Jung

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- Entregue! - para em frente a minha casa e suspiro cansada.

Nunca andei por quatro quilômetros com tanto silêncio.

- Obrigada! - tiro o cinto de segurança e antes que consiga abrir a porta, sinto a mão quente de Christopher em meu pulso

- Boa viagem!- sua voz é baixa mas sua expressão continua seria - Obrigado por... por me contar a verdade

- Era o mínimo que poderia fazer depois de tudo

- Você é uma grande mulher e tenho certeza que será grande em qualquer área da sua vida

Permito que meus ombros caem e automaticamente sinto meus olhos marejaram.

- Você será um ótimo marido e um pai espetacular

Ucker se inclina para frente e enxuga uma lágrima solitária que descia em minha bochecha.

- Independente de qualquer coisa - para e segura meu rosto em uma de suas mãos - Pode sempre contar comigo, Dulce Maria.

- Seja muito feliz, Ucker - deposito um delicado beijo na lateral de sua mão e saiu do carro.

Com a respiração pressa e olhos ardendo, consigo entrar em minha casa. Por quanto mais tempo viverei sentindo essa dor ?

- Minha filha! - corre até mim - Onde você estava ? Por que saiu tão cedo e sem nos avisar nada ?

- Eu precisava disso, mamãe - ponho minha bolsa na mesinha próxima a porta e levanto o olhar.

- Annie - murmuro mais para mim e corro para o pé da escada.

Sem esperar alguma reação da loira, já a surpreendo com um forte abraço. Como eu precisava disso...

Anahí me abraça com toda sua força e aos poucos vamos nos soltando.

- Me perdoa, por favor, me perdoa! Você sabe que nada que falei ontem é verdade, pelo menos, não dá maneira como fiz parecer ser - respiro entre as palavras e seguro ainda mais firme suas mãos - Anahí, você é uma mulher sensacional, uma ótima esposa, uma profissional exemplar, uma mãe maravilhosa e é a melhor amiga irmã que poderia pedir a Deus.

- Eu tenho muito orgulho de você... Dul, você é forte! Muito, muito forte! - sorre com os olhos azuis brilhando

- Eu te amo e amo a família que você está construindo - sorrio de lado - Sua família, é minha família!

- Sempre seremos o guarda chuva uma da outra - sorre torto e me puxa para mais um abraço caloroso.

Oh minha amiga... Anahí Portilla Herrera, minha irmã de alma.

- COMO ASSIM A NATÁLIA ESTÁ GRÁVIDA ? - levanta da minha cama no automático ( e na força da raiva)

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- COMO ASSIM A NATÁLIA ESTÁ GRÁVIDA ? - levanta da minha cama no automático ( e na força da raiva)

- Annie, se acalma, lembre-se que você também está - a olho seria - Tecnicamente eu procurei por isso

- Dulce, esse não é o momento para você colocar toda carga nas suas costas, não foi você que fez coisinhas com ela - põe as mãos na cintura e joga a cabeça para trás - Juro que vocês já devem ter me dado uns 3 fios de cabelo branco

- Pelo menos, agora eu e ele estamos mais leves... Depois de anos eu posso olhá-lo sem minha consciência ficar apitando

- Como se pode ficar mais leve sabendo que seu filho gera uma cascavel como mãe ?

Reviro os olhos e guio Anahí para a cadeira de minha mesinha.

- Annie, não é porque a Natália não seja uma boa pessoa para nós ou em nossa visão, que ela não é uma boa pessoa para Christopher ou para o filho que estão esperando

- Como você pode falar isso com tanta calma ? Garota, ela tá tirando a vida que deveria ser sua! - arregala os olhos azuis

- Anahí, eu abri mão dessa vida há 3 anos - desvio meu olhar - Eu passei a noite inteira pensando em tudo que aconteceu, em como nossas vidas tiveram drásticas mudanças e chegou o momento de recomeçar, de verdade.

- Eu amo gosto da Natália não só por ela está em seu lugar, mas - faz carinho em seu ventre - Mas porque ela nunca fará o Christopher tão feliz quanto você fez! Não adianta vestir uma roupa que não lhe serve, entende ?

- Existe costureiras e podemos fazer pequenas alterações na roupa - dou de ombro e me afasto da loira

- Então, você vai mesmo embora hoje ?

- Daqui há algumas horas - suspiro e sorrio triste - Agora é diferente, eu estou indo com a alma lavada

- Você vai se despedir da tia Alê né !? Dulce, assim como o Christopher merecia uma explicação sua, ela também merece. A mulher nunca duvidou do seu amor pelo filho dela, mesmo quando todos estavam mentando o pau em você

- Eu sei, eu sei - olho para minhas mãos - A tia Alê sempre foi muito especial para mim, mas não sei se tenho coragem para enfrentá-la

- Ah se você tá assim sobre a tia Alê, imagine eu, que terei que enfrentar a ira da dona Maite e do senhor Christian, por eles não estarem sabendo desses babados todos

- É melhor assim! Eles merecem uma lua de mel digna de cinema - pisco para a loira.

- Posso entrar ? - põe a cabeça dentro do quarto e assentimos.

Papai nos olha com um sorriso amigável, dá um beijo na cabeça de Anahí e puxa o meu puff para ficar entre nós duas

- Eu sei que muitas coisas aconteceram na vida de todos vocês. E que nem de longe, são mais as meninas que brincavam de terra no quintal - ri baixinho e já prevejo uma Anahí chorona - Antes de qualquer coisa, espero que vocês nunca se esqueçam, eu tenho muito orgulho dos seis e todos vocês são como meus filhos.

- Tio, assim meu rímel não aguenta - coloca o rostinho entre as mãos - Desde que meu pai faleceu, o senhor sabe que sempre foi a minha figura paterna mãos próxima

- Eu sei, Annie e me sinto muito honrado! Bom, vim aqui por um motivo mais especial. Por brincadeiras da vida, vocês acabam tomando caminhos diferentes... Minha mãe sempre me falou que existe uma palavra coreana, chamada Jung. - alterna o olhar entre nós duas- É a conexão entre duas pessoas que não pode ser cortada, mesmo que o amor se transforme em ódio, você ainda terá carinho por ela por conta dessa ligação. Vocês estão amarrados para sempre!

Eu e Annie nos entreolhamos, e juntas abraçamos Fernando.

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