perceber que estavam chegando.

- Não seja impaciente. —Riu.

- Ela mora no fim do mundo, Derrick. Credo.

- Aqui é tranquilo.

Derrick estacionou o carro em frente a casa.

- O nome do meu pai é Otávio...—disse de repente.

- Idai?

- Isso não te lembra a nada?

- Ué. Sei lá. Não?

- Ele conheceu a sua irmã. A Blanca me contou sobre isso. Ele tinha mandado uma carta para Dulce, e eles se encontram depois. Foi ele que contou para sua irmã o que aconteceu.

- Oh... Otávio. —Abriu a boca surpresa. —Eu lembro dela contando que ela encontrou com ele...

- Pse. —Abriu a porta do carro. — Era só isso que eu quero dizer. Venha, a nossa mãe está lá dentro.

Eles saíram do carro e caminhou até a casa. Any respirou fundo antes de entrar.

- Mãe. —James a chama ao vê-la vendo a novela.

Blanca ficou surpresa ao ver a mulher ao lado do filho. Ela se levantou e observou a filha mais velha caminhar devagar até a mesma.

- Any...filha.

- Oi. —Sorriu fraco. — Quanto tempo.

- Licença. —O rapaz diz saindo da sala.

Blanca tentou segurar as mãos da filha mas a mesma não permitiu.

- Meu amor, que falta você fez.

- Fiz? —Riu irônica. — Você sempre soube aonde eu estava e nunca me procurou, Blanca.

- Eu não podia.

- A única coisa que você não podia era ter mandado o seu filho pegar a Lana! Isso você não podia. Mas você estava livre para ter ficado ao meu lado, livre para cuidar de mim e da minha irmã.

- Você não entendeu ainda? Eu sempre te quis, filha.

- Chega de palhaçada. Não sou uma criança inocente que você pode fazer acreditar nas suas mentiras.

- Por que veio?

- Apenas quero pedir para nunca mais aproximar da minha filha. Esqueça de mim. Esqueça de tudo.

- Não há motivos para você me odiar.

- Havia motivos para você odiar minha irmã? Dulce foi a única que sofreu nessa merda de vida! E a única coisa que sua filha queria era ser amada. E sim, ela é sua filha! Para de negar algo óbvio.

Blanca suspirou e se sentou novamente. Anahí estava em pé na sua frente.

- Aquela garota mesmo morta ainda é culpada de tudo.

- Não, ela não é culpada de nada. O que aconteceu no passado foi culpa do meu pai sim, eu tenho total sabedoria disso. Mas você errou após colocar culpa daquela noite na minha irmã. Você não ver que ela foi a única inocente? —Os olhos azuis brilharam por conta da lágrima que se formava. — Blanca, era simples resolveu aquilo.

- É passado...

- Isso! É passado! —Sorriu sentindo a primeira lágrima escorrer. — Então por que o ódio continua? Por que culpa a sua filha? A Dulce María esperava ansiosamente pelo dia que você voltaria e a abraçaria pelo menos uma vez...mas...—Soluçou. — Você nunca realizou isso, e nunca poderá realizar. Ela foi sem saber o quanto é adorável sentir os seus beijos, Blanca.

Blanca observou a filha chorando silênciosamente.

- Você está certa. —Falou após poucos segundos em silêncio. — Tudo poderia ter sido consertado antes.

- Espero que você seja feliz, Blanca. De verdade, seja feliz. E por favor, não tente aproximar da minha filha. Eu poderia te denunciar por ter mandado buscar a Lana na escolinha, mas por sorte eu tenho um ótimo coração. Então esqueceremos disso. —Disse limpando as lágrimas rebeldes que haviam caídos.

- Desculpa por ter feito isso.

- Tudo bem.

Ambas ficaram caladas. Any observou a sala mas logo escutou a mais velha dizer algo.

- Os filhos da Dulce...como estão?

- Benjamin e María Luiza estão ótimos. Eles são crianças preciosas.

- Hum...isso é bom.

- Amanhã é o aniversário deles. A Malú pediu para eu chamá-la de "Moranguinho" já que contei que dei esse apelido para a Dulce María.

- E você a chamará assim?

- Sim. Ela é a cópia da minha irmã então seria fofo chamar a Malú desse jeito. —Se abaixou já frente da mãe. — Fico triste por você estar perdendo esse momento de família, Blanca. Você iria ser uma boa avó, eu sei que você é uma boa pessoa apesar de ter cometidos coisas estúpidas.

- Espero que você possa me perdoar algum dia.

- Eu te desculpo, mas nunca vou poder te perdoar, nunca.

         Blanca passou a mão suavemente pelos cabelos da filha.

O Recomeço - 2° temporada/ConcluídaOnde histórias criam vida. Descubra agora