Ayla Auburn
Era ridícula a situação que eu me submetia no momento. Tão pequena e baixa sob o olhar inquisidor desse homem.
Esse homem vil, detestável e acomodado. Que eu não gostava nem um pouco. Mesmo que o peito estivesse diferente, e a raiva também, diferente, e o meu corpo reagindo totalmente o contrário do que deveria nessa situação. Ainda o desprezava.
Mas quando ele me rebatia, eu não conseguia ver um insulto ofendendo meu orgulho. Eu via uma provocação instigando meu intelecto à revidar. Eu queria uma briga, mas estava no meio de um... Um o quê? O que é diferente de briga mas tem a mesma energia? O mesmo fogo instigante?
- O que pensa sobre mim, Ursa, não é verdade.
- Eu não sou uma Ursa - rebati, tão rude quando eu podia. E no momento, não foi tanto assim.
- Eu também não sou mimado, intrometido, inválido e dependente, e ainda assim você insiste em me taxar dessa forma. Irônico, não é?
Eu sei que eu estou errada, mas debaixo do meu teto, quem iria me obrigar à admitir? Aqui reinava apenas a minha verdade.
- Não me importo com a sua vida, Dean.
Ele revirou os olhos e suspirou. Talvez já tivesse chegado na conclusão de que eu jamais torceria minha língua por alguém.
- Ayla, Ayla... - Meu nome escorreu como um veneno na sua língua. - Você sabe o quanto me irrita?
- Também não me importo com isso.
- Seu atrevimento é infantil. Me deixa louco pra tapar sua boca com uma mordaça.
Dean avançou um passo largo. Quando percebi, ele já estava perto demais para eu pensar em fugir.
Mas espera, fugir? Jura Ayla? Vai renegar seu sangue ruim?
- Eu te desafio a tentar.
Também avancei no território de guerra. Jamais ficaria por baixo de Dean Rodwell. Ele não tiraria vantagem sobre mim.
Seu olhar queimou de raiva em direção ao meu e ele quase rosnou, irritado.
- Se não fosse minha miserável paciência, Ursa, eu já teria acabado com sua língua atrevida.
- Você bem que parece o tipo de homem que silencia mulheres.
Dean quis rir de mim.
- Só deixo uma mulher sem palavras na minha cama.
Aí, Deus. Jura? Por que eu tinha que imaginar isso? Por que a primeira imagem que surgiu na minha mente foi a cama de Dean Rodwell? Pior, Dean Rodwell na cama dele, silenciando uma mulher.
- Feche a boca, Ayla. E deixe de imaginar coisas. - Seu dedo tocou meu queixo e empurrou delicadamente.
Inferno. Isso não deveria ter me afetado tanto.
Em um movimento rápido eu bati na sua mão que hesitava em se afastar do meu rosto.
- Imaginar o quê? Seu fracasso com uma mulher? Francamente Dean, você é tão metódico e reclamão que eu duvido que faria qualquer uma perder a fala.
Dean ergueu uma sobrancelha. Ele sabia que era mentira. Com aquele corpo, apenas olhar já deixaria alguém muda.
- Você quer pagar pra ver, Ursinha? - Dean cruzou os braços, fazendo músculos e arrogância quase baterem na minha cara.
Ainda não tinha ouvido tanta acidez na sua voz. Tanta provocação. Fugia do Dean mimado que eu conhecia.
Só que eu não o conhecia. Nem um pouco.

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Um CEO de Natal
RomanceDean Rodwell odeia o natal. O CEO da Rodwell Inc nunca gostou de comemorar o caos natalino e faz de tudo para se isolar no alto da sua cobertura milionária durante o mês inteiro de dezembro. Feito um lobo solitário, mas pelo menos muito bem sucedido...