Inglaterra, 22/08/1827.
Eu estava certa sobre o dia dezessete, acho que nunca vi um homem tão assustado quanto William quando leu a notícia. Se eu não estivesse tão nervosa, provavelmente teria rido dele.
A parte boa é que agora ele acredita em mim e está me ajudando. A ruim é que tem doze dias que estou presa nesse século, já tem quase duas semanas e mesmo com a ajuda de William, ainda não encontrei uma maneira de voltar para casa.
Já nem sei mais o que fazer, nós já lemos tudo o que podíamos. Claro, não foi nada fácil achar artigos sobre magia em 1827, isso deve ser até contra a lei mas William nunca disse nada sobre, então não sei. Ele está sendo tão prestativo em me ajudar.
Eu ainda não desisti de ficar tocando o espelho, afinal foi assim que vim parar aqui. O visconde até tentou descobrir de onde a peça veio, mas não há nenhum registro e Amelia diz que está na família há muito tempo.
— Ainda tentando? — William pergunta, estamos exatamente na mesma posição da semana passada. Eu olhando o espelho e ele em pé me olhando.
Dessa vez não sou eu quem vai para o lado dele, é William quem vem até mim. Ele cruza os braços enquanto também o observa intrigado. Deve ser muito intrigante mesmo descobrir que tem um objeto mágico em casa.
Suspiro, já me irritando outra vez com essa situação de merda. Me viro para ele, já não aguento mais olhar para esse espelho.
— Acho que vou desistir — digo.
Imediatamente William me olha, é tão repentino que me assusto um pouco e dou um passo para trás. Acontece que quando ele se virou nós ficamos frente a frente e eu não estava esperando ficar tão próxima assim dele.
— Tem certeza?
Assinto.
— Não sei o que aconteceu e também não tenho nem ideia de como voltar, talvez eu devesse só ficar aqui e deixar o acaso decidir.
Agora é William quem assente, ele até sorri tentando ser gentil.
— Talvez fosse o seu destino.
É, talvez fosse mesmo. Eu tendo a ser muito cética, mas depois de tudo o que estou passando acho que não posso ser mais. Que outra explicação além de destino eu poderia dar para isso? Que outra explicação poderia ter a senhora naquela loja ter falado que estava me esperando? Agora sei que ela não me confundiu com ninguém. Aquele sábado parece tão distante, tudo poderia ser tão diferente se eu nunca tivesse decidido que precisava de uma decoração nova.
Depois de um tempo, William me oferece o braço para que eu encaixe o meu no dele. Eu o faço e ele começa a nos guiar para o seu escritório, meio que virou nossa rotina.
Nós não bebemos sempre, na verdade William só me leva até lá para ficarmos sozinhos e eu poder contar sobre o futuro. Ele é um homem muito curioso, quer saber de todas as coisas. Eu fico feliz por ser ouvida, pelo menos passa a sensação de que não estou sozinha nessa maluquice.
Aposto que os criados fofocam sobre nossas escapadas, mas Amelia e as meninas não ligam. Elas parecem ignorar o fato de que eu frequentemente sumo com um homem, afinal nunca falam sobre isso.
— Você já pensou sobre o que eles acham que estamos fazendo aqui? — Pergunto enquanto William fecha a porta.
— O que?
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Através do Espelho (COMPLETA)
Teen FictionCatarina sofreu uma desilusão amorosa, perdeu a melhor amiga e trabalha em uma empresa que odeia. Enfim, sua vida era terrível. Até o dia em que ela viajou no tempo. Se no dia dez de agosto de 2019 Catarina não tivesse ido até aquela loja de antigu...