Nove

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Inglaterra, 31/08/1827.

É o último dia do mês de agosto, desde que cheguei aqui tenho evitado o máximo sair, jamais vou para as festas ou para os concertos. Não quero participar da temporada, mas está ficando difícil encontrar desculpas para não acompanhar Olivia, Kate e Amelia.

William tenta evitar os compromissos tanto quanto eu, mas as vezes Amelia consegue arrasta-lo para os bailes. Ele me disse que a temporada acabaria em novembro, não lembro exatamente o dia, mas não faz diferença, ainda falta muito tempo.

Fora isso, eu tenho acompanhado as mulheres da família St. Clair em alguns passeios. Meus favoritos são quando vamos ao parque, e eu até consigo suportar o chá na casa de algumas damas da sociedade, embora a maioria delas não tenha nenhum assunto interessante.

— Catarina, você está escutando? — Kate diz e bate palminhas para chamar minha atenção, funciona já que eu acabo olhando para ela.

— Desculpe, o que você disse? — Questiono.

— No que você estava pensando? — Ela sorri. — No Will?

— Ela pode estar se lembrando de algo — Olivia sugere.

Nego com a cabeça.

— Não, eu só estava pensando no tempo que estou aqui. Enfim, o que vocês estavam falando?

— Nós perguntamos se você queria passear conosco, vamos encomendar vestidos.

Ah. Isso é uma das coisas que eu não suporto, evito o máximo possível. É simplesmente uma tortura sair para fazer compras com Olivia e Kate, demora demais.

— Acompanho vocês na próxima vez — prometo. — Acho que vou precisar daquele chá, Olivia.

Não estou com dor de cabeça, mas ir comprar fitas e vestidos com essas duas com certeza me deixaria. Eu estou apenas adiantando os fatos e me livrando desse incômodo. A dor de cabeça, afinal estar com Kate e Olivia é, na maioria das vezes, muito divertido.

— Vá até a cozinha e peça para alguma criada fazer, tenho certeza que logo você irá melhorar.

Assinto e dou um sorrisinho de despedida para elas, em seguida vou para a cozinha. Já usei tanto a desculpa da dor de cabeça que até estou me acostumando com o gosto ruim do chá, não tenho a menor ideia do que colocam lá dentro, mas é extremamente amargo.

A cozinha dessa casa é diferente de qualquer outra que eu já tive acesso, começando pelo número de pessoas trabalhando. Parece um restaurante, mas sem os materiais modernos da minha época.

— Oi, Stephanie — cumprimento a criada que tem me ajudado desde que cheguei. É ridículo eu estar aqui há tanto tempo e só saber o nome dela. — E oi, pessoal.

Alguns me cumprimentam de volta, outros apenas balançam a cabeça ou dão um sorrisinho, estão ocupados demais para prestar atenção em mim. Mas Stephanie para o que está fazendo para me olhar.

— Precisa de alguma coisa, senhorita?

— Um pouco de chá. Para dor de cabeça.

Apesar de já ter me acostumado um pouco com o gosto, tomar esse chá ainda é castigo suficiente por eu mentir. Embora, ficar sozinha com William compense um pouco, isso se ele não estiver ocupado com coisas de visconde.

Stephanie diz que é para eu esperar pelo chá no quarto e que devo descansar um pouco. Faço o que ela diz, tenho a tarde inteira para ficar com ele.

Através do Espelho (COMPLETA)Onde histórias criam vida. Descubra agora