Eu não sou escritora. Não acho que sou ótima em formar frases ou contar histórias.
Quando 'Tons de Violeta' começou tinha outro título, outro enredo e outro final. Bem encolhida dentro do armário -um lugar bastante desconfortável para se existir -comecei um livro com uma tentativa subconsciente de mostrar quem eu era e como a existência em um mundo tão hostil me maltratava. A história mudou, principalmente, por refletir quem a escrevia e, assim, sua visão de mundo. Como existir em um ambiente que não quer que você exista?
Amélia morria no final da primeira versão livro após longos e conflitantes capítulos. Nossa protagonista, Fiona, se encontrava cheia de angústias e infelicidades. O final era trágico e a narrativa se afogava em uma diversidade de sofrimentos.
Eu tinha dezessete anos quando comecei esta história e hoje, após reescrevê-la e publicar sua última versão -um conto completamente diferente -estou a poucas semanas de me formar na faculdade na área de Comunicação e Artes, pesquisando a falta de representações otimistas em narrativas queer.
Como construímos não só uma vida mas também uma identidade positiva quando toda vez que vemos alguém como nós na mídia esse alguém é retratado sempre da mesma forma negativa, vilanesca, insalubre e dramática? Onde estão os nossos finais felizes?
Acredito que já temos histórias suficientes sobre violência e LGBTfobia, também acho que essas histórias não são para nós mas uma tentativa falha de arrancar algumas gotas de empatia daqueles que historicamente vêm nos violentando. É por isso que resolvi, após anos, reescrever este conto.
'Tons de Violeta' não é uma obra literária nem a melhor história deste site. Mas gosto de pensar que é uma história necessária. Eu gosto da paz da história de Fiona e Amélia, ela me reconforta.
É um conto curto, simples e sem grandes nuances. Em parte porque eu não tenho muito jeito de construir histórias com palavras; em outra porque a simplicidade, a leveza e a sensação de ela ser um sonho bom eram os principais objetivos.
O propósito de 'Tons de Violeta' não era ser uma grande obra literária, mas uma história otimista para nós.
Fiona e Amélia nunca deixam de sentir um imenso carinho uma pela outra, nunca deixam de se amar nem se afundam na própria tristeza. Elas esperam pacientemente o momento em que estarão prontas para serem elas mesmas juntas. Um dia após o outro.
A leveza de sua história me traz paz. Espero que essa sensação tenha alcançado vocês também.
Obrigada!
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Universo imagético de 'Tons de Violeta' no Pinterest: https://pin.it/3J7pWS9
Na imagem: retrato meu fotografado pela minha primeira namorada em 2018.
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Tons de Violeta
RomanceEu tinha quinze anos quando vi Amélia pela primeira vez. Vinte e dois quando a conheci realmente. Nem um mês a mais quando me apaixonei. Ela era única, brilhante, inabalável, muito diferente de mim... "Tons de Violeta" é um curto romance sáfico que...