Episódio 2 - Parte 2

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Para Sofia não foi difícil acordar. Tinha adormecido com a perna a tremer devido à adrenalina da noite anterior e, pelos vistos ainda continha alguma energia guardada da noite passada pronta a ser usada.

Naquela manhã, vestiu o uniforme escolar. Seguindo por conta própria as normas de vestimenta da escola. Por muita energia que quisesse gastar, não planeava massacrar novamente a diretora da escola. Sofia era uma adolescente demasiado criativa e desrespeitar a mesma regra duas vezes seria demasiado repetitivo.

Lavou os dentes com uma certa dificuldade. Ainda tenha a boca um bocado sensível devido a todas as substância perigosas que tinha permitido ao seu corpo ingerir na noite passada.
Olhou-se ao espelho e garantiu que não estava prestes a aparecer à escola com uma expressão digna de uma viciada em cocaína.
Parece-me bem, pensou. Ao analisar com orgulho o seu rosto formoso.

Pegou na sua mala, contou todos os seus pertences necessários para mais um dia escolar.
Ao mesmo tempo em que enumerava tudo que tinha consigo levou a sua mão à sua penteadeira e — sem olhar para aquilo que estava a fazer — pegou num perfume aleatório e espirrou gotas da sua cheirosa fragância ao pescoço.
Por fim, olhou para o perfume na palma da sua mão e sorriu-lhe. Lendo o título de um dos seus aromas favoritos Miss Dior, Dior. O perfume do amor.
Fechou os olhos e inalou com cuidado à medida que pousava o perfume de volta, afirmando para si mesma:

— Boa escolha miúda. Tens um ótimo sexto sentido.

Saiu do quarto, descendo as escada numa velocidade moderada. Se não tivesse tomado cuidado, teria tropeçado num amontado de roupa masculina no fundo das escadas.
Aquele pequeno acúmulo transmitiu-lhe uma pequena discussão que o seu pai e a sua — maldita — madrasta sempre tinham, pois o seu pai — o único homem da casa — deixava a roupa para ser lavada em várias partes da casa acidentalmente.

A adolescente adentrou a cozinha que ficava na porta em frente ás escadas.
Sentiu um cheiro a torradas no ar, o prato favorito da sua madrasta pela manhã. E muito provavelmente o único que ela conseguia cozinhar. Até aquele dia, Sofia ainda não tinha descoberto onde é que o seu pai tinha encontrado uma mulher tão incompetente quanto ela.

— Bom dia querida — cortejou-a o pai, que tinha os olhos semicerrados debaixo dos seus óculos que usava para ler as notícias do dia na tela do seu telemóvel.

— Bom dia pai — respondeu-lhe com um beijo rápido na bochecha. Foi em direção seu lugar da mesa onde já tinha um prato pronto com duas fatias de torrada preparadas para si. Agarrou numa fatia que estava parcialmente queimada e levou-a boca, dirigindo-se de imediato para a saída mais próxima. Sofia tinha a certeza de que Charlotte tinha-lhe colocado a pior fatia de propósito — Linda camisa.

— Obrigado querida — agradeceu-lhe o homem. A sua madrasta estava de costas para a cozinha, agarrada ao fogão para preparar ainda mais torradas, sujando por completo a bancada ao seu redor e, por momentos Sofia ficou feliz por esta vez não ser obrigada a limpar a merda dela. Com um sorriso falso, Charlotte olhou para a mesa, onde esperava encontrar a adolescente. No entanto deparou-se com um lugar vazio e uma única fatia do pequeno almoço em cima do prato. Virou o rosto em direção da porta, onde ouviu os passos de Sofia e não se apressou muito em dizer-lhe: — Sofia! Não vais comer o teu pequeno almoço?!

— Desculpa? Vais controlar o que eu como agora?

— Sofia... — o seu pai pediu-lhe calma quando a sua namorada o olhou com uma preocupação encenada. Queria sempre fingir-se magoada com as palavras de Sofia para que, dessa forma, pudesse ouvir o pai da mesma dar-lhe um sermão. Já que ela própria não o podia dar pois tentava sempre manter a posição de madrasta boazinha na frente do seu namorado, fazia de tudo para ele própria alerta-se a sua filha de problemas que muitas vezes nem estavam relacionados com ela.

A Colmeia - 1ª TemporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora