Capítulo 2-Acho

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Dina

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Dina

Depois de um longo minuto tentando achar a chave certa, consegui abrir a porta.

— Ah, oi! Desculpa a demora, ainda não decorei a chave. Podem entrar!

Eles eram dois. Uma senhora de mais ou menos cinquenta anos, e um menino, que devia ter a minha idade e tinha o cabelo mais ruivo que já tinha visto na vida.

— Olá, querida! Você deve ser a Dina! — ela veio me abraçar. — Olha, prometo que nós não vamos te perturbar muito, estamos quase acabando. . .

Observei eles chegarem na sala e percebi que se os visse na rua, nunca adivinharia que eram parentes. Enquanto ela era totalmente amigável, ele parecia ser. . . antissocial?

— E por falar nisso, desculpa a demora. — ela falou enquanto observava as caixas jogadas para levar. — Nós tivemos que vir de metrô, mas haviam dois homens, ou melhor, meninos brigando. Essa fase. . .

Olhei para o garoto na esperança de que ele reagisse a fala da mãe, porém ele simplesmente me analisava.

— Ande, Saulo! Vá pegar as suas coisas!

Ele finalmente tirou os olhos de mim.

— Ah, é. . .

— Quer ajuda? — perguntei. O antigo quarto dele é o meu quarto atual, tinha medo de que ele acabasse confundindo as caixas e levando as minhas coisas, que não são muitas, mas são importantes.

— Pode ser. — ele disse já subindo as escadas.

Tive que correr um pouco para chegar no quarto na mesma velocidade que Saulo, e quando estava quase passando pela porta, lembrei:

As folhas, droga! Ele vai achar que eu sou intrometida!

— Você leu isso? — ele perguntou com as páginas na mão. Não entendi se era "Você leu isso? Sua sem noção!" ou "Você leu isso? Que bobagem. . . ".

— É que eu estava tentando arrumar as minhas coisas no armário e aí eu vi isso e aí eu meio que fiquei curiosa pra ver o que era então eu abri e li e-

— Tudo bem, não tem importância. — ele me interrompeu e por um segundo vi um sorriso em seu rosto. — É só uma história boba de criança.

Nárnia não é só uma "história boba de criança", pensei.

— Eu não acho. — falei quase que imediatamente. — Isso deve ser muito mais do que uma situação fictícia. E se for verdade, hein?

Ele riu.

— Não está me dizendo que acredita nisso, está? — Saulo esperou por uma resposta, mas eu não falei nada. — Você acha que isso é verdade, Dina? — ele se aproximou um pouco de mim e me mostrou os papéis.

— Eu já vivi o que muitos chamariam de louco, é claro que acho. — olhei firme em seus olhos.

Foi então que um vento começou a vir de algum lugar, tentei tirar meus cabelos do rosto, mas estava forte de mais. Eu não sabia se estava louca, mas podia jurar que vi o quarto inteiro se desmoronar, foi então que vi que o ar saia do compartimento secreto no armário. Dei alguns passos para trás com os braços tampando meus olhos, me segurando para não cair, e uma luz começou a sair de todos os cantos, até que. . .

Parou.

E eu não estava em casa, definitivamente não.


Pedro

— Ah, sua espertinha — avancei e peguei Lúcia no colo.

— Me solta! Me solta! — ela foi interrompida quando a joguei no mar.

Nós estávamos nos divertindo juntos. Fazia um tempo, ou melhor, um ano que não ríamos assim, era como se tudo estivesse mais leve. Esse era o efeito que Nárnia nos fazia sentir.

— Pedro. . . — Susana me chamou em um tom diferente do de um minuto atrás. — Quem são?

Olhei para onde seu dedo apontava e vi que do mesmo lugar que nós chegamos, haviam duas pessoas.

— Esperem! — falei. — Vou ver quem é, fiquem aqui!

Era hora de fazer o papel de irmão mais velho. Tentei espremer minhas roupas rapidamente e andei em direção ao lugar.

Não é possível.

Aquilo não podia ser real. Talvez eu estivesse louco, talvez eu quisesse muito que aquilo acontecesse e estava começando a ver coisas, talvez eram só pessoas extremamente parecidas.

Mas eu podia reconhecer ela do outro lado do planeta.

— D-dina? — eu gritei, de longe. Queria acreditar que sim. — Dina?

— Pedro? — era ela. Eu sabia que era. — PEDRO!

Nós corremos um pouco em direção ao outro e eu a abracei tão forte que ela parecia pequena, o que não era verdade.

— Não acredito! — falei com o queixo apoiado em sua cabeça. — Pensei que nunca mais fosse te ver!

— Nem eu! — ela me soltou e analisou. — Olhe só para você! Está maior! Não tão mais alto que eu, claro. — ela tirou o cabelo do ombro, fazendo uma careta. — Mas está bonitinho.

Eu ri.

— Quem é? — olhei por trás dela e vi que um menino cacheado se aproximava.

Ela parecia tão surpresa quanto eu.

— Boa pergunta, conheço ele há seis minutos.

— Por Deus! OQUEESSTÁACONTECENDOAQUI? — ele correu até Dina. — Onde estamos?

Ela olhou para mim procurando uma resposta.

— Ora, onde você acha? — olhei para ela e me virei para o garoto que era irritantemente mais alto do que eu. — Em Nárnia!

— Isso só pode ser uma piada. . . — ele colocou a mão na cabeça. — Quem é você?

— Rei Pedro, o magnífico.

Dina começou a gargalhar.

— Qual a graça?

— Você. . . falou. . . "magnífico". . . — ela colocou a mão na barriga.

— Sou Saulo, Saulo de Tarso.

— Pedro! O que está acontecendo aí? — Susana veio acompanhada de Lu e Ed.

— DINA! — Lúcia se jogou no colo dela, que estava vermelha das risadas.

— Meu Deus! Você está uma moça! Quanto tempo eu perdi?

— Quem é você? — Edmundo perguntou a Saulo de uma maneira nada amigável.

— Quem é você? — ele retrucou.

— Eu perguntei primeiro!

Saulo revirou os olhos.

— Saulo.

— Edmundo.

— Não me lembro de ruínas em Nárnia. — Dina falou enquanto observava o lugar.

Era verdade. Nunca houveram ruínas por aqui. Porém essa era a única opção, onde mais estaríamos? Aquilo não importava tanto naquele momento, estava tudo perfeito, e eu não mudaria nada.

Guerra de Ilusões- Pedro PevensieOnde histórias criam vida. Descubra agora