Ajeitei meu cabelo, ignorando o segundo sinal. Não havia mais ninguém além de mim no pátio, mas isso não importava. Pelo menos para mim. Vi uma aluna loira passar correndo e sorri enquanto olhava as pernas dela. Detestava aquele maldito uniforme: saia comprida e blusa sem decote.
– Sala quinze...
Ouvi a voz doce e ergui o rosto, percebendo que uma morena olhava para os lados, visivelmente perdida. Ela apertava os livros com força contra o peito e mordia os lábios, ansiosa. A pele era clara, contrastando com os cabelos negros, tão escuros quanto os olhos dela. Fui em sua direção e ela abriu um sorriso, aliviada por ter encontrado alguém.
– Por favor, pode me ajudar?
Eu assenti e ela estendeu a mão, que apertei devagar, sem desviar o olhar dos olhos negros.
– Christopher Uckermann - disse com um meio sorriso.
– Maite Perroni, muito prazer. Eu fui transferida nesse semestre...
Assenti novamente. Mal sabia ela que eu já a conhecia. E mais importante que isso: que ela estava em meus planos."Lia um livro concentrado, quando ouvi o barulho da porta batendo com força. Ela gritava meu nome enquanto percorria a casa. Amaldiçoei minha irmã e voltei minha atenção ao livro que lia. A porta do escritório se abriu com estrondo e ouvi sua voz, num tom falsamente calmo que enganaria a todos, incluindo meu pai e a mãe dela.
– Christopher!
– O que você quer? – perguntei, já imaginando a resposta.
Em silêncio, ela me entregou alguns papéis. No topo, uma pequena foto de uma morena que parecia sorrir com os olhos, apesar da expressão séria.
– Uma ficha de transferência? E o que eu quero com isso?
– Arrumei mais um brinquedinho pra você – ela disse suavemente.
– Não me interessa – estendi os papéis na direção dela, esperando em vão que ela os pegasse de volta.
– Foi tão difícil conseguir isso, irmãozinho.
– Eu já disse, não me interessa. – coloquei os papéis sobre a mesa e olhei para meu livro novamente. Belinda agora se deitara sobre uma poltrona de couro e sorria, me encarando.
– Quando eu cheguei com a ficha da sua ex, há alguns meses atrás, você pareceu mais animado – ela forçou uma expressão preocupada ao ver minha cara – Oh, me desculpe. Ainda sente remorso pelo que causou?
Fechei o livro instantaneamente e a olhei irritado. Belinda mantinha um sorriso vitorioso nos lábios. Os olhos castanhos me olhavam com curiosidade, provavelmente esperando a minha reação.
– Você vai me atormentar com essa história até quando?
Ela riu, apoiando a cabeça sob uma mão. Seus cabelos loiros caiam sobre seu rosto afilado e expressivo.
– Eu só quero ter certeza que você não esqueceu, mas acho que nem precisa não é? – ela se levantou lentamente e se aproximou – Carregar a morte de alguém nas costas deve pesar.
Quando vi, Belinda estava sentada sobre a minha perna, mexendo no meu cabelo. Tive vontade de jogá-la longe, mas me controlei. Ela não era uma garota fácil de lidar. Era mesquinha e muito inteligente. Sabia meu ponto fraco.– Você me cansa – resmunguei enquanto ela me dava novamente os papéis.
– Irmãozinho, você fala como se você não adorasse brincar com essas garotas – Belinda disse se afastando de mim - E você vai amar essa daí.
Abaixei os olhos para o papel. Cabelos negros, olhos escuros, um rosto bonito, quase angelical.
– Maite Perroni?
– Sim – Belinda sorriu enquanto bebericava um copo de uísque – Ela chegou essa semana no colégio. Você provavelmente não a viu por que a menina praticamente se esconde do resto do planeta.
Eu não estava gostando do olhar dela. Seus olhos estavam ficando cada vez mais escuros e brilhavam enquanto ela se lembrava da aluna nova.
– Mas o melhor de tudo – ela continuou dando alguns passos em minha direção – É que ela é virgem.
Belinda riu da minha expressão surpresa.
– Como sabe disso?
– Bom, digamos que eu me envolvi com Sebastián Rulli que por um acaso é o ex namorado da senhorita "não sei o que é sexo".
– Quando você diz "me envolvi" você quer dizer que transou com ele? – perguntei a analisando com puro desgosto.
– Isso não vem ao caso queridinho – ela voltou a se sentar, cruzando as pernas fazendo sua micro saia subir.
Não podia negar que Belinda era bonita e muito sensual. Mas, por outro lado, já tinha sido tão usada que não me despertava nada além de pena.
– O que vem ao caso é que essa menina não me interessa Bel... Ela que seja feliz com sua virgindade.
Peguei meu livro disposto a sair da presença daquele mini demônio, mas no fundo eu sabia que ela não me daria direito de escolha.
– Não me chame de Bel – Belinda sibilou andando à passos fortes, batendo o salto com raiva no chão, até parar em minha frente – Não me diga que você não é capaz de seduzir essa mosquinha morta?
– Não é questão de não ser capaz. Simplesmente não quero.
Ela se aproximou mais, me analisando com atenção. Revirei os olhos, cansado. Havia meninas mais interessantes para eu pensar. Não queria perder o meu tempo com alguém que não me daria nada em troca.– Pensei que você fosse o grande Christopher Uckermann – ela mordeu os lábios me observando de cima a baixo – O que seduz as garotas apenas pelo mero prazer de se divertir.
A observei por um instante. Ela estava certa. Nunca recusara alguma menina e devia admitir que carne nova sempre me atraíra mais.
– Tudo bem então – disse após alguns minutos, fazendo com que Belinda abrisse um sorriso enorme.
– Então vamos deixar isso mais interessante... – ela murmurou enquanto se afastava novamente – Você terá que tirar a virgindade dessa menina.
Continuei a observando. Podia praticamente ver seus neurônios trabalhando por debaixo dos fios loiros.
– Ótimo – eu disse sem interesse algum – Isso é tornar mais interessante? Sabe que isso é fácil pra mim.
Foi minha vez de sorrir, mas Belinda continuava com um ar de vitória.
– Então vamos apostar. Se você conseguir eu dou a minha palavra que nunca mais tocarei no nome de Danna.
– Como se sua palavra valesse alguma coisa – resmunguei, mas ela fingiu não me escutar.
– Mas se não – Belinda parou, me olhando fixamente – Vou ter que contar para o seu querido papai que você matou sua ex-namorada.
– Você sabe muito bem que eu não matei ninguém – minha voz se elevou instantaneamente – Você é louca.
– Ah, Uckerzinho – ela cruzou os braços e fingiu estar magoada – No fundo você sabe que a culpa foi sua. E aposto que seu papai também vai achar isso.
Fiquei em silencio considerando as palavras de Belinda. Ela nunca me deixaria em paz, nunca me deixaria esquecer o que aconteceu com Danna, eu já sabia. Mas eu não deixaria que ela me atormentasse ou chantageasse com aquilo para sempre.
– Está bem, Bel. Aposta feita – eu disse sorrindo, percebendo a expressão dela passar para surpresa – Dá no mesmo. Eu sempre consigo enrolar essas menininhas e sempre termino com elas na cama."– Acho que é aqui – ela falou quando paramos em frente a uma porta escura.
Eu como um perfeito cavalheiro, me ofereci para ajudá-la a encontrar sua sala. Em agradecimento recebi um sorriso meigo, cheio de dentes brancos. Durante o caminho resolvi reparar melhor naquela garota. Apesar do uniforme largo que a cobria totalmente, ou pelo menos a parte interessante, não pude deixar de notar que ela, sim, era muito bonita.
– Sim, sala quinze – eu abri o meu melhor sorriso.
Não era difícil, eu sabia muito bem como atrair meninas como aquela.
– Muito obrigada, Christopher... – Maite parou em minha frente, apertando os cadernos contra o peito – Ainda bem que você estava por perto eu não ia achar essa sala nunca.
– Eu sei como os primeiros dias são difíceis - me apoiei na parede e a observei com atenção. Os cabelos negros caíam sobre os ombros chegando aos seios fartos cobertos pela blusa fina. Não pude deixar de sorrir, satisfeito com o meu novo brinquedo – Se quiser posso te mostrar o resto do colégio antes do 2° tempo.
Sua expressão de agradecimento quase me deu pena, mas ela ficaria bem. A verdade é que todas no final ficavam felizes por estar ao meu lado. Maite Perroni seria uma delas.
– Não precisa – sua voz era baixa e eu pude perceber sua timidez – Aposto que você tem coisas mais interessantes pra fazer do que acompanhar uma desconhecida.
– Na verdade acho que você é a coisa mais interessante que já apareceu nesse colégio.
Vi suas bochechas corarem rapidamente e ela olhar para o chão, envergonhada. Aquela reação me era estranha. Estava acostumado com meninas que faziam de tudo pra chamar a minha atenção e não alguém que ficava vermelha a qualquer mero elogio que eu fizesse. Ela era diferente, ia ser divertido.
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Cruel Intentions (Romancier)
Historia CortaHistória repostada da antiga comunidade do orkut "webnovelas uckerroni". A escritora é a Romancier, estou apenas repostando. Todos os direitos reservados.