Capitulo 13

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Dean Rodwell

O chamado para mudança não é barulhento. Lembro-me, de na infância, tocar os joelhos no chão e chorar por uma reviravolta na minha vida. Bom, decerto aconteceu, visto que eu era um garoto órfão em uma casa de apoio para menores e agora desfruto de ser um milionário. Mas não veio no dia seguinte. Nem na semana seguinte. Nem mesmo dois meses depois. Não culpo Deus, acho que ele me ouviu sim, mas aqui em baixo eu dependia mais de mim.

Não deixei o hábito de pedir. Só comecei a intercalar com o hábito de correr atrás. E um dia, silenciosamente, aconteceu. Eu ja esperava com paciência, porque entendi que tudo o que eu quiser, eu posso conquistar.

E tem sido assim por mais de vinte anos. Tudo o que eu quis, eu conquistei. E se não existia, eu inventei. Eu ganhei o nome de máquina cruel e sem coração. Mas a única diferença era que as coisas que eu queria estavam fora desse departamento, até hoje.

Quando sai da casa de Ayla, e quase entrei no meu carro, eu pensei: espera . A quem quero enganar? Eu sou sim um babaca, e um dos melhores. Não tenho o costume de sair sequestrando mulheres por aí, mas eu queria essa. Então era essa que eu teria. Qualquer artifício ou artimanha pra mim era válida, desde que meu objetivo estivesse agora no elevador do meu prédio, de braços cruzados e com um milhão de palavrões entalados na garganta.

Olhei discretamente para Ayla, ao meu lado, que estava puta da vida. Ela exibia com fervor sua pior expressão de ódio. E ainda assim, conseguia ficar bonita.

- Do que está rindo, Rodwell?

Desmanchei o sorriso do meu rosto e tossi, tentando disfarçar.

- Isso é ridículo. - Ayla bateu o pé, quase como uma birra. Só que ela bateu o pé machucado por engano e soltou uma série de palavrões horrorosos.

A criança no elevador a olhou, julgando seu comportamento mais infantil que o dela.

- Você precisa se acalmar, mamãe - Lizzy comenta, um pouco preocupada. - Vai ser legal.

- É Ayla, vai ser legal - eu repito.

A Ursa do meu lado me presenteou com seu olhar mais ameaçador. Por sorte, o elevador parou e se abriu para o meu andar. A cobertura do prédio Northorius. Também uma propriedade inteiramente minha.

Lizzy, é claro, correu como um furacão, mas eu tive que apoiar a mão nas costas de Ayla e lhe dar um empurrãozinho gentil.

Respirei fundo e depois suspirei de prazer, pela primeira vez em dias, eu não respirava um ar gelado e tremia de frio. Aos poucos sentia o calor do apartamento me abraçar e dizer "seja bem vindo". Era maravilhoso. No fim não era tão triste ter apenas o meu aquecedor me esperando aqui, era até reconfortante. Ayla também sentiu a mudança de clima, pois tirou o cachecol pesado e deu um suspiro aliviado.

Não queria passar na cara dela que eu tinha razão sobre a temperatura da sua casa - ainda -, então levei as duas pelo Hall de entrada até minha sala de estar, pedindo para que apressassem o passo. Não sei o que elas olhavam tanto, se não havia nada além de alguns quadros genéricos nas paredes e só uma escultura de arte no canto. Essa era a área mais sem graça do apartamento.

Nathan vinha logo atrás da gente, carregando as bolsas das meninas. Ele com certeza não estava feliz, veio falando sobre estar gastando seu recesso comigo e ter deixado a esposa grávida em casa, então eu me lembraria de enviar algum presente de Natal grande e caro.

- Uau, olha o tamanho dessa TV! - Lizzy sorriu ao entrar na sala. Estava tão encantada que só se jogou no sofá e olhou ao redor, curiosa. - Onde fica o controle, Dean?

Um CEO de NatalOnde histórias criam vida. Descubra agora