Capítulo 9

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Dedicado à FlaviaFlavinha636, que pediu pra eu voltar logo 🤍😘

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Dean Rodwell

As ruas estavam brancas e a neve não parava de cair.

Do alto da minha cobertura, essa era a vista mais linda do mundo. Era como se Deus enfeitasse a cidade. Eu adorava apreciar a neve cair, mudava ate mesmo minha mesa de lugar só para conseguir trabalhar olhando para o horizonte alvo.

Mas de perto, não é tão legal assim.

Eu estava remendo de frio, e a pobre Elizabeth, ao meu lado, também. A camada de neve no chão já cobria nossos tornozelos e ainda nenhum sinal do meu carro. Andávamos o mais rápido rápido conseguíamos, e a cada passo eu me arrependia de ter trago a pobre criança comigo.

Meu sobretudo era fino, mas eu suportaria o frio. Já o moletom surrado de Elizabeth... eu não confiava que aquela roupa tivesse menos de cinco anos de uso. Não era quente o suficiente. Mas claro, a filha de Ayla Auburn jamais admitiria que sofria com o frio. A garota trincou os dentes, abraçou o próprio corpo e não ficou pra trás nenhum segundo.

Estava atrás do meu carro, ou o que restou dele. Um Aston Martin nesse bairro? Já devem ter levado e desmontado inteiro. Puta que pariu, meu carro favorito. Com certeza roubaram. Minha única esperança em vir procurar era que a neve o tivesse coberto por inteiro e escondido seu valor. Não estava tendo muita sorte nos últimos dias, mas um homem ainda pode sonhar.

- Que cor é o seu carro? - Lizzy perguntou.

Ela era uma criança linda, lembrava muito a mãe. Os cabelos curtos quase eram totalmente escondidos pelo gorro grande na sua cabeça. E o rosto era pequeno. Na verdade, ela era muito pequena para ter 12 anos.

- Preto. É um Aston Martin... - Parei de especificar, ela não entenderia mesmo.

- Ainda não estou vendo nenhum carro.

Concordei silenciosamente. Não lembrava de ter andado tanto naquela noite. De ter aguentado esse caminho inteiro sem morrer congelado. O que naquela noite era um breu infinito, hoje eram casas pequenas e estranhas, cobertas de neve.

Era um bairro pobre, talvez muito marginalizado. Imaginei quem eram os vizinhos de Ayla, e se eram muito perigosos para as garotas. Claro que eram. Deveriam morar ao lado de ladrões e vândalos. Duvido que metade desse bairro não tenha passagem pela polícia.

Apenas um homem estava do lados de fora fumando um cigarro na varanda. Imediatamente, fechei a cara e caminhei mais próximo de Elizabeth, puxando-a para o outro lado da rua.

Ele olhou para mim com curiosidade. Não retribui o olhar, mas estava atento a cada movimento que ele tomasse.

Depois de mais alguns segundos de neve, Lizzy puxou assunto.

- Ela não te odeia.

A olhei subitamente. Sabia que estava falando sobre a mãe.

- Ela pode falar algumas palavras que magoam os sentimentos das pessoas - continuou, defendendo sua mãe. - Mas é porque ela aprendeu que é assim que se defende.

Quis dizer que eu não estava machucado, mas me assustei com a ideia de que tipo de criação Ayla recebeu. Talvez fosse indecoroso, mas tiraria algumas informações da sua filha, já que ela mesmo nunca falava.

- Por que ela se defende assim?

Lizzy deu de ombros. Com seu tamanho, tão pequenininha, chegava a ser engraçado.

Um CEO de NatalOnde histórias criam vida. Descubra agora