Capítulo 5

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Ayla Auburn 

As panquecas de Dean Rodwell eram perfeitas. Mas é claro que eu jamais admitiria isso à ele. 

Me segurei para não gemer quando a massa derreteu na minha boca e meu estomago soltou fogos de artificio pela qualidade do café da manhã de hoje.

Eu mesma não sei cozinhar desse jeito. É uma maldição que eu carrego, nada que eu tento cozinhar sai bom. Ou acaba virando carvão, ou azeda, ou... enfim, ou da muito errado.

- Creio que acabei com a farinha de vocês - Dean quebrou o silencio da cozinha. Estávamos os três apreciando o café da manhã diferente. - E o leite também.

- Já estavam no fim mesmo - eu disse, colocando o ultimo pedaço na boca. - Eu vou agora mesmo comprar as coisas que estão faltando.

Me levantei, deixando o prato na pia.

- Você vai sair com essa neve toda lá fora? - Dean perguntou surpreso.

- Não sou você que em medo dela, Dean.

- Mas é perigoso - ele me confrontou.

- A mercearia fica no fim da rua. É bem perto, vou em um pé e volto no outro.

Caminhei para a porta, onde comecei a me agasalhar. Realmente estava bastante frio lá fora, mas como eu disse, uma pequena caminhada não me mataria. Era literalmente cinco casas depois da minha.

Dean chegou rápido até ali e me encarou como se eu fosse louca. Abri a porta sem me importar com ele. Apenas conferi se estava mesmo com o dinheiro que ele me deu no bolso na minha calça.

- Como pretende trazer tudo sozinha nessa rua congelada? Pelo amor de Deus, a prefeitura não veio jogar sal na estrada?! Sei lá, deveriam mandar um limpa-neves.

Por um segundo, eu me perguntei de onde ele tinha surgido. Aquela mera hipótese era até risória.

- Isso não é o Central Park, cara. E eles tem entregadores justamente para isso. Não vou precisar trazer nada. - Afundei mais ainda o gorro grosso na minha cabeça. - Agora feche a porta antes que o ultimo resquício de calor que a gente ainda tem vá embora.

Desci as escadas da minha varanda com cuidado. Estavam completamente congeladas - mas o que a neve não congelou ali fora, né? Minha botas de neve faziam um bom trabalho, mas me equilibrar ainda era um pouco difícil. Peguei o jeito logo e segui reto até o final da minha rua.

O dia estava claro, em algum lugar la em cima existia um sol quentinho e acolhedor. Foi nele em quem pensei enquanto desbravava o meio mundo branco no meu caminho. Literalmente, carros e casas agora tinham um lençol alvo os cobrindo.

O frio era de fazer pinguim tremer. Sorrateiro, ele buscava qualquer brecha entre os meus pesados casacos e queimava a minha pele. Talvez ate perfurasse ela, porque eu conseguia sentir aquele gelo nos meus ossos.

Alguns passos mais a frente e eu já estava começando a me arrepender. Não conseguia ver o fim da rua, mas sabia que estava perto. Que ótima ideia de Nova York resolver nevar logo agora. 

Enquanto encarava minha penitencia - porque aquilo só podia ser castigo divino - pensei na gentileza de Dean hoje ao nos fazer panquecas. Ele não parecia o tipo de homem que sabe como cozinhar qualquer coisa.

Que tipo de homem ele é, afinal? Rico, mas não desde o berço, como me explicou. Bonito, mas isso é consequência de ser rico, então não vale. Ele é gentil, preciso admitir. E extremamente irritante não fazendo o que eu mando.

Sim, eu tenho um péssimo relacionamento com quem não me obedece. Não tenho paciência para enfiar na cabeça das pessoas que eu estou certa e que a minha ideia é a melhor. Já vivi bastante, eu tenho experiência suficiente para sustentar meu argumento.

Um CEO de NatalOnde histórias criam vida. Descubra agora