Capítulo 1-Janela quebrada

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Dina

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Dina

Ser órfã nunca foi fácil, até porque além da dor de saber que seus pais nunca mais estarão com você, nós carregamos o peso de sermos rejeitados por todos os casais que fazem visita aos orfanatos. É claro que existem crianças sortudas, e que são escolhidas para terem uma família, uma casa, um lar.

Bom, eu nunca foi uma delas. Meus pais morreram em um incêndio na Igreja que nós costumávamos frequentar, isso ocorreu quando eu tinha sete anos, então eu não me lembro de muita coisa. Desde então eu moro no Orfanato Santa Hosana, onde eu só tenho uma verdadeira amiga, a Irmã Sara. Ela foi a primeira pessoa que me acolheu, que não me julgou, e sempre esteve ao meu lado.

Mas infelizmente ela teve que viajar para resolver alguns problemas do orfanato, e foi bem aí que os rumores sobre a Segunda Guerra Mundial surgiram. Então agora só eu e a Irmã Judite estamos aqui, pois eu fui a única que não fui adotada, entre todas as meninas que estavam comigo, eu fui a única que nenhuma família escolheu amar.

Porém, há dois dias atrás eu vi algumas crianças entrarem na casa do meu vizinho, o Professor Kirke. E é claro que eu queria muito ir falar com eles, mas a Irmã Judite não deixa, acha que vou incomodar:

— Já estou indo Irmã Judite! — Disse colocando meus sapatos apressada, admito que dormi mais do que devia.

— Achei que não fosse chegar nunca! Ande, quero que coma rápido e varra toda a sala. — A irmã declamou gritando comigo enquanto lavava a louça, eu não tenho um minuto de paz!

— Claro Irmã. — E então peguei um pedaço de pão que havia sobrado e o comi rapidamente. — Depois que terminar posso sair?

— Eu já te disse que você não pode visitar a casa do Professor! Que dificuldade de entender!

— Por favor Irmã! Eu faço tudo o que a senhora me pede, eu só quero amigos! — Supliquei com os olhos brilhando.

— Eu já disse! Agora vá varrer a sala, depressa!

— Está bem... — Falei cabisbaixa enquanto caminhava até a área de serviço para pegar a vassoura.

— Espere!

— Sim? — Esperei que ela fosse me deixar sair.

— Esta conversa acaba por aqui.

Eu realmente foi muito tola de achar que ela iria deixar, afinal durante esses seis anos que estou aqui ela nunca havia me deixado fazer absolutamente nada, mas a Irmã Sara sempre dava um jeito de me ajudar, que falta que ela faz.

Depois de varrer toda a sala, subi até meu quarto. Nele haviam várias camas vazias, o que me deixava com uma sensação de vazio, como se estivesse sozinha, e isso não era nenhuma mentira. Sentei em minha cama e abri uma pequena gaveta que havia embaixo dela. Vi minha bíblia e uma foto de meus pais, esses eram os meus objetos mais valiosos.

Porém todo esse sentimento nostálgico que senti ao ver a foto foi interrompido por uma bola que tinha acabado de atravessar a janela do meu quarto.

— Oh meu Deus! O que foi isso? — Disse espantada, Irmã Judite iria me matar!

Desci rapidamente as escadas e fui para o jardim de fora do orfanato, nessas horas a Irmã Judite devia estar tirando seu cochilo da manhã, obrigada meu Deus! Fiz uma sombra com minhas mãos, o Sol estava fervendo.

— Me perdoe por isso, de verdade. — Disse um garoto loiro de olhos claros. — Peça desculpas agora Edmundo! — Surgiu um garoto moreno com muitas sardas.

— Mas a culpa não foi minha! É você quem não sabe jogar! — Disse o moreno, que aparentemente se chamava Edmundo.

— Ande logo Ed! — Apareceu uma garota morena acompanhada de outra menor.

— Está bem... Me desculpe! — Falou revirando os olhos.

— Oh, tudo bem... — Disse pensando em como explicaria isso para a Irmã. — Prazer, me chamo Dina!

— Eu me chamo Pedro, esses são Edmundo, Susana e Lúcia.

— O seu cabelo é muito grande! Parece o de uma princesa! — Lúcia disse sorrindo para mim, que menina fofa!

— Obrigada! O seu também é lindo, igual o de uma rainha! — Pude ver seus olhinhos brilhando de alegria.

— Você quer ajuda para limpar a bagunça? — Susana questionou. Porém ela foi interrompida por um grito da Irmã Judite, eu iria morrer hoje.

— É a Irmã Judite! Ela vai me matar! — Meu fim estava definitivamente próximo.

— Venha! — Pedro fez um sinal para segui-los.

Tudo o que eu fiz foi correr com eles, se a Irmã me visse eu nem sei o que iria acontecer. Nós corremos e entramos na casa, ou melhor, mansão do Professor Kirke.

— O que é que está havendo aí! — Berrou uma mulher.

— Estamos fritos! Se Dona Marta descobrir que trouxemos uma menina para cá nós vamos morrer! — Sussurrou Edmundo.

— Fique quieto Edmundo! Vamos! — Disse Pedro.

Nós corremos por longos corredores na esperança de achar alguma porta, mas nada aconteceu. Então subimos uma escada que dava para um quarto, mas a porta estava trancada. Corremos mais um pouco e achamos um corredor com várias portas, a primeira não abria de jeito nenhum, mas graças a Deus a segunda estava aberta. Nós entramos em um cômodo velho e vazio, com apenas um armário meio coberto por uma toalha, Edmundo correu até ele, abriu a maçaneta e gritou:

— Entrem!

— Só pode estar de brincadeira — Murmurou Susana.

— O que é isso? — Disse curiosa.

— Um armário mágico! — Atestou Lúcia empolgada.

— Eu queria tanto poder acreditar em você Lúcia, mas infelizmente magia não existe, não no nosso mundo. — Falei um pouco triste e vi Lúcia olhar para mim com uma feição de decepção.

— Vamos! — Sussurrou Pedro indo em direção ao armário.

Todos nós entramos. Pude sentir vários casacos de pelo em todo o meu corpo. Lúcia havia esbarrado em mim, e eu esbarrei em Susana, que sem querer machucou Edmundo. Nossa que armário grande! Eu apenas senti meu corpo cair, e para melhorar a minha situação, Pedro havia caído em cima de mim:

— Hm, me desculpe — Disse Pedro levantando-se, com as bochechas vermelhas de vergonha.

— Está bem... Meu Deus! — Atestei abismada com o que tinha acabado de ver. — Neve!

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Glossário:

- Supliquei: Sinônimo de pedi ou implorei.

- Bradando: Sinônimo de gritando.

- Atestou: Sinônimo de constatou ou certificou.

- Murmurou: Sinônimo de sussurrou.

Foi isso! Me contem aqui o que vocês acharam e o que esperam da fic!

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Guerra de Ilusões- Pedro PevensieOnde histórias criam vida. Descubra agora