Ayla Auburn
- Pelo o que posso ver, foi apenas uma torção simples. Não precisa se preocupar, mas continue evitando forçar o pé no chão até que a dor passe.
O médico baixou gentilmente o meu pé sobre o sofá e sorriu para mim. Era um velhinho baixo e simpático, um médico aposentado que só tirava o jaleco do armário quando Dean solicitava. Muito conveniente, aliás.
- É o que eu venho tentando dizer a ele, doutor.
- Se você fosse médica eu teria te ouvido - Dean rebateu imediatamente.
- Não, sou só a dona do pé. Eu saberia se tivesse sido algo grave.
- Eu duvido. Mas vamos seguir sem assustar a visita.
O sr. Adams sorriu para o pequeno embate entre nós dois e pegou sua maleta que estava no chão.
- Repouso, Ayla. Esse é o segredo - o médico indicou. - E enquanto isso, tenho certeza que o Dean aqui vai fazê-la se sentir em casa.
Ele bateu amigavelmente no ombro de Dean, ao seu lado. Esse, claro, não controlou a expressão de negação no rosto.
- Se o senhor soubesse como isso é difícil.
- Tenho fé em você, meu amigo - Adams riu. - Quando casei com a minha esposa ela me odiava. Levei somente duas semanas para amansar a fera. Estamos juntos a 48 anos.
Um sorriso lateral despontou nos lábios de Dean enquanto ele me encarava fixamente.
- Ah, por favor, me conte o segredo.
- Não vai funcionar - eu o alertei imediatamente. - E nós não somos casados.
Os dois riram como se eu tivesse feito uma piada.
- Vou te acompanhar. Assim você me conta mais sobre esse seu segredo. No meu caso seria um milagre. - Dean saiu ao lado do médico em direção ao elevador.
Ele tomou mesmo como um desafio? Não era para desafia-lo, era para o fazer desistir! Que conversinha é essa de amansar a fera? Como se eu fosse algum animal selvagem e ferido precisando de algum cuidado. Isso me deixa tão constrangida e ao mesmo tempo furiosa. Acho que por estar totalmente fora da minha zona de conforto: o total desconforto. Esse sofá é macio demais. A casa é quentinha demais. A Internet funciona. Tudo é tão limpo, cheiroso e brilhante. E o homem que mora aqui é tão alto, bonito, e tem uma habilidade surreal com os dedos. Como alguém pode viver nesse paraíso? Sinceramente, muitos podem dizer que se acostumariam fácil, mas eu tenho a sinceridade de admitir que essa realidade é insana e mais parece um cenário de filme.
Dean voltou para a sala, andando calmamente de pés descalços. Estava vestido confortavelmente mas ainda exibia elegância de um riquinho mimado.
- Por que essa cara fechada pra mim? - Perguntou com um sorriso irritante.
- Ainda não se acostumou com meu humor natalino?
Eu sei que estava sendo arisca outra vez, agora forçando o proposito pelo bem da meu coração - apesar de alguns pensaram que eu não tenho um.
- Achei que aquela felicidade duraria um pouco mais de tempo - disse, se referindo ao episodio extremamente sensual e louco de poucos minutos atrás.
Engoli o suspiro desesperado ao lembrar do meu corpo tremendo por completo em suas mãos Infelizmente meu silencio deu a ele tempo para se aproximar de mim, apoiar suas mãos ao meu redor, no encosto do sofá, e dar aquele tão temido sorriso que me derretia por dentro.
Isso é tão perigoso pra mim.
- Não vai me amedrontar, Ayla.
- Eu sei que te causo medo - dei de ombros. - As vezes.
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Um CEO de Natal
RomanceDean Rodwell odeia o natal. O CEO da Rodwell Inc nunca gostou de comemorar o caos natalino e faz de tudo para se isolar no alto da sua cobertura milionária durante o mês inteiro de dezembro. Feito um lobo solitário, mas pelo menos muito bem sucedido...