CAPÍTULO 35

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— Não, Caitlin

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— Não, Caitlin. Você ainda não entendeu — eu disse, pegando a borracha e apagando delicadamente metade do exercício que ela havia feito. Estávamos em uma das nossas monitorias particulares nas salas de estudo do Instituto, e ela, que já não era muito chegada aos números, parecia ligeiramente mais distraída que o normal. — Na função exponencial a base vai ser sempre maior que zero e diferente de um. Você está vendo? Se este aqui for um, qualquer número elevado a ele também será um e assim a função se tornará constante, não exponencial.

A garota emitiu um grunhido de frustração, batendo a testa contra o caderno aberto em cima da mesa em um claro ato de dramaticidade.

— Alison, eu desisto — anunciou. — Achei que melhoraria minhas notas de cálculo fazendo monitoria, mas já aceitei que sou um completo fracasso em matemática. Eu literalmente nem saberia a parte básica se você não tivesse feito um super-ultra-mega-power resumo nas nossas aulas passadas para eu poder chegar até aqui sem estar completamente perdida.

Suspirei, puxando a cadeira para sentar ao lado dela. O tempo da nossa aula já estava no fim, e logo eu teria que correr para ensaiar com a minha equipe no estúdio de dança do colégio, o que significava que eu tinha que identificar o que estava impedindo-a de prosseguir com o cálculo o mais rápido possível.

— Eu admito que no início você estava bem pior do que eu pensei que estaria — comecei, fazendo com que Caitlin virasse o rosto na minha direção para poder me olhar feio. — Mas como você mesma disse, agora você não está mais tão perdida, o que significa que já está perto de pegar o ritmo. Vamos lá, você não pode desistir agora, Rabo de Cavalo. Matemática é como a dança: você só fica boa praticando.

— Mas eu tenho praticado!

Ergui uma sobrancelha, duvidosa.

— Bem... talvez não tanto quanto deveria, mas ainda sim tenho! — Caitlin se justificou, baixando o olhar e soltando um suspiro de cansaço. — É que em casa as coisas andam meio estressantes com a minha mãe. Acabo levando a lição para o shopping, mas lá tem tantas coisas melhores para fazer que termino me distraindo e deixando tudo inacabado.

— Qual é o problema com a sua mãe? Não precisa responder se for algo pessoal — adicionei, deixando claro que não pretendia ser invasiva.

— Não, está tudo bem. É só que... — ela parou de falar enquanto tirava um pacote de chiclete do bolso do blazer e enfiava um na boca, me oferecendo outro logo em seguida. Minha garganta estava meio seca, então aceitei. — Eu já comentei com você que quero fazer moda na faculdade, certo?

Assenti.

— Pois é. O que acontece é que a minha mãe implica comigo por querer trabalhar na indústria da moda quando eu obviamente estou fora dos padrões das supermodelos que ela ficou acostumada a ver nas revistas de várias décadas atrás. Eu sempre digo que o mundo é outro e que agora existem modelos plus-size e tudo o mais, só que ela sempre diz que eu devo parar de sonhar e começar a fechar a boca — Caitlin fez um meneio com a cabeça, seu característico rabo de cavalo ruivo-dourado balançando com o movimento. — Eu não dou ouvidos, é claro. Mas ela sempre consegue me tirar do sério quando fala essas coisas. É como se... como se existisse um limite para o que posso usar ou para o que posso fazer só porque sou gorda. 

Suspiros de uma garota nem um pouco interessada em vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora