Dina
Depois de um longo minuto tentando achar a chave certa, consegui abrir a porta.
— Ah, oi! Desculpa a demora, ainda não decorei a chave. Podem entrar!
Eles eram dois. Uma senhora de mais ou menos cinquenta anos, e um menino, que devia ter a minha idade e tinha o cabelo mais ruivo que já tinha visto na vida.
— Olá, querida! Você deve ser a Dina! — ela veio me abraçar. — Olha, prometo que nós não vamos te perturbar muito, estamos quase acabando. . .
Observei eles chegarem na sala e percebi que se os visse na rua, nunca adivinharia que eram parentes. Enquanto ela era totalmente amigável, ele parecia ser. . . antissocial?
— E por falar nisso, desculpa a demora. — ela falou enquanto observava as caixas jogadas para levar. — Nós tivemos que vir de metrô, mas haviam dois homens, ou melhor, meninos brigando. Essa fase. . .
Olhei para o garoto na esperança de que ele reagisse a fala da mãe, porém ele simplesmente me analisava.
— Ande, Saulo! Vá pegar as suas coisas!
Ele finalmente tirou os olhos de mim.
— Ah, é. . .
— Quer ajuda? — perguntei. O antigo quarto dele é o meu quarto atual, tinha medo de que ele acabasse confundindo as caixas e levando as minhas coisas, que não são muitas, mas são importantes.
— Pode ser. — ele disse já subindo as escadas.
Tive que correr um pouco para chegar no quarto na mesma velocidade que Saulo, e quando estava quase passando pela porta, lembrei:
As folhas, droga! Ele vai achar que eu sou intrometida!
— Você leu isso? — ele perguntou com as páginas na mão. Não entendi se era "Você leu isso? Sua sem noção!" ou "Você leu isso? Que bobagem. . . ".
— É que eu estava tentando arrumar as minhas coisas no armário e aí eu vi isso e aí eu meio que fiquei curiosa pra ver o que era então eu abri e li e-
— Tudo bem, não tem importância. — ele me interrompeu e por um segundo vi um sorriso em seu rosto. — É só uma história boba de criança.
Nárnia não é só uma "história boba de criança", pensei.
— Eu não acho. — falei quase que imediatamente. — Isso deve ser muito mais do que uma situação fictícia. E se for verdade, hein?
Ele riu.
— Não está me dizendo que acredita nisso, está? — Saulo esperou por uma resposta, mas eu não falei nada. — Você acha que isso é verdade, Dina? — ele se aproximou um pouco de mim e me mostrou os papéis.
— Eu já vivi o que muitos chamariam de louco, é claro que acho. — olhei firme em seus olhos.
Foi então que um vento começou a vir de algum lugar, tentei tirar meus cabelos do rosto, mas estava forte de mais. Eu não sabia se estava louca, mas podia jurar que vi o quarto inteiro se desmoronar, foi então que vi que o ar saia do compartimento secreto no armário. Dei alguns passos para trás com os braços tampando meus olhos, me segurando para não cair, e uma luz começou a sair de todos os cantos, até que. . .
Parou.
E eu não estava em casa, definitivamente não.
Pedro
— Ah, sua espertinha — avancei e peguei Lúcia no colo.
— Me solta! Me solta! — ela foi interrompida quando a joguei no mar.
Nós estávamos nos divertindo juntos. Fazia um tempo, ou melhor, um ano que não ríamos assim, era como se tudo estivesse mais leve. Esse era o efeito que Nárnia nos fazia sentir.
— Pedro. . . — Susana me chamou em um tom diferente do de um minuto atrás. — Quem são?
Olhei para onde seu dedo apontava e vi que do mesmo lugar que nós chegamos, haviam duas pessoas.
— Esperem! — falei. — Vou ver quem é, fiquem aqui!
Era hora de fazer o papel de irmão mais velho. Tentei espremer minhas roupas rapidamente e andei em direção ao lugar.
Não é possível.
Aquilo não podia ser real. Talvez eu estivesse louco, talvez eu quisesse muito que aquilo acontecesse e estava começando a ver coisas, talvez eram só pessoas extremamente parecidas.
Mas eu podia reconhecer ela do outro lado do planeta.
— D-dina? — eu gritei, de longe. Queria acreditar que sim. — Dina?
— Pedro? — era ela. Eu sabia que era. — PEDRO!
Nós corremos um pouco em direção ao outro e eu a abracei tão forte que ela parecia pequena, o que não era verdade.
— Não acredito! — falei com o queixo apoiado em sua cabeça. — Pensei que nunca mais fosse te ver!
— Nem eu! — ela me soltou e analisou. — Olhe só para você! Está maior! Não tão mais alto que eu, claro. — ela tirou o cabelo do ombro, fazendo uma careta. — Mas está bonitinho.
Eu ri.
— Quem é? — olhei por trás dela e vi que um menino cacheado se aproximava.
Ela parecia tão surpresa quanto eu.
— Boa pergunta, conheço ele há seis minutos.
— Por Deus! OQUEESSTÁACONTECENDOAQUI? — ele correu até Dina. — Onde estamos?
Ela olhou para mim procurando uma resposta.
— Ora, onde você acha? — olhei para ela e me virei para o garoto que era irritantemente mais alto do que eu. — Em Nárnia!
— Isso só pode ser uma piada. . . — ele colocou a mão na cabeça. — Quem é você?
— Rei Pedro, o magnífico.
Dina começou a gargalhar.
— Qual a graça?
— Você. . . falou. . . "magnífico". . . — ela colocou a mão na barriga.
— Sou Saulo, Saulo de Tarso.
— Pedro! O que está acontecendo aí? — Susana veio acompanhada de Lu e Ed.
— DINA! — Lúcia se jogou no colo dela, que estava vermelha das risadas.
— Meu Deus! Você está uma moça! Quanto tempo eu perdi?
— Quem é você? — Edmundo perguntou a Saulo de uma maneira nada amigável.
— Quem é você? — ele retrucou.
— Eu perguntei primeiro!
Saulo revirou os olhos.
— Saulo.
— Edmundo.
— Não me lembro de ruínas em Nárnia. — Dina falou enquanto observava o lugar.
Era verdade. Nunca houveram ruínas por aqui. Porém essa era a única opção, onde mais estaríamos? Aquilo não importava tanto naquele momento, estava tudo perfeito, e eu não mudaria nada.
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Guerra de Ilusões- Pedro Pevensie
FanficDina Abrams mora em um orfanato próximo à casa do professor desde que tinha sete anos. Com a vinda dos Pevensie eles acabam se conhecendo, e é claro, viajam para o reino mágico de Nárnia, e juntos vivem várias aventuras (e um romance também). Indica...