— Você está me dizendo que... — balancei a cabeça, ainda desorientada. — Eu não acho que... — minha voz sumiu em um sussurro desconexo. Era inacreditável. Com apenas uma frase, Zaden havia conseguido abalar todas as coisas que eu achava que sabia. Num cenário onde eu estava acostumada a calcular todos os meus movimentos me baseando na ideia de que tinha total controle sobre o que estava ao meu redor, ser pega desprevenida daquela maneira fez com o piso sob meus pés repentinamente se assemelhasse à areia movediça.
Em silêncio, ele apenas olhou para mim, sua expressão serena servindo somente para me desestabilizar ainda mais: de nós dois, eu sempre fui aquela que sabia lidar melhor com imprevistos justamente pela habilidade de me manter fria diante deles, ao passo em que Zaden logo esquentava a cabeça. Vê-lo tão tranquilo e seguro, como se já soubesse o desfecho de um livro que eu ainda não tinha lido, fez com que eu me sentisse completamente perdida.
Zaden suspirou, por fim indicando a porta mais à frente no corredor.
— Você não acha melhor conversarmos no seu quarto? Ou em qualquer outro lugar no qual você se sinta mais confortável?
Eu ergui o olhar para o dele, surpresa e agradecida, o ato de respirar se tornando instantaneamente mais fácil ao poder assumir a dianteira de alguma coisa.
Tomando consciência do meu alívio, Zaden me dá um sorriso encorajador tão sincero que faz meu coração doer. No calor da emoção, ele poderia ter simplesmente passado por cima do meu momento de fragilidade e manuseado a nossa discussão do jeito que mais lhe fosse conveniente, mas não – sabia que eu precisava de ao menos um fiozinho de controle ao qual pudesse me agarrar, e não hesitou em oferecê-lo a mim.
Naquele instante podiam existir mil e uma palavras não ditas entre nós, mas aquele gesto... aquele pequeno gesto de cuidado em que Zaden havia priorizado a minha necessidade no lugar da dele... eu o reconhecia como o que era.
Você vai mesmo voltar a confiar tão rápido?, uma vozinha espinhosa e desconfiada sussurrou no fundo da minha mente. Não seja estúpida, Alison. Seja feita de boba uma vez e a culpa será da pessoa que te enganou, seja feita de boba duas vezes e a culpa será sua.
Enquanto abro caminho em direção ao meu quarto, respiro fundo, tentando clarear os pensamentos. Ok, estava tudo sob controle. Eu estava no comando dos meus sentimentos. Nada de me deixar levar sem ter certeza de nada, disse a mim mesma, indicando a poltrona ao lado do meu cesto de revistas para que Zaden se sentasse. Me acomodando numa cadeira localizada na ponta oposta do cômodo, eu começo:
— Lá no corredor... você disse que contou ao Charles sobre... sobre nós — pigarreei. — Por que eu só estou sabendo disso agora?
— Porque eu não queria que você soubesse — ele respondeu, com firmeza, ajustando a tipoia no braço. — Na época eu estava meio inseguro em relação ao que você sentia por mim, já que gostava de me fazer suar frio em todas as vezes que eu insinuava querer algo além da sua amizade — falou, semicerrando os olhos para mim em uma clara demonstração de que ainda estava aborrecido por isso. Dei de ombros, nem um pouco culpada. Uma garota precisava se divertir. — Você estava fazendo jogo duro e eu estava ficando impaciente, então decidi que teria que tomar coragem para me declarar. No entanto, antes de tomar uma decisão eu precisava saber se Charles levaria numa boa caso nós começássemos a namorar, e por isso fui falar com ele. Era uma conversa só entre nós dois. Você não tinha nada que saber para depois ficar se achando.
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Suspiros de uma garota nem um pouco interessada em você
RomanceAlison Walters é a melhor bailarina do Instituto St. Davencrown e sabe disso. O grupo de dança que lidera na escola é tudo para ela, mas com o passar dos meses do seu último ano letivo, o medo de deixar tudo o que conhece para trás se torna uma bola...