Ayla Auburn
Na manhã seguinte a vergonha me tomou. Demorei a sair do quarto, movida unicamente pela fome. E também, se demorasse muito para aparecer, ia fazer tudo ser mais embaraçoso ainda.
Melhor enfrentar as coisas e fingir que não há nada de errado.
Na cozinha, Dean e Lizzy já faziam o café da manhã. Os dois conversavam alguma besteira, Lizzy com muito entusiasmo e Dean com um sorriso simples em resposta.
- Então não faz sentido você ter tanto dinheiro se não consegue ir pra casa - Lizzy disse enquanto comia uma panqueca pequena com as mãos.
- É, pelo visto alguém quer muito me manter aqui - Dean respondeu.
- Com certeza não sou eu - Eu comentei, chegando devagar, por causa da perna dolorida, e sentei ao lado da minha filha.
- Pode ficar tranquila - Dean respondeu. - Eu sei muito bem que você não me quer por perto.
Evitei olha-ló. Mas sabia. Aaah como eu sentia. O sorriso vitorioso de presunção pairando sobre mim.
Por sorte eu dominava a sutil arte de fingir que nada havia acontecido. Ele não conseguiria me afetar com nenhuma piadinha. Afinal de contas, eu quem ganhei isso tudo. Gozei ontem e não ligo a mínima pros comentários dele de hoje.
Vida que segue.
Ele serviu duas panquecas grandes para Lizze e colocou um prato na minha frente.
O interrompi antes que me servisse.
- Não, obrigada, não estou com fome.
- Mãe as panquecas estão ótimas. Até que é gostoso comer saudável - Minha filha disse de boca cheia, segurando um prato com outras três panquecas fofinhas e cobertas de mel.
- Eu estive explicando a ela - Dean comenta - que nosso corpo é um templo. Ele nos sustenta, nos possibilita trabalhar, andar, viver. Deveríamos retribuir com amor. Comer todas essas besteiras é ser ingrato com a vida, e dar um passo em direção à morte.
- Esta doutrina não funcionará nesta casa, Dean, desista. Eu só como depois das 12.
Dean franziu as sobrancelhas e olhou no relógio.
- São dez da manhã, Ayla. Você deveria estar faminta.
- Não costumo comer ao acordar.
- Pois irá criar o hábito. - Ele serviu uma panqueca para mim. - Bom apetite.
Urgh. Que mandão.
- Eu disse... - comecei, em um rosnando zangado.
A raiva me consumia de forma súbita e malcriada. Meu humor já não era dos melhores pela manhã. Com esse cara me forçando a comer, bom, a bomba foi acionada.
- Oh. Oh. - Lizzy sussurrou é pegou seu prato, levantando da cadeira. - Acho que vou ver o que está passando na TV.
Sobrou apenas eu, Dean e meu ódio naquela bancada fria.
- Depois de tanto esforço ontem a noite, é de se esperar que esteja com fome. - Dean apoiou as suas mãos grandes na mesa e curvou seu corpo para frente. Assim conseguia um contato visual melhor comigo.
Fechei os olhos com a lembrança. Foi automático a vergonha.
- Cala a boca, Dean.
- Não tem pena de magoar meus sentimentos, Ursinha? Fiz essa panqueca especialmente pra você. - Ele falou com uma voz melodiosa. Grave e rouca, porém substituiria qualquer orquestra, qualquer sinfonia, com uma dúzia de palavras pecaminosas.
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Um CEO de Natal
RomansaDean Rodwell odeia o natal. O CEO da Rodwell Inc nunca gostou de comemorar o caos natalino e faz de tudo para se isolar no alto da sua cobertura milionária durante o mês inteiro de dezembro. Feito um lobo solitário, mas pelo menos muito bem sucedido...