Capitulo 11

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Dean Rodwell

Ela tinha uma cicatriz pequena na testa, escondida pelo cabelo. Como eu pude não perceber antes? A pontinha quase tocava na sobrancelha e seu rastro sumia depois de atravessar a têmpora.

Ayla tinha muitos pequenos detalhes interessantes pra mim. Eu estava adorando estuda-los com calma. Era divertido e desafiante, por muitos anos não encontrei nada assim. Nem no trabalho, ou nos hobbys enfadonhos que praticava com a desculpa de não ser somente uma maquina que assina papéis. O Krav Maga, a musculação, a montaria. Nada era mais interessante que uma Auburn acordando sete horas da manhã.

Eu estava prestes a levantar minha mão e afastar seu cabelo. Queria muito passear o meu dedo naquela cicatriz e ouvir sua história. Mas um barulho tirou seu olhar do meu e eu praguejei em silêncio por perder a oportunidade.

Na janela, lizzy avistou um helicóptero. E então um escavador de neves limpando a rua, e uma frota de policiais cercando a sua casa.

Demoraram muito tempo para me encontrar, mas agora que me acharam eu só queria mais trinta minutos disso. Dela.

Que circo. Sinceramente. Ayla olhava pra mim, assustada, mas meus pés não tinham forças para tocar o chão. Minha boca não conseguia formar nenhuma palavra, pelo menos não algo compreensível. Eu estava mesmo paralisado?

Nathan gritou atrás da porta, com certo desespero na voz, uma marca registrada dele. Geralmente eu respondia mandando ele calar a boca, mas agora? Bom, agora não era hora de dar atenção aos surtos dele.

- Dean? - Ayla também gritou, irritada. Esse grito sim eu dava atenção.

Na verdade, esse grito me dava era medo.

- Faça alguma coisa antes que achem que a gente te sequestrou! - Ayla esbravejou.

Paralisado? Depois do seu pedido eu já estava era caminhando até a porta. Toquei a maçaneta e parei por 3 segundos para avaliar.

Não havia mais o que fazer. Tentei burlar o destino, escondendo aquele carro maldito, mas era minha hora de ir embora. Eu não podia me esconder do mundo pra sempre, não é mesmo? Não havia possibilidades de trocar meu nome ou minha importância para o estado. Sinceramente não me surpreenderia se o próprio prefeito tivesse junto à comitiva.

Não dava mesmo pra ficar brincando de gato e rato com Ayla Auburn para sempre. Uma hora eu teria que ir embora. Era agora, pelo visto.

Girei a maçaneta e abri a porta.

- Ah, Dean, graças a Deus! - Nathan se jogou em mim. Me abraçou, impedido por alguns muitos centímetros de barriga, e suspirou. - Achei que estivesse morto. Ou sequestrado. Jesus!

- Estou bem, Nathan - dei três tapinhas nas suas costas e o afastei.

Nathan era gordo, baixo e as vezes um cretino chato. Era ótimo com números e uma máquina de fazer dinheiro, mas também era meio escandaloso e muito emotivo. Chorava feito uma criança se não conseguisse atingir a meta do mês, e, pelo visto, quando achava que eu tinha morrido.

A rua havia se transformado em poucos minutos. A neve densa obstruindo a estrada havia sumido, limpa pelo escavador gigante. Haviam 4 viaturas posicionadas de frente para a casa de Ayla. De uma forma grosseira, eu levantei a mão e mandei que baixassem as armas. Estavam assustando as garotas.

O policial comunicou algo no rádio, deu um sinal para cima e o helicóptero da polícia fez uma manobra para esquerda, indo embora.

Eu sabia que meu nome podia causar toda essa comoção, mas ainda assim achava um absurdo.

Um CEO de NatalOnde histórias criam vida. Descubra agora